O meu sonho? Ter uma casa. Pensar sobre habitação, cidade e cidadania das mulheres no Portugal revolucionário (1974-1976)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.5/30401 |
Resumo: | O Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL, 1974-1976) foi uma iniciativa única na cultura arquitetónica portuguesa, sobretudo pela dimensão sociopolítica da disputa da casa e da cidade a partir das e dos moradores pobres urbanos. As mulheres foram protagonistas. Exploro as motivações e as contribuições de moradoras e técnicas no desenvolvimento do SAAL/Norte. A partir do programa televisivo Nome Mulher (1975-1976), pergunto sobre qual a relação da luta pelo direito à habitação com a construção da cidadania das mulheres no contexto da participação no processo SAAL. Metodologicamente, o levantamento dos assuntos abordados no programa são alinhados com o episódio Direito à Habitação (1976), no qual uma arquiteta e moradoras do SAAL/Norte falam na primeira pessoa. A análise interseccional do grupo “mulheres do processo SAAL” acompanha a discussão das estruturas sexuais e raciais a partir das quais Carol Pateman (Pateman 2010) sublinha os principais obstáculos à construção da cidadania plena das mulheres: além da feminização da pobreza, também a sub-representação e a atribuição social e histórica dos trabalhos de cuidado às mulheres. Estes têm ainda o potencial de ser entendidos como “gestos políticos radicalmente subversivos” (Hooks 1990). O direito à habitação está intimamente ligado ao direito a ser parte ativa na sociedade (Muxi 2009) e ao direito à cidade, conceito que tem sido ampliado por teóricas feministas (Pérez 2013). A par da representação das mulheres, defendo que o acesso a uma habitação – digna, adequada e lugar de individualidade e descanso - é um pilar na efetivação da cidadania plena das mulheres. |
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O meu sonho? Ter uma casa. Pensar sobre habitação, cidade e cidadania das mulheres no Portugal revolucionário (1974-1976)¿Mi sueño? Tener una casa. Pensar sobre vivienda, ciudad y ciudadanía de las mujeres en el Portugal revolucionario (1974-1976)My dream? To have a house. Thinking about housing, city and citizenship of women in revolutionary Portugal (1974-1976)Processo SAAL; Política Pública de Habitação; Participação; Cidadania das mulheres; Portugal.O Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL, 1974-1976) foi uma iniciativa única na cultura arquitetónica portuguesa, sobretudo pela dimensão sociopolítica da disputa da casa e da cidade a partir das e dos moradores pobres urbanos. As mulheres foram protagonistas. Exploro as motivações e as contribuições de moradoras e técnicas no desenvolvimento do SAAL/Norte. A partir do programa televisivo Nome Mulher (1975-1976), pergunto sobre qual a relação da luta pelo direito à habitação com a construção da cidadania das mulheres no contexto da participação no processo SAAL. Metodologicamente, o levantamento dos assuntos abordados no programa são alinhados com o episódio Direito à Habitação (1976), no qual uma arquiteta e moradoras do SAAL/Norte falam na primeira pessoa. A análise interseccional do grupo “mulheres do processo SAAL” acompanha a discussão das estruturas sexuais e raciais a partir das quais Carol Pateman (Pateman 2010) sublinha os principais obstáculos à construção da cidadania plena das mulheres: além da feminização da pobreza, também a sub-representação e a atribuição social e histórica dos trabalhos de cuidado às mulheres. Estes têm ainda o potencial de ser entendidos como “gestos políticos radicalmente subversivos” (Hooks 1990). O direito à habitação está intimamente ligado ao direito a ser parte ativa na sociedade (Muxi 2009) e ao direito à cidade, conceito que tem sido ampliado por teóricas feministas (Pérez 2013). A par da representação das mulheres, defendo que o acesso a uma habitação – digna, adequada e lugar de individualidade e descanso - é um pilar na efetivação da cidadania plena das mulheres.El Servicio de Apoyo Ambulatorio Local (SAAL, 1974-76)) fue una iniciativa única en la cultura arquitectónica portuguesa, sobre todo por la dimensión sociopolítica de la disputa por la casa y la ciudad de las vecinas pobres urbanas. Las mujeres fueron protagonistas. Exploro las motivaciones y contribuciones de vecinas y técnicas en el desarrollo del SAAL/Norte. Desde el programa televisivo Nome Mulher (“Nombre Mujer”, 1975-1976), pregunto por la relación entre la lucha por el derecho a la vivienda y la construcción de la ciudadanía de las mujeres en el marco de la participación en el SAAL. Metodológicamente, el listado de los temas del programa se coloca en línea con el episodio Direito à Habitação (“Derecho a la Vivienda”, 1976), donde una arquitecta y vecinas de SAAL/Norte hablan en primera persona. El análisis interseccional del grupo “mujeres del proceso SAAL” sigue la discusión de las estructuras sexuales y raciales; Carol Pateman (Pateman 2010) subraya los principales obstáculos para la construcción de la “ciudadanía plena” de las mujeres: la feminización de la pobreza, la infrarrepresentación y la atribución social e histórica del trabajo de cuidados a las mujeres. Estos tienen el potencial de ser entendidos como “gestos políticos radicalmente subversivos” (Hooks 1990). El derecho a la vivienda está conectado al derecho a ser parte activa de la sociedad (Muxi 2009) y al derecho a la ciudad, concepto que ha sido ampliado por los feminismos (Pérez 2013). Planteo que el acceso a la vivienda - digna, adecuada y lugar de individualidad y descanso - es un pilar en la realización de la ciudadanía plena de las mujeres.The Local Ambulatory Support Service (SAAL, 1974-76) was a unique initiative in Portuguese architectural culture, mainly due to the sociopolitical dimension of the dispute over the house and the city from the poor urban dwellers. Women were protagonists. I explore the motivations and contributions of women residents and technicians in the development of SAAL/North. Based on the television program Nome Mulher (“Name Woman”, 1975-1976), I ask about the relationship between the vindication for the right to housing and the construction of women’s citizenship in the context of participation in the SAAL. Methodologically, the list of the subjects addressed in the program are aligned with the episode Direito à Habitação “Right to Housing” (1976), in which a woman architect and women residents of SAAL/North speaks by their own voice. The intersectional analysis of the group “women of the SAAL process” follows the discussion of sexual and racial structures from which Carol Pateman (Pateman 2010) underlines the main obstacles to the construction of women’s ‘full citizenship’: in addition to the feminization of poverty, also the under-representation and the social and historical attribution of care work to women. These still have the potential to be understood as “radically subversive political gestures” (Hooks 1990). The right to housing is closely linked to the right to be an active part of society (Muxi 2009) and the right to the city, a concept that has been expanded by feminisms (Pérez 2013). I defend that access to housing – dignified, adequate and a place of individuality and rest – it is a pillar in women’s full citizenship realization.Repositório da Universidade de LisboaGil Antunes, Lia2024-03-14T16:52:14Z2023-10-172023-10-17T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.5/30401porAntunes, L. (2023). O meu sonho? ter uma casa: pensar sobre habitação, cidade e cidadania das mulheres no Portugal revolucionário (1974-1976). Astrágalo: Cultura de la Arquitectura y la Ciudad, 33-34, 129-150. https://doi.org/10.12795/astragalo.2023.i33-34.08.10.12795/astragalo.2023.i33-34.08info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-17T01:34:16Zoai:www.repository.utl.pt:10400.5/30401Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T04:01:48.348470Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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