Testes de função hepática na gravidez: da prática clínica à evidência científica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Tiago Ventura Gil
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/1232
Resumo: Para o seguimento das grávidas de baixo risco, a norma n.º 037/2011 da Direcção-Geral de Saúde sobre “exames laboratoriais na gravidez de baixo risco” não engloba os testes de função hepática (TFH) no leque de exames requeridos para o seu seguimento. No entanto observou-se que, no contexto da prática clínica, alguns médicos assistentes de grávidas de baixo risco solicitam estas análises. Neste sentido, pretende-se com esta monografia, 1) comparar a actual melhor evidência científica relativamente à necessidade de pesquisa de TFH durante a gravidez de baixo risco e 2) propôr, se justificável, recomendações baseadas na evidência para os Médicos de Medicina Geral e Familiar e de Ginecologia-Obstetrícia no que diz respeito à necessidade de pesquisa dos TFH durante a gravidez. Para isso, foi efectuada uma pesquisa electrónica nas bases de dados de medicina baseada na evidência com os termos MeSH Liver Disease, Pregnancy, Liver Function Test e Prenatal Care. Realizou-se ainda uma pesquisa nas principais bases electrónicas com reconhecido valor científico que desenvolvem normas de orientação clínica (NOC) no âmbito do seguimento da grávida. Foram atribuídos, sempre que possível, níveis de evidência aos Resultados obtidos. Desta pesquisa seleccionaram-se 21 artigos (7 revisões sistemáticas, 6 artigos originais e 8 NOC) pela adequação ao tema. Da análise destes artigos constatou-se que há um défice de evidência acerca da pertinência de se pedirem TFH no seguimento da grávida e/ou em que circunstâncias se devem pedir. Observou-se ainda que as alterações que se possam observar nos valores dos TFH durante a gravidez não traduzem necessariamente uma doença hepática subjacente (nível 2) e que o pedido de TFH no decurso da gravidez de baixo risco deverá ser considerado consoante o quadro clínico associado (nível 2). Constatou-se que, pelas características das doenças hepáticas da gravidez e dos TFH, há limitações para o uso dos TFH como meio de rastrear, em todas as grávidas, patologia hepática (nível 2). Observou-se ainda que nenhuma das NOC seleccionadas inclui a avaliação dos TFH nas grávidas com gestação de baixo risco, embora nestas os TFH não estejam indicados como “intervenções não recomendadas no seguimento pré-natal”. Concluiu-se assim que, pelas limitações identificadas, o pedido de TFH no decurso da gravidez de baixo risco deverá ser considerado apenas consoante o quadro clínico associado (grau C; nível IIA). No entanto, por ser uma área com pouca evidência científica acumulada, é imperativa a realização de mais estudos que avaliem a utilidade/precisão com que os TFH conseguem prever a patologia hepática durante a gravidez.
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Para isso, foi efectuada uma pesquisa electrónica nas bases de dados de medicina baseada na evidência com os termos MeSH Liver Disease, Pregnancy, Liver Function Test e Prenatal Care. Realizou-se ainda uma pesquisa nas principais bases electrónicas com reconhecido valor científico que desenvolvem normas de orientação clínica (NOC) no âmbito do seguimento da grávida. Foram atribuídos, sempre que possível, níveis de evidência aos Resultados obtidos. Desta pesquisa seleccionaram-se 21 artigos (7 revisões sistemáticas, 6 artigos originais e 8 NOC) pela adequação ao tema. Da análise destes artigos constatou-se que há um défice de evidência acerca da pertinência de se pedirem TFH no seguimento da grávida e/ou em que circunstâncias se devem pedir. Observou-se ainda que as alterações que se possam observar nos valores dos TFH durante a gravidez não traduzem necessariamente uma doença hepática subjacente (nível 2) e que o pedido de TFH no decurso da gravidez de baixo risco deverá ser considerado consoante o quadro clínico associado (nível 2). Constatou-se que, pelas características das doenças hepáticas da gravidez e dos TFH, há limitações para o uso dos TFH como meio de rastrear, em todas as grávidas, patologia hepática (nível 2). Observou-se ainda que nenhuma das NOC seleccionadas inclui a avaliação dos TFH nas grávidas com gestação de baixo risco, embora nestas os TFH não estejam indicados como “intervenções não recomendadas no seguimento pré-natal”. Concluiu-se assim que, pelas limitações identificadas, o pedido de TFH no decurso da gravidez de baixo risco deverá ser considerado apenas consoante o quadro clínico associado (grau C; nível IIA). No entanto, por ser uma área com pouca evidência científica acumulada, é imperativa a realização de mais estudos que avaliem a utilidade/precisão com que os TFH conseguem prever a patologia hepática durante a gravidez.Regarding the follow-up of low risk pregnancies, guideline 037/2001 of Direcção-Geral de Saúde intituled “laboratory tests in low risk pregnancy” does not include liver function tests (LFTs). However, it was observed that the clinical practice of some doctors, when it comes to low-risk prenatal care, include these tests. This thesis is intended to 1) compare the current best scientific evidence published regarding the relevance of LFTs in the context of low-risk prenatal care and to 2) suggest, if necessary, evidence-based recommendations for Family Physicians and Obstetricians concerning the prescription of these tests. To do so, evidence-based medicine databases were searched using the MeSH terms Liver Disease, Pregnancy, Liver Function Test and Prenatal Care. Databases of the main guidelines issuing societies were also searched regarding this subject. Evidence levels were attributed whenever possible. Of the search results 21 articles were selected (7 systematic reviews, 6 original articles and 8 guidelines). After a careful evaluation, it was seen that there was a lack of evidence concerning the benefit of these exams in low-risk pregnancies. It was also noted that changes in LFTs values during pregnancy did not necessarily represent an underlying liver disease (level 2) and that, during low-risk pregnancies, LFTs should only be considered when a clinical motive is present (level 2). The use of LFTs as a screening method for the diagnosis of liver disease in pregnant women also showed limitations due to the characteristics of both the tests and the diseases (level 2). Furthermore, none of the guidelines selected included any reference to LFTs as a necessary tool to evaluate low-risk pregnancies, although these were not listed as "not recommended interventions in prenatal care”. In conclusion, LFTs should only be considered in low-risk pregnant women when there is clinical suspicious of an underlying liver disease (grade C; level IIA). Studies that address the LFTs relevance/accuracy in diagnosing hepatic diseases during low-risk pregnancies are needed, as this is an area where little evidence is present.Universidade da Beira InteriorAleixo, Ana Rita ReisuBibliorumPereira, Tiago Ventura Gil2013-06-14T16:37:13Z2012-052012-05-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1232porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:36:45Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1232Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:43:07.240414Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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