A propósito de uma crise convulsiva inaugural: um relato de caso
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732019000400008 |
Resumo: | Introdução: A crise convulsiva inaugural é uma causa frequente de recurso ao serviço de urgência. Estima-se que destes casos apenas 40 a 50% tenham episódios recorrentes. Assim, face a uma crise convulsiva inaugural é importante excluir algumas condições que possam mimetizar o surgimento de convulsões. Descrição do caso: Mulher, 45 anos, casada, com diagnósticos de mioma uterino, doença fibrocística da mama, perturbação de ansiedade e abuso de medicação (alprazolam). Em setembro de 2016 recorreu ao serviço de urgência por crise convulsiva tónico-clónica inaugural, sem aparentes fatores desencadeantes. Após exclusão de causas infeciosas, vasculares ou lesões ocupantes de espaço do sistema nervoso central teve alta clínica com o diagnóstico de crise epilética inaugural, medicada com levetiracetam. Em janeiro de 2017 recorreu ao médico de família para mostrar nota de alta de neurologia. Quando questionada refere suspensão abrupta da toma de alprazolam alguns dias antes da crise convulsiva, apesar das indicações dadas de redução gradual do fármaco. Em março teve novo internamento por ideias delirantes e discurso incoerente após gastroenterite aguda. Teve alta com diagnóstico de episódio confusional agudo de etiologia orgânica/iatrogénica. Após a alta recorre ao médico de família e admitiu manter o consumo abusivo de alprazolam, que suspendeu repentinamente aquando da gastroenterite. A utente não reconhecia o uso abusivo do fármaco. A família, apesar de ter sentido inicialmente dificuldades em lidar com a situação, acabou por ser um importante aliado no tratamento desta utente. Comentário: Este caso clínico ilustra várias situações complexas na prática clínica, nomeadamente a dificuldade em compreender o utente como um todo no contexto de urgência, a ausência de um sistema de comunicação eficaz entre os diversos níveis de cuidados, a omissão de informação por parte dos doentes e o uso abusivo de certos fármacos. Destaca a importância do envolvimento da família no tratamento e acompanhamento de diferentes situações clinicas, assim como o papel do médico de família que através do acompanhamento longitudinal do doente e de uma relação médico-doente privilegiada melhor o conhece. |
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