Efeito das alterações agrícolas na Coruja-das-torres (Tyto alba; Scopoli, 1769): variação na abundância e no uso do espaço

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Machado, Filipa
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Roque, Inês, Rabaça, João E., Tomé, Ricardo
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/4248
Resumo: A Coruja-das-torres tende a caçar preferencialmente em biótopos que possam garantir um bom balanço energético, onde as presas sejam abundantes, facilmente detectáveis e acessíveis. A Ponta da Erva, situada na confluência dos rios Tejo e Sorraia, recebe anualmente um elevado número de juvenis desta espécie em dispersão durante o Verão e Outono. A paisagem, composta por parcelas de pastagem e culturas agrícolas separadas por um vasto sistema de valas de escoamento e de cercas, proporciona um bom habitat de caça. A reconversão recente de um grande número de parcelas em arrozal, com tendência a aumentar, poderá representar uma degradação significativa deste habitat. Tendo por base um trabalho realizado anteriormente (Tomé 1994), o presente estudo visou avaliar o efeito das alterações de uso do solo ocorridas, através da análise de variação temporal e espacial da abundância da espécie, ao longo do período de dispersão. No âmbito do Projecto TytoTagus do Laboratório de Ornitologia – Universidade de Évora (LabOr) foram realizados 27 transectos nocturnos com frequência semanal, entre 17 de Julho de 2009 e 11 de Fevereiro de 2010. Estes foram executados em automóvel e com auxílio de um foco manual, durante as primeiras 3h e meia após o ocaso e sempre num mesmo percurso de 22,5km, cobrindo grande parte da área. A abundância variou ao longo do período de estudo, tendo sido observado um valor máximo de 2,3 aves/km em Agosto, coincidente com a chegada dos juvenis à Ponta da Erva, e um valor mínimo de 0,178 aves/km em Fevereiro, no início do período reprodutor. O uso do espaço foi averiguado através de três análises de regressão logística (Verão, Outono e Inverno), comparando as presenças com pontos aleatórios onde as corujas estavam ausentes. Cada ponto foi caracterizado através de um conjunto de variáveis relativas ao uso do solo, à distância aos potenciais corredores de dispersão e a fontes de perturbação. Os resultados obtidos indicam que a distribuição da abundância e a importância dos diferentes biótopos variou ao longo do período de dispersão, à semelhança do que foi verificado no trabalho de Tomé (1994). A proporção de arrozal apenas influenciou significativa e positivamente a probabilidade de ocorrência de Coruja-das-torres durante o Outono (b=1.516; p=0.00569), período em que ocorre a drenagem, maturação e colheita do arroz. Este resultado é semelhante ao que foi verificado por Tomé (1994), quando esta cultura estava menos representada na área. A proporção de restolhos de arroz teve o mesmo efeito durante o Inverno (b=1.525; p=0.022). Este biótopo terá substituído em importância os restolhos de girassol e milho, antes mais representados na área. Durante o Verão a proporção de arrozal influenciou negativamente a probabilidade de ocorrência, mas não significativamente (b=−0.264, p=0.571).
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