Bivalvia (Mollusca) do Pliocénico de Vale de Freixo (Pombal)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/45944 |
Resumo: | Durante o Pliocénico, as oscilações eustáticas no domínio atlântico terão sido responsáveis por vários episódios transgressivos na costa portuguesa, dos quais o mais significativo ocorreu durante o Placenciano e afetou, sobretudo, a Bacia do Mondego e a região de entre a Nazaré e as Caldas da Rainha. O registo estratigráfico correspondente é essencialmente arenoso, iniciando-se localmente com fácies conglomeráticas ricas de conchas marinhas, propiciando um conjunto de jazidas, das quais as das imediações de Carnide, no concelho de Pombal, descobertas na década de 1950, são as mais ricas e diversificadas em associações de invertebrados marinhos e foraminíferos (e.g. Carnide de Cima, Igreja de Carnide, Vale da Bouchada, Vale da Cabra e Vale Farpado). Destas, a jazida de Vale de Freixo (Pombal), apresenta uma das sucessões locais mais representativas deste intervalo, tendo a sua fauna de moluscos gastrópodes sido estudada exaustivamente por SILVA (1993, 2001). A associação de foraminíferos das jazidas convizinhas foi estudada por CARVALHO & COLON (1954), MARTINS FERREIRA (1960) e CARDOSO (1984). Os moluscos bivalves foram listados por TEIXEIRA & ZBYSZEWSKY (1951) e ZBYSZEWSKI (1959), mas quer estes, quer os de Vale de Freixo, nunca mereceram uma atualização taxonómica exaustiva. O presente estudo, inserido num projeto mais vasto de inventariação dos moluscos bivalves do Pliocénico português, visa colmatar esta lacuna. Assim, relativamente aos estudos e trabalhos anteriores, o número de espécies de moluscos bivalves reportados para o Pliocénico de Carnide passou de 48 para mais de nove dezenas. Identificámos um total de 86 taxa de BIVALVIA, dos quais 81 a nível específico, distribuídos por 32 famílias e 75 géneros, tendo a sua sistemática sido atualizada de acordo com os trabalhos mais recentes. As famílias mais representadas são: Veneridae (11 espécies), Pectinidae e Tellinidae (oito espécies cada). Constam, desta lista taxonómica, 23 primeiras citações de ocorrência para o registo estratigráfico do Pliocénico de Portugal (Ennucula laevigata, Centrocardita aculeata, Goodallia triangularis, Spaniorinus ambiguus, Diplodonta rotundata, Hiatella rugosa, Phaxas pellucidus, Parvicardium scriptum, Gari tellinella, Bosemprella incarnata, Oudardia compressa, Megaxinus transversus, Loripinus fragilis, Cardilia michelottii, Corbula revoluta, Gouldia minima, Pitar rudis, Limaria loscombi, Gregariella sp., Neopycnodonte cochlear, Heteranomia squamula, Pododesmus squama, Hinnites ercolanianus) e outras 19 são novidade para a sucessão marinha pliocénica de Carnide (Cardita calyculata, Scacchia oblonga, Acanthocardia aculeata, Papillicardium papillosum, Gari depressa, Abra alba, Gastrana fragilis, Peronidia albicans, Chama gryphoides, Lutraria lutraria, Anadara diluvii, Anadara pectinata, Arca tetragona, Lima lima, Modiolus sp., Aequipecten opercularis, Flexopecten flexuosus, Hinnites crispus, Mimachlamys varia). Analisando a repartição vertical da sequência fossilífera de Vale de Freixo (estratos “2” a “4”), verificamos que o estrato 2, de fácies conglomerática, é rico em valvas de espécies bivalves de maior tamanho, as quais tendem a apresentar dimensões próximas entre si, abrasão, bioerosão e epizoários, sugerindo uma seleção por paleocorrentes associada a fraca taxa de deposição. Observa-se, ainda, a sua acumulação preferencial em determinadas áreas, o que poderá ter sido potenciado pelas configurações morfológicas dos fundos marinhos locais e por correntes de vortex. O estado de desarticulação das valvas é generalizado, encontrando-se dispostas preferencialmente com a comissura voltada para baixo, situação de estabilidade que ocorre geralmente sob certas condições de hidrodinamismo mais elevadas. Para o topo do estrato 3 e no estrato 4 as valvas encontram-se frequentemente articuladas, o que, conjuntamente com a preservação de estruturas delicadas, indica níveis de hidrodinamismo fracos e taxas de deposição mais elevadas. A maior abundância relativa de bivalves endobentónicos suspensívoros, bem como a sua diversidade interespecífica, corrobora, para os estratos 3 e 4, a existência de fundos de substrato móvel, de granulometria fina e bem oxigenados. Bivalves como Spisula subtruncata, Circomphalus foliaceolamellosus, Macomopsis elliptica indicam que a batimetria não ultrapassaria o limite inferior do andar infralitoral. As espécies estenoalinas Lembulus pella e Papilicardium papillosum indicam ambiente francamente marinho. Os bivalves Cardita calyculata, Oudardia compressa, Circomphalus foliaceolamellosus, Tapes vetula, Procardium diluvianum, Europicardium multicostatum, Palliolum excisum ou Cardilia michelottii, que possuem forte afinidade tropical, sugerem paleotemperaturas das águas superficiais oceânicas acima das atuais registadas para a costa ocidental portuguesa. |
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Destas, a jazida de Vale de Freixo (Pombal), apresenta uma das sucessões locais mais representativas deste intervalo, tendo a sua fauna de moluscos gastrópodes sido estudada exaustivamente por SILVA (1993, 2001). A associação de foraminíferos das jazidas convizinhas foi estudada por CARVALHO & COLON (1954), MARTINS FERREIRA (1960) e CARDOSO (1984). Os moluscos bivalves foram listados por TEIXEIRA & ZBYSZEWSKY (1951) e ZBYSZEWSKI (1959), mas quer estes, quer os de Vale de Freixo, nunca mereceram uma atualização taxonómica exaustiva. O presente estudo, inserido num projeto mais vasto de inventariação dos moluscos bivalves do Pliocénico português, visa colmatar esta lacuna. Assim, relativamente aos estudos e trabalhos anteriores, o número de espécies de moluscos bivalves reportados para o Pliocénico de Carnide passou de 48 para mais de nove dezenas. Identificámos um total de 86 taxa de BIVALVIA, dos quais 81 a nível específico, distribuídos por 32 famílias e 75 géneros, tendo a sua sistemática sido atualizada de acordo com os trabalhos mais recentes. As famílias mais representadas são: Veneridae (11 espécies), Pectinidae e Tellinidae (oito espécies cada). Constam, desta lista taxonómica, 23 primeiras citações de ocorrência para o registo estratigráfico do Pliocénico de Portugal (Ennucula laevigata, Centrocardita aculeata, Goodallia triangularis, Spaniorinus ambiguus, Diplodonta rotundata, Hiatella rugosa, Phaxas pellucidus, Parvicardium scriptum, Gari tellinella, Bosemprella incarnata, Oudardia compressa, Megaxinus transversus, Loripinus fragilis, Cardilia michelottii, Corbula revoluta, Gouldia minima, Pitar rudis, Limaria loscombi, Gregariella sp., Neopycnodonte cochlear, Heteranomia squamula, Pododesmus squama, Hinnites ercolanianus) e outras 19 são novidade para a sucessão marinha pliocénica de Carnide (Cardita calyculata, Scacchia oblonga, Acanthocardia aculeata, Papillicardium papillosum, Gari depressa, Abra alba, Gastrana fragilis, Peronidia albicans, Chama gryphoides, Lutraria lutraria, Anadara diluvii, Anadara pectinata, Arca tetragona, Lima lima, Modiolus sp., Aequipecten opercularis, Flexopecten flexuosus, Hinnites crispus, Mimachlamys varia). 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Para o topo do estrato 3 e no estrato 4 as valvas encontram-se frequentemente articuladas, o que, conjuntamente com a preservação de estruturas delicadas, indica níveis de hidrodinamismo fracos e taxas de deposição mais elevadas. A maior abundância relativa de bivalves endobentónicos suspensívoros, bem como a sua diversidade interespecífica, corrobora, para os estratos 3 e 4, a existência de fundos de substrato móvel, de granulometria fina e bem oxigenados. Bivalves como Spisula subtruncata, Circomphalus foliaceolamellosus, Macomopsis elliptica indicam que a batimetria não ultrapassaria o limite inferior do andar infralitoral. As espécies estenoalinas Lembulus pella e Papilicardium papillosum indicam ambiente francamente marinho. 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