O Só de António Nobre e Les Amours jaunes de Tristan Corbière : Poéticas da Ausência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Isabel Maria Gonçalves
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10216/17941
Resumo: As vias de reflexão que seguimos baseiam-se numa aproximação temática entre o Só de António Nobre e Les Amours jaunes de Tristan Corbière e propõem uma abordagem do tema da ausência, nomeadamente a ausência dos seres amados. A primeira parte do nosso trabalho começa por apresentar um enquadramento histórico onde se destacam os momentos de rupturaque marcaram o contexto oitocentista francês eo contexto finissecular português; em seguida, propõe uma leitura dos percursos biográficos de Nobre e de Corbière, empenhando-se em focar datas-chave; e, por fim, foca a transfiguração poética das vivências íntimas dos poetas em tecido verbal, ou seja, a transformação em linguagem poética dos sentimentos de solidão e desorientação provocados pela "consciência da ausência". A segunda parte tem por objectivo demonstrar que os autores erguem uma "construção poética" onde determinadas presenças se tornam determinantes: as figuras parentais, os amigos e os portugueses, no mundo nobriano; a amante e os bretões, no mundo corbieriano. O poder regenerador e redentor da poesia exerce-se através da corporização dessas figuras ausentes, que visa preencher poeticamente o vazio provocado pela separação e pela ausência. A terceira e última parte centra-se no mar. Os pescadores portuguesess e os marinheiros bretões adquirem o estatuto de verdadeiros heróis, sendo apresentados como "modelos" com os quais os respectivos poetas se identificam. O elemento marítimo, associado às figuras parentais - à mãe, no Só de António Nobre, e ao pai em Les Amours jaunes de Tristan Corbière -, é apreendido como uma presença reconfortante, inclusive na morte. A morte no mar surge no imaginário dos poetas como um prolongamento da vida, traduzido em imagens e ritmos recorrentes. Nesta perspectiva, o mar torna-se o agente mitigador da dor, regenerando e fortalecendo as duas figuras poéticas fragilizadas pela separação e pelo sentimento de perda.
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