Poderá a casta de videira influir na eficácia do uso da confusão sexual contra a traça-da-uva, Lobesia botrana (Lepidoptera: Tortricidae)?

• Autor(a) principal: Almeida, Ana Catarina Pires
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10423
• topic: castas; confusão sexual

A traça-da-uva, Lobesia botrana, é praga-chave da vinha na Região Demarcada do Douro (RDD). A importância económica desta praga, a par da necessidade de reduzir o uso de inseticidas químicos, tem vindo a despertar particular interesse para o uso da confusão sexual (CS), que está em curso na RDD desde 2000, embora com resultados nem sempre satisfatórios. Com este trabalho pretendeu-se avaliar, através da análise de dados recolhidos entre 2000 e 2019, a influência, na intensidade do ataque da praga, da casta (castas tintas e castas brancas com representatividade na RDD), ano, sub-região e geração do inseto. Por outro lado, através do trabalho realizado em 2019, pretendeu-se avaliar, em quatro castas tintas com diferentes níveis de suscetibilidade ao ataque de L. botrana (Touriga Franca, Tinta Barroca, Touriga Nacional e Sousão), características responsáveis pelas diferenças de suscetibilidade designadamente características morfológicas das inflorescências/cachos (pubescência, peso, comprimento, largura, compactação, volume e número de bagos), a textura dos bagos (resistência à perfuração, compressão e estrutura da película) e a quantificação dos extratos da película (análise química). Os resultados mostram que a intensidade do ataque de traça-da-uva variou de acordo com: (1) a casta (a T. Franca, no caso das castas tintas, e a Malvasia Fina, no caso das castas brancas, foram tendencialmente as mais atacadas); (2) o ano (o ataque variou de acordo com a condições climáticas de cada ano, embora se tenha verificado que, tendencialmente, tem vindo a diminuir ao longo dos anos); e (3) a sub-região (menor intensidade do ataque no Douro Superior, do que no Cima Corgo e Baixo Corgo). Para a mesma data de amostragem, as larvas com origem na T. Franca foram as que, em geral, estavam num instar larvar mais avançado. Dos fatores analisados, a pubescência e a precocidade das inflorescências parecem poder influenciar o ataque da primeira geração, pois as inflorescências de T. Franca eram as que se apresentavam mais desenvolvidas e com menos pubescência. No caso dos cachos, a T. Franca foi a que apresentou maior compactação, o que poderá justificar o maior ataque frequentemente observado. A T. Nacional (uma das castas menos atacadas) foi a que apresentou maior resistência à perfuração. A análise dos extratos das películas das castas T. Franca e Sousão permitiram verificar que a segunda apresentou maior percentagem de peso de extratos da película do que a primeira, o que poderá sugerir alguma relação entre este parâmetro e o ataque observado. Por outro lado, verificou-se que, em ambas as castas, os bagos atacados apresentam maior percentagem de peso de extratos do que os bagos não atacados.