Paleoambientes e Culturas do Paleolítico Superior no Centro e Norte de Portugal: Balanço e Perspetivas de Investigação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moura, Helena
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Dimuccio, Luca António, Aubry, Thierry
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/108146
https://doi.org/10.30893/eq.v0i17.159
Resumo: Os trabalhos de arqueologia desenvolvidos desde o início da última década do século XX no Centro e Nordeste de Portugal permitem estabelecer um quadro paleoambiental e cronoestratigráfico das várias fases de ocupação durante o Paleolítico Superior, bem como aperceber caraterísticas da adaptação técnica da produção das indústrias de pedra lascada, em função dos recursos líticos disponíveis localmente. Todavia, entre 40,000 e 12,000 cal BP a preservação do registo arqueológico foi fortemente condicionada pelos processos sedimentares decorrentes de bruscas mudanças nas condições climáticas globais. No Maciço de Sicó (Centro de Portugal) foram detetados artefactos e ecofactos essencialmente em cavidades cársicas e abrigos sob rocha (localmente denominados “buracas”). As sequências arqueoestratigráficas são descontínuas e terão sofrido diversas fases erosivas, que se revelam por lacunas sedimentares e superfícies de estabilização, com distintos graus de preservação. Os sítios arqueológicos da margem Norte do Rio Mondego (Centro de Portugal) estão associados a afloramentos de sílex e a sua preservação em sedimentos alúvio-coluviais do Plistocénico, com uma componente eólica em depressões cársicas fechadas no Planalto de Outil/Cantanhede. No Vale do Côa (Nordeste de Portugal), os sítios ao ar livre localizam-se em antigas superfícies de erosão relacionadas com o encaixe da rede hidrográfica durante o Plistocénico Superior, assim como em depressões topográficas abertas nas superfícies aplanadas dos granitóides no limite da “Meseta”. O estudo do aprovisionamento em sílex e silcretos revela contactos de longa distância entre a Estremadura e a Meseta Norte, pelo que o mapa dos sítios do Paleolítico Superior atualmente disponível, no contexto mais geral da Península Ibérica, não constituirá uma imagem completa da densidade de ocupação humana deste território durante aquele período. Para obter uma representação mais rigorosa dessa ocupação necessitaremos inevitavelmente da aplicação sistemática de métodos de prospeção baseados em modelos de cariz geológico-geomorfológico, tal como já parcialmente estabelecido para o Vale do Côa e o Maciço de Sicó.
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No Maciço de Sicó (Centro de Portugal) foram detetados artefactos e ecofactos essencialmente em cavidades cársicas e abrigos sob rocha (localmente denominados “buracas”). As sequências arqueoestratigráficas são descontínuas e terão sofrido diversas fases erosivas, que se revelam por lacunas sedimentares e superfícies de estabilização, com distintos graus de preservação. Os sítios arqueológicos da margem Norte do Rio Mondego (Centro de Portugal) estão associados a afloramentos de sílex e a sua preservação em sedimentos alúvio-coluviais do Plistocénico, com uma componente eólica em depressões cársicas fechadas no Planalto de Outil/Cantanhede. No Vale do Côa (Nordeste de Portugal), os sítios ao ar livre localizam-se em antigas superfícies de erosão relacionadas com o encaixe da rede hidrográfica durante o Plistocénico Superior, assim como em depressões topográficas abertas nas superfícies aplanadas dos granitóides no limite da “Meseta”. O estudo do aprovisionamento em sílex e silcretos revela contactos de longa distância entre a Estremadura e a Meseta Norte, pelo que o mapa dos sítios do Paleolítico Superior atualmente disponível, no contexto mais geral da Península Ibérica, não constituirá uma imagem completa da densidade de ocupação humana deste território durante aquele período. Para obter uma representação mais rigorosa dessa ocupação necessitaremos inevitavelmente da aplicação sistemática de métodos de prospeção baseados em modelos de cariz geológico-geomorfológico, tal como já parcialmente estabelecido para o Vale do Côa e o Maciço de Sicó.The archaeological research developed during the last decade of the 20th-century in Central and Northeast Portugal established a palaeoenvironmental and chronostratigraphic framework for the Upper Palaeolithic occupation of these regions, and brought to light the operative schemes used for the production of stone tools from the locally available raw material resources. Between 40,000 and 12,000 cal BP, the preservation of the archaeological record was strongly conditioned by sedimentary processes related to rapid changes in global climate. In the Sicó Massif (Central Portugal), artefacts and ecofacts are mainly found in karst caves and rock-shelters (locally called “buracas”) whose archaeostratigraphic sequences are discontinuous, affected by erosive events (hiatuses and stabilization), and variably preserved. The archaeological sites along the North bank of the Mondego River (Central Portugal) are associated with flint outcrops and their preservation in Pleistocene alluvium-colluvium sediments, with an aeolian component found in closed karst depressions of the Outil/Cantanhede Plateau. In the Côa Valley (Northeast of Portugal), the open-air sites are located on ancient rock-terrace surfaces related to Upper Pleistocene fluvial downcutting, as well as in topographic depressions of the planation surfaces of the “Meseta” granitoids. The procurement of flint and silcrete reveals a large social network, extending from the Estremadura to the Northern Meseta, which indicates that, in the wider context of the Iberian Peninsula, the current distribution of Upper Palaeolithic sites is not a genuine reflection of the density of this period’s human occupation. Only the implementation of a systematic surveying approach for site detection based on geological-geomorphological models, such as those used in the Côa Valley and the Sicó Massif, will allow a more accurate reconstitution of that occupation.Portuguese Association for Quaternary Studies (APGEOM)2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/108146http://hdl.handle.net/10316/108146https://doi.org/10.30893/eq.v0i17.159por2182-86600874-0801Moura, HelenaDimuccio, Luca AntónioAubry, Thierryinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-13T18:11:31Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/108146Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:24:26.479333Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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