Envolvimento e clímax: do entre das artes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Livro |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/13521 |
Resumo: | A visão manifestamente integrativa da experiência artística actual , uma experiência pensada nas condições extrínsecas que determinam os significados do objecto estético, retirando-o de uma suposta situação de autonomia e auto-suficiência, absorve uma nítida dimensão pragmática e funcional. Tende-se aqui a ultrapassar a esfera privada e fechada das criações individuais para se favorecer uma dimensão de uso, indissociável das respostas dos intérpretes e das comunidades interpretativas, fomentando-se ao mesmo tempo a ambiguidade entre “arte” e “não-arte” até ao ponto provável do colapso do próprio conceito. Como trabalho público que tende a ser – aproximando-se ora de registos ambientalistas/naturalistas/ecológicos ora da tecnociência e das propostas digitais e virtuais –, a “arte” que hoje se pratica transforma-nos em utentes, inscrevendo-se ela própria numa lógica de consumo e de mercado. Esta desterritorialização do campo artístico, promovida com frequência do seu interior pela procurada imersão no grande espaço desfocado da produção cultural e pela assimilação de muitos dos seus códigos, dos seus processos ou mesmo dos seus detritos, tem o seu reverso: a apropriação/reprodução/popularização pela cultura de massa de materiais e estratégias “cultos” até aí considerados exclusivos do campo da arte. É esta canibalização recíproca entre esferas de produção e consumo que torna por seu lado decisivamente anacrónicas aquela “angústia da contaminação” típica da ideologia modernista, como a insistência correlata na “grande divisão” (reutilizamos os termos de Huyssen) virtualmente traçável entre o erudito e o popular, o alto e o baixo, o sério e o entertainment. |
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