Arte e política em News from Nowhere: a teleologia utópica de Willliam Morris

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pires, Mariana Isabel Oliveira
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/18393
Resumo: Dos seus primeiros balbucios sobre a Beleza, celebrados na paleta e no ―vestido‖ medieval Pré-Rafaelita, em contos como ―The Story of the Unknown Church‖ (1856), a estética de William Morris guarda no seu âmago uma concepção profundamente social da arte. Pioneiro do design moderno, precursor do Movimento Arts & Crafts, célebre crítico do revivalismo gótico da segunda metade de Oitocentos, Morris é hoje especialmente relembrado pelos seus escritos sobre a sociedade moderna e do futuro, pela sua poderosa crítica à produção industrial e pelas suas propostas proto-ecológicas. No que diz respeito à sua visão utópica, abordagens anteriores reiteram a necessidade de repensar a posição do artista no contexto mais amplo do seu Socialismo. Em geral, verifica-se a convergência explícita entre a política e a estética morrisianas em perspectivas sobretudo parcelares que não superam o preconceito definidor da utopia. Numa abordagem certamente benéfica para com a iniciativa utópica de Morris, a nossa investigação alimenta, antes de mais, a imagem do também poeta enquanto pensador e idealista cuja visão do futuro reconhece, fundamentalmente, o contributo da História e do passado medieval mas que não se refugia neste. Na verdade, o medievalismo ocupa um lugar absolutamente central na construção da estética morrisiana e é a falta de um debate mais claro e consistente entre as propostas utópicas de Morris, os seus ideais socialistas e os seus compromissos estéticos que tem comprometido algumas das abordagens mais críticas à sua utopia literária. Contrariando essa tendência, o propósito último da presente tese é incentivar um debate mais acolhedor entre a imagética, o pensamento e o romance utópico de William Morris e o seu pensamento estético, de maneira a promover um quadro essencialmente novo para a análise da relevância sociológica de News from Nowhere. A nossa investigação procura alcança três principais objectivos: i) contrariar a afirmação depreciativa de que a utopia morrisiana é uma mera reconstrução do passado ―nostálgico‖ medieval, ii) validar a sua estética como uma componente instrumental, operativa, na construção da sociedade do futuro e iii) consolidar alguns dos seus conceitos mais subjectivos no âmbito da reflexão sobre Arte, tais como criação e integridade artística, identidade cultural, a própria ideia de Beleza, no contexto de um iv empreendimento verdadeiramente revolucionário: o moldar da perspectiva dos homens em relação à sua realidade. Propondo uma releitura de News from Nowhere, mais atenta relativamente à estética materialista de Morris (que é também uma estética libertária), esta tese é uma declaração sobre a necessidade da utopia nos nossos dias e sugere que tanto a crítica morrisiana à civilização moderna como as suas propostas mais ―utópicas‖ para o futuro ressoam ainda na nossa sociedade actual.
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No que diz respeito à sua visão utópica, abordagens anteriores reiteram a necessidade de repensar a posição do artista no contexto mais amplo do seu Socialismo. Em geral, verifica-se a convergência explícita entre a política e a estética morrisianas em perspectivas sobretudo parcelares que não superam o preconceito definidor da utopia. Numa abordagem certamente benéfica para com a iniciativa utópica de Morris, a nossa investigação alimenta, antes de mais, a imagem do também poeta enquanto pensador e idealista cuja visão do futuro reconhece, fundamentalmente, o contributo da História e do passado medieval mas que não se refugia neste. Na verdade, o medievalismo ocupa um lugar absolutamente central na construção da estética morrisiana e é a falta de um debate mais claro e consistente entre as propostas utópicas de Morris, os seus ideais socialistas e os seus compromissos estéticos que tem comprometido algumas das abordagens mais críticas à sua utopia literária. Contrariando essa tendência, o propósito último da presente tese é incentivar um debate mais acolhedor entre a imagética, o pensamento e o romance utópico de William Morris e o seu pensamento estético, de maneira a promover um quadro essencialmente novo para a análise da relevância sociológica de News from Nowhere. A nossa investigação procura alcança três principais objectivos: i) contrariar a afirmação depreciativa de que a utopia morrisiana é uma mera reconstrução do passado ―nostálgico‖ medieval, ii) validar a sua estética como uma componente instrumental, operativa, na construção da sociedade do futuro e iii) consolidar alguns dos seus conceitos mais subjectivos no âmbito da reflexão sobre Arte, tais como criação e integridade artística, identidade cultural, a própria ideia de Beleza, no contexto de um iv empreendimento verdadeiramente revolucionário: o moldar da perspectiva dos homens em relação à sua realidade. Propondo uma releitura de News from Nowhere, mais atenta relativamente à estética materialista de Morris (que é também uma estética libertária), esta tese é uma declaração sobre a necessidade da utopia nos nossos dias e sugere que tanto a crítica morrisiana à civilização moderna como as suas propostas mais ―utópicas‖ para o futuro ressoam ainda na nossa sociedade actual.Abstract: From his earlier thoughts on Beauty, consummated in the Pre-Raphaelite palette and medieval dress, in tales like ―The Story of the Unknown Church‖ (1856), William Morris‘s aesthetics hold at their core a social conception of art. A pioneer of modern design, forerunner of the Arts & Crafts Movement and celebrated critic on the Gothic Revival of the Arts of late nineteenth-century, Morris is perhaps better remembered today for his writings on modern as well as future society, for his bitter critique of industrial production and his proto-ecological proposals for alternative ways of production. In what his utopian vision is concerned, previous research reiterates the need to rethink Morris‘s position within the broader context of his socialist thought. However, there is a clear propensity to assume an explicit convergence of his political and aesthetic thinking, in such piecemeal approaches that do not altogether overcome the prejudice of what is usually the definition of utopia. In a fundamentally positive take on Morris‘s utopian initiative, our study will show, first and foremost, that the author remained, to the end, a thinker and an idealist whose vision of the future owes much to the study of the medieval past but which does not take refuge in it. Indeed, medievalism holds a pivotal place in Morrisian aesthetics and it is the lack of a clearer and more consistent debate between Morris‘s utopian proposals, his socialists ideals and his aesthetic commitments that has compromised some of the most critical approaches to his literary utopia. The purpose of this dissertation is thus to encourage a more welcoming debate between William Morris‘s utopian imagery, thought and romance and his aesthetics in order to promote an essentially new framework for the interpretation of the sociological import of News from Nowhere. Our work is divided in three main objectives: i) to counter the derogative assertion that Morris‘s utopia is a reconstruction of the medieval, ―nostalgic‖ past, ii) to validate Morris‘s aesthetics as an instrumental and operative component in the building of the future society, and iii) to consolidate some of the author‘s most subjective conceptions within the domain of art reflection, such as artistic creation and integrity, cultural identity and useful beauty, in the context of a truly revolutionary enterprise: the molding of our perspective towards our own time and reality. vi By proposing a closer rereading of News from Nowhere in relation to Morris‘s materialistic and libertarian aesthetics, as a statement on utopia‘s fundamental role in our own day, this thesis suggests that both Morris‘s criticism and his most ―utopian‖ proposals still resonate and engage with our current society.Serras, Adelaide MeiraRepositório da Universidade de LisboaPires, Mariana Isabel Oliveira2015-07-06T16:15:17Z2015-01-132014-10-312015-01-13T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/18393TID:201888602porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:04:42Zoai:repositorio.ul.pt:10451/18393Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:37:58.580718Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Morris, William, 1834-1896 - Pensamento político e social
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