A Qualidade do Sono enquanto fator de risco na etiologia da Enxaqueca

• Autor(a) principal: Santos, Diana Maria Fernandes dos
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/12772
• topic: Cefaleia; Enxaqueca; Qualidade de Sono; Sono; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::Medicina

Introdução: A enxaqueca é uma doença multifatorial e de grande impacto nas atividades diárias dos doentes. Esta manifesta-se maioritariamente como uma cefaleia moderada a intensa afetada pela atividade física, luz brilhante, barulhos altos e diferentes odores, sendo de realçar o papel da qualidade de sono na sua etiologia e agravamento. O ciclo sono-vigília é um estado cerebral ativo complexo resultante de múltiplos mecanismos que determinam suas características, intensidade e distribuição ao longo do dia. A maioria dos pacientes que apresentam enxaqueca apresentam, concomitantemente, uma pior qualidade de sono, seja esta reportada isoladamente ou sob a forma de patologias de sono. Este distúrbio de sono apresenta-se, então, como um ponto de interesse enquanto trigger de crises de enxaqueca e possível cronificação da mesma. Material e métodos: Esta monografia teve como base a pesquisa e análise de artigos referentes ao tema através do motor de busca PubMed, com recurso às palavras-chave “migraine” e “sleep”, assim como “headache” ou “sleep quality”. A pesquisa incluiu revisões, revisões sistemáticas, meta-análises e estudos aleatorizados e controlados, com um limite temporal de 10 anos (artigos publicados a partir de 2011, inclusive). Resultados: Vários estudos corroboram a existência de disfunção de áreas anatómicas e vias comuns a patologias de sono e enxaqueca, nomeadamente o hipotálamo, tálamo e locus coeruleus, através de neurotransmissores como serotonina e dopamina. É, contudo, controverso o modo como as várias patologias de sono influenciam o modo de apresentação da enxaqueca, sendo que parece haver uma forte relação entre a insónia e a enxaqueca mas, por outro lado, a sua relação com a apneia obstrutiva do sono e síndrome das pernas inquietas permanece pouco esclarecida. Adicionalmente, os resultados do tratamento dos distúrbios de sono e das suas consequências na enxaqueca não foram lineares, reportando-se, no entanto, resultados benéficos do uso da Terapia Cognitivo-Comportamental na insónia e do tratamento com CPAP na apneia obstrutiva do sono. Conclusões: Esta monografia reforça a necessidade de estudos mais aprofundados quanto à fisiopatologia que une a má qualidade de sono à enxaqueca, possibilitando, a partir duma maior compreensão da mesma, uma melhor gestão da enxaqueca e uma melhor abordagem à patologia do sono enquanto sua comorbilidade.