Ser velho no Alentejo: lares de 3ª idade em Beja
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1997 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/13295 |
Resumo: | Introdução - UMA RAZÃO DE SER... O presente estudo representa o corolário de uma investigação sobre a problemática dos idosos internados em Lares, conducente à obtenção do grau de Mestre em Sociologia na Universidade de Évora. O trabalho de campo foi realizado entre finais de 1995 è finais de 1996 ,tendo tomado como pano de fundo os Lares de Terceira Idade da Cidade de Beja. Quando da ponderação das opções para o estabelecimento de uma proposta de investigação conducente à elaboração da Tese do Mestrado, na variante Poder e Sistemas Políticos, não direcionei a investigação ao acaso para o tema dos idosos. A escolha deste tema justifica-se por três ordens de razões: Em primeiro lugar, o idoso tem sido abordado por diferentes áreas disciplinares. De facto, podemos encontrar imensa literatura, sendo a maioria produzida no ãmbito da sociologia da família, da demografia, da antropologia, da gerontologia, da psicologia, da psiquiatria, do serviço social, das ciências de enfermagem, etc. Sabe-se que, em termos demográficos, o envelhecimento da população está relacionado com o aumento da esperança de vida, a diminuição da taxa de natalidade e o declínio da fecundidade, os movimentos migratórios, etc. (Nazareth, 1996). Por outro lado, sabe-se também que existem outros factores associados ao envelhecimento populacional e que estão relacionados com os processos de desenvolvimento, entre os quais a industrialização e a urbanização. Tais processos, geraram em inúmeros países uma forte retracção dos meios rurais e trouxeram novos problemas, entre eles, os fenómenos de pobreza e demais processos de vulnerabilidade nas comunidades de idosos (Almeida et al., 1992). De facto, inúmeros autores têm vindo a enfatizar a lógica da vulnerabilidade dos idosos e da sua dependência face aos sistemas de protecção formal, interrogando-se ainda os autores sobre o seu devir face à falência dos sistemas formais. São exemplos os estudos realizados por Frédéric Lesemann e Claude Martin (1995), Claudine Attias-Donfut (1995), Ana Fernandes (1994), Ken Tout (1993), João de Almeida et al. (1992), Manuela Silva e Bruto da Costa (1989), etc., cujos resultados e reflexões sobre a exclusão social, a pobreza, as relações intergeracionais, os processos de desfamilização, os mecanismos de solidariedade, etc., colocaram e colocam em evidência a importância sociológica do idoso como objecto de estudo. Em segundo lugar, e decorrente da razão anterior, outros problemas e preocupações conexos ao incremento do envelhecimento populacional e à redução da população activa, tais como o aumento dos custos de protecção social aos idosos e a crise dos sistemas de segurança social, tem vindo a exigir aos governos dos diferentes países a procura de novas respostas para uma solidariedade pública institucionalizada, há muito falida (Costa, 1992). Hoje já não se apela exclusivamente para as formas de apoio pecuniárias. Se elas podem ainda ser vistas como um elemento importante para algumas franjas de idosos, as reformas somente transparecem a visão burocrática e institucional da solidariedade. São, assim, sugeridas outras propostas, entre as quais, a promoção de uma articulação mais concertada entre as solidariedades pública e as solidariedades familiares (Lesemann e Martin, 1995; Attias-Donfut, 1995). Reflectir sobre o fenómeno da velhice, é pensar sobre as relações entre a velhice e a sociedade, é questionar a reforma de um Estado como o nosso, cada vez com mais dificuldades em financiar os sistemas e as prestações sociais. Mas, o que é que colocamos em concreto à disposição dos nossos idosos? Qual é a solidariedade que queremos? E, qual é a solidariedade que os idosos querem? Para responder a estas questões é necessário aprofundar a discussão dos mecanismos de solidariedade social institucionalizada existentes, a fim gerar uma fonte de informação mais sustentável que possd fazer uma luz sobre o problema do apoio social. Em terceiro lugar, apesar de reconhecer que é pertinente questionar as lógicas da politica social face ao incremento e à persistência do fenómeno do envelhecimento populacional, entendo que, no caso particular do Alentejo, há ainda vertentes difusas que merecem ser reflectidas. Não me refiro apenas à crise das politicas sociais, nem à necessidade da renovação dos sistemas de financiamento de segurança social do Estado-Providência no nosso país. |
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