A hospitalização da população indígena em Moçambique na primeira metade do século XX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, J.M.C.
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Saraiva, P., Dória, J.L.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/116761
Resumo: O museu do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui algumas maquetas de estruturas sanitárias, destinadas às populações indígenas, construídas em Moçambique na primeira metade do século XX em núcleos urbanos de pequena dimensão. Essas estruturas foram concebidas como parte de uma rede de assistência sanitária formulada pelo médico Francisco Ferreira dos Santos no início da década de 1920, que deveria cobrir a totalidade do território da província. A similitude entre várias dessas estruturas confirma a adoção dos mesmos princípios de organização bem como de projetos tipo para muitas das suas construções. Porém, a coexistência de modos distintos de assegurar a hospitalização da população, ora em palhotas, ora em pavilhões enfermaria, como se observa ao se confrontar a maqueta da Formação Sanitária de Maputo com a maqueta do Hospital do Bilene, suscita uma reflexão acerca do modo como era avaliada a aculturação da população à qual essas estruturas eram destinadas. Sob o cuidado perante a aculturação que parece orientar a opção por cada um desses modos de hospitalização, importa, contudo, observar a convicção do Estado na oportunidade da imposição do seu poder enquanto entidade colonizadora. Às opções sanitárias e arquitetónicas presentes nestas estruturas subjazem, afinal, opções políticas. The museum of the Portuguese Institute of Hygiene and Tropical Medicine houses some scale models of medical facilities built in Mozambique in the first half of the 20th century in small villages to serve the indigenous population. Those facilities were intended as part of a network of medical assistance designed by the physician Francisco Ferreira dos Santos in the early 1920s that should cover the whole province. The similarity found between some of those facilities confirms the adoption of a common set of organization principles. However, the coexistence of different ways of hospitalizing the population, either in huts, or in wards, that can be confirmed by confronting the scale model representing the Medical Facility of Maputo with the one representing the Hospital of Bilene, raises the need of a reflection on how the acculturation of the population to which those facilities were meant to was accessed. Under the attention paid to the acculturation that seems to guide the option for each one of those ways of hospitalization, one must find the State’s conviction on the rightfulness of the imposition of its power as a colonizing nation. The medical and the architectural options that mark those facilities are eventually underpinned by political ones.
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