Processos patrimoniais: rituais, espíritos e panteões
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/2170 |
Resumo: | Encarei os novos processos de patrimonialização (recentes se considerados no plano de fundo do tempo longo das inscrições memoriais), como participando na reorganização e contribuindo para aprofundar a alteração do conjunto das relações entre profano e sagrado, no plano das concepções como no plano das práticas. Mas o envolvimento com o sagrado não se esgota no processo – ritualizado - de patrimonialização. Pelo contrário este, ao produzir novos objectos e lugares de culto, suscita novos investimentos afectivos, novas práticas devocionais, novos rituais de culto. Para caracterizar a reconfiguração da relação das sociedades contemporâneas com o sagrado que acompanha e resulta da proliferação dos processos de patrimonialização, propus o recurso à noção de “regime de sacralidade”. Os rituais de patrimonialização e os cultos patrimoniais seriam nesta óptica vistos não como uma simples extensão do regime precedente (ou uma “transferência” do sagrado dum domínio para outro) mas como a instauração dum novo regime de sacralidade: um novo sistema de relações, de concepções e de práticas. (...) Afastamos-nos portanto do que poderia parecer um uso forçado das palavras ao sugerir a relação entre patrimonialização contemporânea e sacralidade pagã, para encontrarmos realizada a concepção dum sagrado que se condensa, ora em deuses da memória individualizados, ora em “génios” locais. Ou seja: ora em politeísmos, ora em animismos. O que incluíamos no conceito de “paganismo” pode agora declinar-se num conjunto de formas culturais do sagrado que se constroem ora como transcendências ora assentes em imanências; tanto no reconhecimento de figuras individualizadas (deuses, espíritos, génios) como nos cultos animistas de forças não individuais, impessoais. Assim, mais ainda que um paganismo, os cultos patrimoniais são paganismos plurais, locais, cuja característica comum é a multitude das formas e das figuras. |
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