Sintomas gastrointestinais medicamente inexplicáveis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amorim, Isabel Maria Pereira Pessoa de
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/1106
Resumo: Introdução: Sintomas gastrointestinais medicamente inexplicáveis são manifestações que, no conceito biomédico, não sugerem doença orgânica. O presente estudo tem como objetivo determinar a relação entre eventuais acontecimentos traumáticos da infância, como fatores predisponentes para manifestações gastrointestinais. Procura analisar e relacionar os níveis de ansiedade, stress, depressão e qualidade de vida com esses mesmos sintomas. Por último, tenta objetivar as alterações fisiológicas do tubo digestivo, que estarão subjacentes aos sintomas medicamente inexplicáveis, através da Escala de Bristol e da ultra-sonografia abdominal digestiva. Métodos: Este estudo envolveu 40 alunos da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias de Castelo Branco no período compreendido entre 30 de Setembro de 2011 a 28 de Fevereiro de 2012. Os participantes responderam aos questionários: Escala de Ansiedade, Stress, e Depressão de 21 itens, World Health Organization Quality of Life bref, Questionário de Sintomas Gastrointestinais, e Escala de Bristol. Dos 40 alunos, 24 aceitaram completar o estudo realizando uma ultra-sonografia abdominal e responder ao Questionário de Acontecimentos traumáticos nos primeiros anos de vida. Para análise estatística recorreu-se ao coeficiente de correlação de Pearson, e aos testes de Mann-Whitney e de Kruskall-Wallis. Foi considerado como estatisticamente significativo um valor de p<0,05. Resultados: Neste estudo verificou-se que o período compreendido entre os [0-6] anos foi aquele que registou maior número de acontecimentos traumáticos (média=18,9; DP=11,99). Observou-se um compromisso na qualidade de vida, nomeadamente no bem estar psicológico, nos alunos que apresentaram maior número de acontecimentos traumáticos dos [10-12] anos (p<0,01;r=−0,514). Os alunos com níveis mais elevados de qualidade de vida, apresentaram trânsito intestinal com tipos de fezes consideradas normais de acordo com a Escala de Bristol (Qv*Bristol:p<0,007;média do WHOQOL-Bref*Bristol:p<0,025). Observou-se que a severidade dos sintomas gastrointestinais está relacionada com níveis aumentados de stress (r=0,322;p=0,042) e ansiedade (r=0,332;p=0,036), mas não com a depressão. Verificou-se um compromisso na qualidade de vida, no domínio Físico (r=−0,437;p=0,005) e Ambiental (r=−0,506;p=0,001). Observou-se que os alunos com alterações gastrointestinais de tipo misto, revelaram melhores níveis de qualidade de vida (p=0,014). Conclusão: Acontecimentos traumáticos na infância comprometem o bem estar psicológico dos indivíduos, ao longo da vida. Fatores psicossociais como o stress e a ansiedade, podem ser considerados como fatores desencadeantes destes sintomas, os quais podem ser responsáveis por uma diminuição na qualidade de vida dos doentes. Este estudo sublinhou a importância de uma nova concepção na abordagem clínica e diagnóstica, baseada no modelo biopsicossocial. Destacou a ultra-sonografia e a escala de caracterização fecal (Bristol), como instrumento auxiliar de diagnóstico inócuo e de custo relativamente reduzido, na avaliação da fisiologia do trato gastrointestinal nestes doentes.
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Por último, tenta objetivar as alterações fisiológicas do tubo digestivo, que estarão subjacentes aos sintomas medicamente inexplicáveis, através da Escala de Bristol e da ultra-sonografia abdominal digestiva. Métodos: Este estudo envolveu 40 alunos da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias de Castelo Branco no período compreendido entre 30 de Setembro de 2011 a 28 de Fevereiro de 2012. Os participantes responderam aos questionários: Escala de Ansiedade, Stress, e Depressão de 21 itens, World Health Organization Quality of Life bref, Questionário de Sintomas Gastrointestinais, e Escala de Bristol. Dos 40 alunos, 24 aceitaram completar o estudo realizando uma ultra-sonografia abdominal e responder ao Questionário de Acontecimentos traumáticos nos primeiros anos de vida. Para análise estatística recorreu-se ao coeficiente de correlação de Pearson, e aos testes de Mann-Whitney e de Kruskall-Wallis. Foi considerado como estatisticamente significativo um valor de p<0,05. Resultados: Neste estudo verificou-se que o período compreendido entre os [0-6] anos foi aquele que registou maior número de acontecimentos traumáticos (média=18,9; DP=11,99). Observou-se um compromisso na qualidade de vida, nomeadamente no bem estar psicológico, nos alunos que apresentaram maior número de acontecimentos traumáticos dos [10-12] anos (p<0,01;r=−0,514). Os alunos com níveis mais elevados de qualidade de vida, apresentaram trânsito intestinal com tipos de fezes consideradas normais de acordo com a Escala de Bristol (Qv*Bristol:p<0,007;média do WHOQOL-Bref*Bristol:p<0,025). Observou-se que a severidade dos sintomas gastrointestinais está relacionada com níveis aumentados de stress (r=0,322;p=0,042) e ansiedade (r=0,332;p=0,036), mas não com a depressão. Verificou-se um compromisso na qualidade de vida, no domínio Físico (r=−0,437;p=0,005) e Ambiental (r=−0,506;p=0,001). Observou-se que os alunos com alterações gastrointestinais de tipo misto, revelaram melhores níveis de qualidade de vida (p=0,014). Conclusão: Acontecimentos traumáticos na infância comprometem o bem estar psicológico dos indivíduos, ao longo da vida. Fatores psicossociais como o stress e a ansiedade, podem ser considerados como fatores desencadeantes destes sintomas, os quais podem ser responsáveis por uma diminuição na qualidade de vida dos doentes. Este estudo sublinhou a importância de uma nova concepção na abordagem clínica e diagnóstica, baseada no modelo biopsicossocial. Destacou a ultra-sonografia e a escala de caracterização fecal (Bristol), como instrumento auxiliar de diagnóstico inócuo e de custo relativamente reduzido, na avaliação da fisiologia do trato gastrointestinal nestes doentes.Background: According to the biomedical concept, the functional gastrointestinal disorders include a combination of physical symptoms with no recognizable organic pathology. This study aims to determine the possible relationship between early life adversities, as predisposing factors to gastrointestinal manifestations, and to analyze and relate the levels of anxiety, stress, depression and quality of life with those symptoms. Finally, it tries to objectify the physiological changes of the digestive tract, through the Bristol Scale and abdominal ultrasonography. Methods: This study involved 40 students of the Nursing College Dr. Lopes Dias in Castelo Branco, in the period between 30 September 2011 and 28 February 2012. All participants answered the following questionnaires: The Depression Anxiety Stress Scale21 (EADS-21), World Health Organization Quality of Life bref (WHOQOL-bref), Gastrointestinal Symptoms, and the Bristol Scale. Only 24 of the 40 students accepted to answer the questionnaire of Childhood adversity, and to perform abdominal ultrasonography. Pearson correlation coefficient, Mann-Whitnney test and Kruskall-Wallis test were used for statistical analysis. A p value less than 0,05 was considered statistically significant. Results: In this study we observed that the period between [0-6] years was the one that registered the highest number of traumatic occurrences (mean=18,9;SD=11,99). There was a decay in the quality of life, observed in the psychological domain of the students who reported the highest number of traumatic events between [10-12] years (p<0,01;r=−0,514). It was found that 62.5% of the students reported localized abdominal pain, and had an average of 10 of the 18 symptoms according to the SGI questionnaire. Subjects with higher levels of quality of life had normal stool types according to the Bristol Scale (Bristol*Qv:p<0,007; average WHOQOL-Bref*Bristol:p<0,025). Like other studies, the results of this investigation revealed that increased levels of stress (r=0,322;p=0,042) and anxiety (r=0,332;p=0,036), but not depression, were associated with gastrointestinal symptoms. Students with increased levels of gastrointestinal symptoms reported poorer health-related quality of life on the following domains: Physical (r=−0,437;p=0,005) and Environmental (r=−0,506;p=0,001). It was also observed that individuals with a mixed pattern of motility (stasis and spasticity), reported best levels of quality of life (p=0,014). Conclusions: Early life adversities compromise the psychological well-being of individuals. Psychosocial factors like stress and anxiety, as well as poorer levels of quality of life are associated with the functional gastrointestinal disorders, and can be considered as a trigger of these symptoms. This study underlined the importance of a new conception of clinical and diagnostic approach, based on the biopsychosocial model, highlighting the Bristol Scale and the ultrasonography, as an aid to diagnosis, and to evaluate the physiology of gastrointestinal tract in these patients.Universidade da Beira InteriorPereira, Eduardo João AbrantesuBibliorumAmorim, Isabel Maria Pereira Pessoa de2013-03-25T11:14:42Z2012-042012-04-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1106porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:36:35Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1106Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:43:01.885297Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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