A transição morfotrópica dos cerâmicos PZT
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2001 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/42073 |
Resumo: | O presente trabalho centrou-se no estudo das causas da maximização das propriedades dieléctricas observada em materiais cerâmicos de composição Pb(Zr1 -xTix)O3, ou PZT, quando a fracção molar x de PbTiO3 na solução sólida se aproxima do valor x = 0.47, para a qual se observa uma transição estrutural entre duas fases ferroeléctricas, designada por transição morfotrópica, ou MPB, do inglês "morphotropic phase boundary". Estudou-se a coexistência de fases em materiais cerâmicos no que diz respeito à fracção molar e estrutura das fases. A técnica utilizada na caracterização estrutural dos materiais foi a difracção de raios-X. O estudo foi efectuado tendo em atenção o controlo da estequiometria dos materiais. O grau de homogeneização química dos pós e dos cerâmicos sinterizados a 11 50º C e 1250ºC foi avaliado pela evolução dos parâmetros de rede médios com a temperatura e o tempo de tratamento térmico e pelo alargamento dos picos de difracção de raios-X a 450ºC, temperatura acima do ponto de Curie. Deste estudo concluiu-se que os materiais sinterizados a 1150ºC e 1250ºC atingem o equilíbrio químico. Contudo, e embora o estado de equilíbrio químico seja idêntico em todos os materiais sinterizados, independentemente das condições de temperatura e de tempo consideradas, a largura da região em que se observa a coexistência das duas fases ferroeléctricas à temperatura ambiente varia com as condições de sinterização. Estes resultados mostram que a existência de heterogeneidade química não permite explicar a coexistência de fases em cerâmicos PZT sinterizados. Os parâmetros de rede das fases ferroeléctricas romboédricas e tetragonal foram determinados em cerâmicos monofásicos e bifásicos (em que as fases ferroeléctricas romboédrica e tetragonal coexistem). À temperatura ambiente, foi observada a dependência dos parâmetros de rede da composição do PZT no interior do intervalo de coexistência de fases, o que obsta ao modelo de imiscibilidade. Por outro lado, a distribuição da fracção de fases mostrou uma boa concordância com o modelo estatístico de distribuição de fases. O modelo estatístico de distribuição de fases foi revisto no que diz respeito à dependência da largura da região de coexistência com o tamanho médio de grão do cerâmico. A microestrutura dos cerâmicos sinterizados foi caracterizada por microscopia electrónica de varrimento, tendo-se observado que o tamanho médio de grão depende das condições de sinterização, mas é aproximadamente independente da composição da solução sólida Pb(Zr1-xTix)O3 , na gama de composições estudada. A relação entre a largura da região de coexistência de fases, Lix, e o tamanho médio de grão, tgm, observada em materiais com grau idêntico de homogeneidade, é do tipo Lix oc tgm-3/2, em vez de Lix oc tgm·3 como esperado pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. A dependência observada foi fundamentada no facto da fase elementar nestes materiais ser o domínio ferroeléctrico e não o grão do cerâmico. A ordem da transição paraeléctrica-ferroeléctrica em cerâmicos de composição Pb(Zr0.51 Ti0.49)O3, tetragonais à temperatura ambiente, foi objecto de estudo neste trabalho. Analisou-se a variação do volume da célula unitária com a temperatura bem como o efeito do tamanho de grão na continuidade da transição. A transição paraeléctrica-ferroeléctrica mostra-se contínua em cerâmicos de tamanho de grão pequeno e tende para uma transição de primeira ordem quando o tamanho médio de grão do cerâmico cresce. Este facto poderá explicar um crescente determinismo da estrutura do cerâmico abaixo do ponto de Curie quando o tamanho de grão e portanto de domínio ferroeléctrico aumenta e o sistema se aproxima do monocristal e que é traduzido pela redução da largura da região de coexistência de fases. A permitividade dieléctrica foi medida em materiais monofásicos e foi observada uma relação linear entre a permitividade relativa e a distorção de rede em relação à malha cúbica. Esta relação foi extrapolada para o interior do intervalo de coexistência, onde apenas se conhecem os parâmetros de rede das fases coexistentes e a fracção molar ou volúmica de cada uma delas. Este pressuposto foi utilizado para calcular a permitividade dieléctrica de cada fase nesse intervalo. Registou-se um bom acordo entre a permitividade relativa medida experimentalmente em materiais bifásicos e a permitividade calculada usando os valores de permitividade relativa extrapolados a partir da relação linear encontrada, considerando que as duas fases têm a mesma composição química e possuem fracções volúmicas concordantes com as previstas pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. Paralelamente, observou-se que a permitividade dieléctrica relativa atinge valores mais elevados em torno da transição morfotrópica quando o tamanho médio de grão aumenta e a largura da região de coexistência de fases diminui. Consequentemente, a permitividade prevista para materiais hipoteticamente monofásicos é superior à dos materiais bifásicos da mesma composição. Este resultado invalida os modelos que propõem a coexistência de fases como causa da maximização de propriedades eléctricas em torno da transição morfotrópica. Por outro lado, observa-se que a permitividade relativa cresce em cada fase quando a distorção de rede se aproxima do sistema cúbico, comportamento estrutural que é observado quando a composição do material se aproxima da transição morfotrópica e que parece ser a causa da maximização da permitividade relativa observada. |
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O grau de homogeneização química dos pós e dos cerâmicos sinterizados a 11 50º C e 1250ºC foi avaliado pela evolução dos parâmetros de rede médios com a temperatura e o tempo de tratamento térmico e pelo alargamento dos picos de difracção de raios-X a 450ºC, temperatura acima do ponto de Curie. Deste estudo concluiu-se que os materiais sinterizados a 1150ºC e 1250ºC atingem o equilíbrio químico. Contudo, e embora o estado de equilíbrio químico seja idêntico em todos os materiais sinterizados, independentemente das condições de temperatura e de tempo consideradas, a largura da região em que se observa a coexistência das duas fases ferroeléctricas à temperatura ambiente varia com as condições de sinterização. Estes resultados mostram que a existência de heterogeneidade química não permite explicar a coexistência de fases em cerâmicos PZT sinterizados. Os parâmetros de rede das fases ferroeléctricas romboédricas e tetragonal foram determinados em cerâmicos monofásicos e bifásicos (em que as fases ferroeléctricas romboédrica e tetragonal coexistem). À temperatura ambiente, foi observada a dependência dos parâmetros de rede da composição do PZT no interior do intervalo de coexistência de fases, o que obsta ao modelo de imiscibilidade. Por outro lado, a distribuição da fracção de fases mostrou uma boa concordância com o modelo estatístico de distribuição de fases. O modelo estatístico de distribuição de fases foi revisto no que diz respeito à dependência da largura da região de coexistência com o tamanho médio de grão do cerâmico. A microestrutura dos cerâmicos sinterizados foi caracterizada por microscopia electrónica de varrimento, tendo-se observado que o tamanho médio de grão depende das condições de sinterização, mas é aproximadamente independente da composição da solução sólida Pb(Zr1-xTix)O3 , na gama de composições estudada. A relação entre a largura da região de coexistência de fases, Lix, e o tamanho médio de grão, tgm, observada em materiais com grau idêntico de homogeneidade, é do tipo Lix oc tgm-3/2, em vez de Lix oc tgm·3 como esperado pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. A dependência observada foi fundamentada no facto da fase elementar nestes materiais ser o domínio ferroeléctrico e não o grão do cerâmico. A ordem da transição paraeléctrica-ferroeléctrica em cerâmicos de composição Pb(Zr0.51 Ti0.49)O3, tetragonais à temperatura ambiente, foi objecto de estudo neste trabalho. Analisou-se a variação do volume da célula unitária com a temperatura bem como o efeito do tamanho de grão na continuidade da transição. A transição paraeléctrica-ferroeléctrica mostra-se contínua em cerâmicos de tamanho de grão pequeno e tende para uma transição de primeira ordem quando o tamanho médio de grão do cerâmico cresce. Este facto poderá explicar um crescente determinismo da estrutura do cerâmico abaixo do ponto de Curie quando o tamanho de grão e portanto de domínio ferroeléctrico aumenta e o sistema se aproxima do monocristal e que é traduzido pela redução da largura da região de coexistência de fases. A permitividade dieléctrica foi medida em materiais monofásicos e foi observada uma relação linear entre a permitividade relativa e a distorção de rede em relação à malha cúbica. Esta relação foi extrapolada para o interior do intervalo de coexistência, onde apenas se conhecem os parâmetros de rede das fases coexistentes e a fracção molar ou volúmica de cada uma delas. Este pressuposto foi utilizado para calcular a permitividade dieléctrica de cada fase nesse intervalo. Registou-se um bom acordo entre a permitividade relativa medida experimentalmente em materiais bifásicos e a permitividade calculada usando os valores de permitividade relativa extrapolados a partir da relação linear encontrada, considerando que as duas fases têm a mesma composição química e possuem fracções volúmicas concordantes com as previstas pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. Paralelamente, observou-se que a permitividade dieléctrica relativa atinge valores mais elevados em torno da transição morfotrópica quando o tamanho médio de grão aumenta e a largura da região de coexistência de fases diminui. Consequentemente, a permitividade prevista para materiais hipoteticamente monofásicos é superior à dos materiais bifásicos da mesma composição. Este resultado invalida os modelos que propõem a coexistência de fases como causa da maximização de propriedades eléctricas em torno da transição morfotrópica. Por outro lado, observa-se que a permitividade relativa cresce em cada fase quando a distorção de rede se aproxima do sistema cúbico, comportamento estrutural que é observado quando a composição do material se aproxima da transição morfotrópica e que parece ser a causa da maximização da permitividade relativa observada.ln the present work, the causes of the maximization of the dielectric properties observed in ceramic materiais of Pb(Zr1.xTix)O3 composition, when x approaches the value 0.47, were studied. This composition corresponds to a structural transition between two ferroelectric phases, known as a morphotropic phase boundary (MPB). The crystalline structure and the molar fraction of the roam temperature phases were determined. The technique used for the structural characterization was the x-ray diffraction. Prior to the structural study, the PbO volatilization and the chemical homogenization of these materiais were evaluated. The encapsulation of powders and ceramics during calcination and sintering with PZ powder in a closed system was used to contrai the PbO lasses. The degree of chemical homogenization of the powders and ceramics was evaluated by the mean lattice parameter evolution with the temperature and time of heat treatments, and by the enlargement of the diffraction peaks above the Curie point. The conclusion of this study is that at sintering temperatures (1150ºC-1250ºC) the chemical equilibrium is reached. Nevertheless, the phase coexistence region, Ax, changes with the sintering conditions, i.e., chemical fluctuation alu:.e can not explain the phase coexistence in sintered PZT materiais. The crystalline structure of homogenous sintered materiais was determined. lt was observed that the lattice parameters change with the PZT composition outside and inside _the rhomboedral-tetragonal coexistence regions that shows that the coexistence phase region is not a solubility gap. The molar fraction of the coexisting phases was also calculated and a good agreement with the statistical phase distribution model was verified. Since the chemical heterogeneity can't explain the dependence of the phase coexistence region width with the sintering conditions, the microestructural effects were evaluated. The microstructure of the materiais sintered at 11 S0ºC and 1250ºC during 2h and 16h was characterized by SEM. lt was observed that the mean grain size, tg, depends on the sintering temperature and time, but is approximately independent of the solid solution Pb(Zr1.xTix)O3 composition in the compositional range studied. Therefore, a relation between L\x and tg could be established. The relation found, L\x oc 1g·ª12, differs from the one expected from the statistical distribution model, Ax oc 1g·ª. The relation was explained by a different phase distribution. lt seems that in ceramics near the· MPB, both phases can coexist in a tetragonal-rhombohedral domain structure inside the sarne grain, i.e., the elementary phase volumes correspond to domain volumes and not to grain volumes, as initially supposed. ln this work the P-F transition was studied in ceramics with the Pb(Zro.s1 Tio.4s)Oa composition, tetragonal at roam temperature. The volume of the unit cell was calculated fr0.:. x-ray diffraction data and it was observed that the phase transition is continuous in the ceramics with small mean grain size, but discontinuous in the ceramic with larger mean grain size. This fact may explain an increasing determinism in the structure below the Curie-Weiss point, in ceramics with large grain and, therefore, large ferroelectric domain size. The dielectric permittivity was measured in monophasic materiais and a linear relation was observed between the dielectric permittivitty and the lattice distortion in both the rhombohedral and the tetragonal PZT materiais. These relations were extrapolated to the compositions inside the coexistence region, where the crystalline structure is the only known parameter. This procedure allows to obtain the dielectric permittivity of each phase inside the coexistence interval. A good agreement was found between the dielectric permittivity values measured in the biphasic materiais and the values calculated taking the extrapolated values and considering that both coexisting phases have the sarne chemical composition, in accordance to the statistical distribution model. The dielectric permittivity maximum around the MPB reaches higher values in ceramics with larger mean grain size, which also corresponds to a narrower phase coexistence region. This means that the dielectric permittivity of a hypothetical monophasic (tetragonal) material would exceed the measured value of the biphasic materiais with the sarne chemical composition. lt could be proved that the phase coexistence originated by structural constrains imposed by microstructural parameters, inhibits the maximization of the dielectric properties around the MPB instead of enhancing it, as it is normally accepted. The maximization is directly related to the crystalline structure of the rombohedral and tetragonal phases, with the dielectric permittivity values increasing with the crystalline distortion relatively to the cubic cell.2024-07-01T10:49:23Z2001-01-01T00:00:00Z2001doctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/42073porSoares, Maria do Rosário Teixeirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-10-28T01:45:41Zoai:ria.ua.pt:10773/42073Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-10-28T01:45:41Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O presente trabalho centrou-se no estudo das causas da maximização das propriedades dieléctricas observada em materiais cerâmicos de composição Pb(Zr1 -xTix)O3, ou PZT, quando a fracção molar x de PbTiO3 na solução sólida se aproxima do valor x = 0.47, para a qual se observa uma transição estrutural entre duas fases ferroeléctricas, designada por transição morfotrópica, ou MPB, do inglês "morphotropic phase boundary". Estudou-se a coexistência de fases em materiais cerâmicos no que diz respeito à fracção molar e estrutura das fases. A técnica utilizada na caracterização estrutural dos materiais foi a difracção de raios-X. O estudo foi efectuado tendo em atenção o controlo da estequiometria dos materiais. O grau de homogeneização química dos pós e dos cerâmicos sinterizados a 11 50º C e 1250ºC foi avaliado pela evolução dos parâmetros de rede médios com a temperatura e o tempo de tratamento térmico e pelo alargamento dos picos de difracção de raios-X a 450ºC, temperatura acima do ponto de Curie. Deste estudo concluiu-se que os materiais sinterizados a 1150ºC e 1250ºC atingem o equilíbrio químico. Contudo, e embora o estado de equilíbrio químico seja idêntico em todos os materiais sinterizados, independentemente das condições de temperatura e de tempo consideradas, a largura da região em que se observa a coexistência das duas fases ferroeléctricas à temperatura ambiente varia com as condições de sinterização. Estes resultados mostram que a existência de heterogeneidade química não permite explicar a coexistência de fases em cerâmicos PZT sinterizados. Os parâmetros de rede das fases ferroeléctricas romboédricas e tetragonal foram determinados em cerâmicos monofásicos e bifásicos (em que as fases ferroeléctricas romboédrica e tetragonal coexistem). À temperatura ambiente, foi observada a dependência dos parâmetros de rede da composição do PZT no interior do intervalo de coexistência de fases, o que obsta ao modelo de imiscibilidade. Por outro lado, a distribuição da fracção de fases mostrou uma boa concordância com o modelo estatístico de distribuição de fases. O modelo estatístico de distribuição de fases foi revisto no que diz respeito à dependência da largura da região de coexistência com o tamanho médio de grão do cerâmico. A microestrutura dos cerâmicos sinterizados foi caracterizada por microscopia electrónica de varrimento, tendo-se observado que o tamanho médio de grão depende das condições de sinterização, mas é aproximadamente independente da composição da solução sólida Pb(Zr1-xTix)O3 , na gama de composições estudada. A relação entre a largura da região de coexistência de fases, Lix, e o tamanho médio de grão, tgm, observada em materiais com grau idêntico de homogeneidade, é do tipo Lix oc tgm-3/2, em vez de Lix oc tgm·3 como esperado pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. A dependência observada foi fundamentada no facto da fase elementar nestes materiais ser o domínio ferroeléctrico e não o grão do cerâmico. A ordem da transição paraeléctrica-ferroeléctrica em cerâmicos de composição Pb(Zr0.51 Ti0.49)O3, tetragonais à temperatura ambiente, foi objecto de estudo neste trabalho. Analisou-se a variação do volume da célula unitária com a temperatura bem como o efeito do tamanho de grão na continuidade da transição. A transição paraeléctrica-ferroeléctrica mostra-se contínua em cerâmicos de tamanho de grão pequeno e tende para uma transição de primeira ordem quando o tamanho médio de grão do cerâmico cresce. Este facto poderá explicar um crescente determinismo da estrutura do cerâmico abaixo do ponto de Curie quando o tamanho de grão e portanto de domínio ferroeléctrico aumenta e o sistema se aproxima do monocristal e que é traduzido pela redução da largura da região de coexistência de fases. A permitividade dieléctrica foi medida em materiais monofásicos e foi observada uma relação linear entre a permitividade relativa e a distorção de rede em relação à malha cúbica. Esta relação foi extrapolada para o interior do intervalo de coexistência, onde apenas se conhecem os parâmetros de rede das fases coexistentes e a fracção molar ou volúmica de cada uma delas. Este pressuposto foi utilizado para calcular a permitividade dieléctrica de cada fase nesse intervalo. Registou-se um bom acordo entre a permitividade relativa medida experimentalmente em materiais bifásicos e a permitividade calculada usando os valores de permitividade relativa extrapolados a partir da relação linear encontrada, considerando que as duas fases têm a mesma composição química e possuem fracções volúmicas concordantes com as previstas pelo modelo estatístico de distribuição de fases em torno da transição morfotrópica. Paralelamente, observou-se que a permitividade dieléctrica relativa atinge valores mais elevados em torno da transição morfotrópica quando o tamanho médio de grão aumenta e a largura da região de coexistência de fases diminui. Consequentemente, a permitividade prevista para materiais hipoteticamente monofásicos é superior à dos materiais bifásicos da mesma composição. Este resultado invalida os modelos que propõem a coexistência de fases como causa da maximização de propriedades eléctricas em torno da transição morfotrópica. Por outro lado, observa-se que a permitividade relativa cresce em cada fase quando a distorção de rede se aproxima do sistema cúbico, comportamento estrutural que é observado quando a composição do material se aproxima da transição morfotrópica e que parece ser a causa da maximização da permitividade relativa observada. |
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