Dificuldades do Cuidador Informal do Idoso Dependente

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Catarina I F S
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10314/4781
Resumo: Introdução: O envelhecimento populacional gera desafios significativos a enfrentar pelas políticas públicas de saúde. Neste sentido, o aumento da esperança média de vida, associado ao aparecimento de patologias crónicas e situações de dependência, fazem com que a família assuma um papel preponderante na prestação de cuidados ao idoso dependente. Os familiares do idoso dependente são quem adota, na maioria das vezes, o papel de cuidador informal (CI), assegurando a prestação de cuidados imprescindíveis à preservação da sua qualidade de vida. Esta realidade acarreta uma série de exigências que permitem a permanência do idoso no seu domicílio, no entanto, é possível que surjam dificuldades ao nível físico, psicológico, emocional, social e financeiro, que podem vir a afetar o seu bem-estar. Objetivo: Caracterizar as dificuldades dos CI’s de idosos dependentes referenciados na Equipa de Cuidados Continuados Integrados da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Métodos: Estudo de natureza quantitativa, descritivo, transversal e correlacional, realizado numa amostra não probabilística, de conveniência, constituída por 35 cuidadores informais de idosos dependentes, que usufruem de cuidados de uma Equipa de Cuidados Continuados Integrados. A colheita de dados fez-se através do preenchimento de um questionário, constituído por questões sociodemográficas, pelo Índice de Barthel (versão portuguesa de Araújo, Ribeiro, Oliveira e Pinto, 2007) e pelo Índice de Avaliação das Dificuldades do Cuidador (CADI), traduzido e validado para a população portuguesa por Barreto e Brito (Brito, 2002). Os dados colhidos do conjunto de questionários foram introduzidos numa folha de cálculo Microsoft Excel (Office 2013) e processados no programa de estatística SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 23.0., 2016. Resultados: Os cuidadores informais são, na maioria, do sexo feminino (77,1%), com idades compreendidas entre 34-86 anos, apresentando uma média de idades de 65,03 anos e estado civil de casados/união de facto (77,1%), tendo completado o 1º ciclo do ensino básico (62,9%) e encontrando-se reformados a usufruir de rendimentos mensais, entre 531 a 1060 euros para o agregado familiar. A maioria dos idosos dependentes (60,0%) é do sexo masculino, com uma média de idades de 79,69 anos. A principal patologia apresentada pelos idosos dependentes foi o Acidente Vascular Cerebral (AVC) (54,3%), sendo considerada a base da necessidade da prestação de cuidados por um cuidador informal, verificando-se que a maioria dos idosos (80%) apresenta níveis de dependência total. Em termos da caraterização do contexto da prestação de cuidados, verifica-se que grande parte dos CI’s (60%) representa o cônjuge ou companheiro (a), coabitando quase todos (91,4%) com o idoso. Todos os CI’s prestam cuidados diários, sendo que 45,7% despendem 6 a 10 horas na prestação de cuidados ao idoso dependente, afirmando em cerca de 74,3%, não possuir experiência prévia neste âmbito. De acordo com o CADI, estes percecionaram maiores dificuldades nas reações à prestação de cuidados (x̅: 18,86), seguida das exigências de ordem física na prestação de cuidados (x̅: 14,83) e dos problemas relacionais com o idoso dependente (x̅: 11,94). Os CI’s percecionaram menos dificuldades na dimensão deficiente apoio profissional (x̅: 3,31). As dificuldades manifestadas pelos CI´s aumentam quando o número de horas de cuidados é maior e os CI’s com menores rendimentos, revelam mais dificuldades em cuidar dos idosos dependentes. Conclusão: O conhecimento das dificuldades dos CI’s, em cuidar do idoso dependente, por parte da equipa de enfermagem facilitará o delinear de estratégias adequadas no âmbito da prestação de cuidados domiciliários, impondo-se uma intervenção de enfermagem especializada e direcionada aos CI’s como parte integrante do processo de cuidar, com vista à obtenção de ganhos em saúde.
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