No caminho da sustentabilidade: referencial OASIS para avaliar a transição agroecológica
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25746/ruiips.v11.i3.32497 |
Resumo: | A transição agroecológica pretende responder ao paradigma de adequar a capacidade produtiva dos sistemas agrícolas à crescente necessidade de disponibilizar alimentos seguros e saudáveis, sem comprometer os recursos naturais, os processos ecológicos e a biodiversidade. A agroecologia não é uma abordagem nova, tendo sido identificada na literatura científica desde a década de 1920, e expressa nas práticas da agricultura familiar, nos movimentos sociais de base pela sustentabilidade e nas políticas públicas de vários países do mundo. Recentemente ganhou destaque na agenda de instituições internacionais. O conceito e os seus princípios, estão alinhados com 15 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com as estratégias temáticas da União Europeia, incluindo o Green Deal, Farm to Fork e Biodiversidade. Essa crescente convergência de ideias tem impulsionado a importância da agroecologia como um pilar fundamental para alcançar um futuro mais sustentável. Assim, torna-se cada vez mais importante avaliar o posicionamento e o progresso dos agricultores e das empresas em relação ao desempenho agroecológico. Essa avaliação pode ser suportada em indicadores adequados, que são normalmente estruturados na forma de referenciais de caracterização, avaliação e evolução do desempenho. Destaca-se o referencial OASIS (Original Agroecological Survey Indicator System)[1], que possibilita avaliar a exploração agrícola num determinado momento e acompanhar o seu progresso em direção a um modelo agroecológico. Dessa forma, apresenta-se como uma ferramenta essencial para dar apoio aos agricultores, possibilitando também a recolha de dados e análise estatística em áreas geográficas mais abrangentes. Adicionalmente, permite mapear o progresso na implementação de práticas agroecológicas, ao nível local, regional, nacional e global. Também pode apoiar um sistema de certificação que comunique/informe os stakeholders sobre a transição agroecológica do agricultor e da exploração e, dessa forma, apoiar comercialização dos seus produtos no mercado. É crucial que o sistema de indicadores seja robusto para ser aplicado num conjunto diversificado de explorações e contextos, que permita devolver resultados confiáveis e que os avaliadores possam ser facilmente capacitados. Este referencial foi desenvolvido por uma equipa da Agroecology Europe, em 2018, engloba cinco dimensões principais: Práticas Agroecológicas, Viabilidade Económica, Aspetos Sociopolíticos, Meio Ambiente e Biodiversidade e Resiliência, organizadas em 15 temas e 56 critérios. A avaliação dos critérios é baseada numa escala semiquantitativa, com pontuações que variam de 1 a 5. Os resultados são apresentados na forma de relatórios contendo gráficos de radar e breves descrições qualitativas. A primeira versão do OASIS foi testada no Quirguistão e posteriormente em várias áreas geográficas do Sul da Europa. No âmbito do projeto RedeSusTERRA o referencial está a ser testado em Portugal, nas regiões Centro, Oeste, Vale do Tejo e Litoral Alentejano, de forma a validar a robustez da ferramenta. Pretende-se analisar o sistema agrícola de forma integrada, em cocriação com o agricultor (decisor). Nesta comunicação descreve-se o trabalho de adequação dos critérios e escala deste referencial às especificidades dos agricultores e do território alvo do projeto. Pretende-se estudar diferentes caminhos pelos quais os agricultores podem optar e capacitá-los na transição para a agroecologia, tornando-os lighthouse farms aptos a inspirar outros agricultores. |
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No caminho da sustentabilidade: referencial OASIS para avaliar a transição agroecológicaNo caminho da sustentabilidade: referencial OASIS para avaliar a transição agroecológicaResumoA transição agroecológica pretende responder ao paradigma de adequar a capacidade produtiva dos sistemas agrícolas à crescente necessidade de disponibilizar alimentos seguros e saudáveis, sem comprometer os recursos naturais, os processos ecológicos e a biodiversidade. A agroecologia não é uma abordagem nova, tendo sido identificada na literatura científica desde a década de 1920, e expressa nas práticas da agricultura familiar, nos movimentos sociais de base pela sustentabilidade e nas políticas públicas de vários países do mundo. Recentemente ganhou destaque na agenda de instituições internacionais. O conceito e os seus princípios, estão alinhados com 15 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com as estratégias temáticas da União Europeia, incluindo o Green Deal, Farm to Fork e Biodiversidade. Essa crescente convergência de ideias tem impulsionado a importância da agroecologia como um pilar fundamental para alcançar um futuro mais sustentável. Assim, torna-se cada vez mais importante avaliar o posicionamento e o progresso dos agricultores e das empresas em relação ao desempenho agroecológico. Essa avaliação pode ser suportada em indicadores adequados, que são normalmente estruturados na forma de referenciais de caracterização, avaliação e evolução do desempenho. Destaca-se o referencial OASIS (Original Agroecological Survey Indicator System)[1], que possibilita avaliar a exploração agrícola num determinado momento e acompanhar o seu progresso em direção a um modelo agroecológico. Dessa forma, apresenta-se como uma ferramenta essencial para dar apoio aos agricultores, possibilitando também a recolha de dados e análise estatística em áreas geográficas mais abrangentes. Adicionalmente, permite mapear o progresso na implementação de práticas agroecológicas, ao nível local, regional, nacional e global. Também pode apoiar um sistema de certificação que comunique/informe os stakeholders sobre a transição agroecológica do agricultor e da exploração e, dessa forma, apoiar comercialização dos seus produtos no mercado. É crucial que o sistema de indicadores seja robusto para ser aplicado num conjunto diversificado de explorações e contextos, que permita devolver resultados confiáveis e que os avaliadores possam ser facilmente capacitados. Este referencial foi desenvolvido por uma equipa da Agroecology Europe, em 2018, engloba cinco dimensões principais: Práticas Agroecológicas, Viabilidade Económica, Aspetos Sociopolíticos, Meio Ambiente e Biodiversidade e Resiliência, organizadas em 15 temas e 56 critérios. A avaliação dos critérios é baseada numa escala semiquantitativa, com pontuações que variam de 1 a 5. Os resultados são apresentados na forma de relatórios contendo gráficos de radar e breves descrições qualitativas. A primeira versão do OASIS foi testada no Quirguistão e posteriormente em várias áreas geográficas do Sul da Europa. No âmbito do projeto RedeSusTERRA o referencial está a ser testado em Portugal, nas regiões Centro, Oeste, Vale do Tejo e Litoral Alentejano, de forma a validar a robustez da ferramenta. Pretende-se analisar o sistema agrícola de forma integrada, em cocriação com o agricultor (decisor). Nesta comunicação descreve-se o trabalho de adequação dos critérios e escala deste referencial às especificidades dos agricultores e do território alvo do projeto. Pretende-se estudar diferentes caminhos pelos quais os agricultores podem optar e capacitá-los na transição para a agroecologia, tornando-os lighthouse farms aptos a inspirar outros agricultores. The agroecological transition aims to respond to the paradigm of adapting the productive capacity of agricultural systems to the growing need to provide safe and healthy food without compromising natural resources, ecological processes, and biodiversity. Agroecology is not a new approach, having been identified in the scientific literature since the 1920s and expressed in family farming practices, in grassroots social movements for sustainability and in public policies in several countries around the world. It has recently gained prominence on the agenda of international institutions. The concept and its principles are aligned with 15 of the 17 Sustainable Development Goals and with the European Union's thematic strategies, including the Green Deal, Farm to Fork and Biodiversity. This growing convergence of ideas has reinforced the importance of agroecology as a fundamental pillar for achieving a more sustainable future. Thus, it becomes increasingly important to assess the position and progress of farmers and companies in relation to agroecological performance. This assessment can be supported by appropriate indicators, which are normally structured in the form of performance characterization, evaluation, and evolution references. Of note is the OASIS - Original Agroecological Survey Indicator System [1], which makes it possible to assess the farm at a given time and monitor its progress towards an agroecological model. In this way, it is an essential tool to support farmers, also enabling data collection and statistical analysis over large geographical areas. Additionally, it allows mapping progress in the implementation of agroecological practices, at local, regional, national, and global levels. It can also support a certification system that communicates/informs the stakeholders about the agroecological transition of the farmer and the exploration and, in this way, support the commercialization of its products in the market. It is essential that this indicator system is robust so that it can be applied to a wide range of farms and contexts, that it allows returning reliable results and that evaluators can be easily trained. OASIS was developed by the Agroecology Europe team in 2018 and encompasses five main dimensions: Agroecological practices, Economic viability, Socio-political aspects, environment and biodiversity, and resilience, organised into 15 themes and 56 criteria. The criteria are scored on a semi-quantitative scale from 1 to 5. The results are presented in reports with radar charts and short qualitative descriptions. The first version of OASIS was tested in Kyrgyzstan and later in several geographical areas in Southern Europe. As part of the RedeSusTERRA project, the reference is being tested in Portugal, in the Centre, West, Tagus Valley and Alentejo Coast regions, to validate the robustness of the tool. The aim is to analyse the agricultural system in an integrated way, in co-creation with the farmer (decision maker). This communication describes the work of adapting the criteria and scale of this reference to the specificities of the farmers and the target territory of the project. It is intended to study different ways that farmers can choose and train them in the transition to agroecology, making lighthouse farms able to inspire other farmers.Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém2023-12-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25746/ruiips.v11.i3.32497por2182-9608Ruivo, PaulaGodinho, MariaFerreira, MafaldaCoelho, RosaNunes, Anainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-04T19:16:00Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/32497Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:30:05.069097Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A transição agroecológica pretende responder ao paradigma de adequar a capacidade produtiva dos sistemas agrícolas à crescente necessidade de disponibilizar alimentos seguros e saudáveis, sem comprometer os recursos naturais, os processos ecológicos e a biodiversidade. A agroecologia não é uma abordagem nova, tendo sido identificada na literatura científica desde a década de 1920, e expressa nas práticas da agricultura familiar, nos movimentos sociais de base pela sustentabilidade e nas políticas públicas de vários países do mundo. Recentemente ganhou destaque na agenda de instituições internacionais. O conceito e os seus princípios, estão alinhados com 15 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com as estratégias temáticas da União Europeia, incluindo o Green Deal, Farm to Fork e Biodiversidade. Essa crescente convergência de ideias tem impulsionado a importância da agroecologia como um pilar fundamental para alcançar um futuro mais sustentável. Assim, torna-se cada vez mais importante avaliar o posicionamento e o progresso dos agricultores e das empresas em relação ao desempenho agroecológico. Essa avaliação pode ser suportada em indicadores adequados, que são normalmente estruturados na forma de referenciais de caracterização, avaliação e evolução do desempenho. Destaca-se o referencial OASIS (Original Agroecological Survey Indicator System)[1], que possibilita avaliar a exploração agrícola num determinado momento e acompanhar o seu progresso em direção a um modelo agroecológico. Dessa forma, apresenta-se como uma ferramenta essencial para dar apoio aos agricultores, possibilitando também a recolha de dados e análise estatística em áreas geográficas mais abrangentes. Adicionalmente, permite mapear o progresso na implementação de práticas agroecológicas, ao nível local, regional, nacional e global. Também pode apoiar um sistema de certificação que comunique/informe os stakeholders sobre a transição agroecológica do agricultor e da exploração e, dessa forma, apoiar comercialização dos seus produtos no mercado. É crucial que o sistema de indicadores seja robusto para ser aplicado num conjunto diversificado de explorações e contextos, que permita devolver resultados confiáveis e que os avaliadores possam ser facilmente capacitados. Este referencial foi desenvolvido por uma equipa da Agroecology Europe, em 2018, engloba cinco dimensões principais: Práticas Agroecológicas, Viabilidade Económica, Aspetos Sociopolíticos, Meio Ambiente e Biodiversidade e Resiliência, organizadas em 15 temas e 56 critérios. A avaliação dos critérios é baseada numa escala semiquantitativa, com pontuações que variam de 1 a 5. Os resultados são apresentados na forma de relatórios contendo gráficos de radar e breves descrições qualitativas. A primeira versão do OASIS foi testada no Quirguistão e posteriormente em várias áreas geográficas do Sul da Europa. No âmbito do projeto RedeSusTERRA o referencial está a ser testado em Portugal, nas regiões Centro, Oeste, Vale do Tejo e Litoral Alentejano, de forma a validar a robustez da ferramenta. Pretende-se analisar o sistema agrícola de forma integrada, em cocriação com o agricultor (decisor). Nesta comunicação descreve-se o trabalho de adequação dos critérios e escala deste referencial às especificidades dos agricultores e do território alvo do projeto. Pretende-se estudar diferentes caminhos pelos quais os agricultores podem optar e capacitá-los na transição para a agroecologia, tornando-os lighthouse farms aptos a inspirar outros agricultores. |
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