Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nóbrega, Bárbara Joana Sousa
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/13819
Resumo: A literatura indica que as pessoas têm maior facilidade em reconhecer faces da sua raça comparativamente a faces de outros grupos raciais. Alguns estudos investigaram o reconhecimento de faces categorizadas como pertencentes ao próprio grupo (ingroup) ou a um grupo externo (outgroup), ambos desprovidos de significado racial, concluindo que a mera categorização das faces é suficiente para elicitar um maior reconhecimento de faces pertencentes ao próprio grupo, comparativamente a faces de um grupo externo – cross-category effect (CCE). Segundo a literatura, indivíduos de um grupo racial, que não seja o próprio (outugroup), são mais facilmente associados a um estímulo aversivo do que os indivíduos da sua própria raça. Os preconceitos de medo condicionado aplicam-se também aos contextos de grupos não raciais, de maneira que os sujeitos aprendem com maior facilidade uma resposta de medo quando os estímulos aversivos são emparelhados com faces de um outgroup. O presente estudo, à semelhança de um estudo de Bernstein e colaboradores (2007), tem como objetivo verificar se a mera categorização das faces como membro de um ingroup ou outgroup é suficiente para elicitar o CCE. No entanto, pretende-se ainda verificar se a categorização de faces como pertencendo a um outgroup potencialmente ameaçador ou perigoso, poderá provocar um viés atencional para a perigosidade, alterando o efeito anteriormente referido. Deste modo, numa das condições experimentais, procedeu-se à categorização das faces em três grupos: estudantes da mesma universidade dos participantes (Universidade de Aveiro), estudantes de uma universidade rival (Universidade da Beira interior) e reclusos do Instituto Prisional de Leiria. A literatura indica ainda que outro fator que pode enviesar o reconhecimento de faces é a atratividade e que os estereótipos criminais se associam à atratividade facial, na medida em que faces menos atrativas são mais associadas a atos criminosos. Assim, pretende-se também averiguar se o nível de atratividade das faces afeta significativamente a perícia do reconhecimento, particularmente em interação com os outros fatores em estudo. Os resultados desta investigação não indicaram um efeito significativo para a categorização social das faces, não sendo possível verificar o CCE. No entanto verificou-se uma tendência para melhor perícia no reconhecimento de faces categorizadas como reclusos do Instituto Prisional de Leiria, sugerindo um possível enviesamento para a perigosidade do outgroup. Estes resultados poderão trazer novas implicações para o estudo da categorização social, nomeadamente para os fatores, como a perigosidade, que podem enviesar o reconhecimento e alterar ou moderar o CCE.
id RCAP_6d007445d0547742b29e5ec462d18128
oai_identifier_str oai:ria.ua.pt:10773/13819
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Categorização social e viés atencional no reconhecimento de facesPsicologia clínicaPsicologia da saúdeExpressão facialDiferenças raciaisGrupos étnicosClasses sociaisReconhecimento facialA literatura indica que as pessoas têm maior facilidade em reconhecer faces da sua raça comparativamente a faces de outros grupos raciais. Alguns estudos investigaram o reconhecimento de faces categorizadas como pertencentes ao próprio grupo (ingroup) ou a um grupo externo (outgroup), ambos desprovidos de significado racial, concluindo que a mera categorização das faces é suficiente para elicitar um maior reconhecimento de faces pertencentes ao próprio grupo, comparativamente a faces de um grupo externo – cross-category effect (CCE). Segundo a literatura, indivíduos de um grupo racial, que não seja o próprio (outugroup), são mais facilmente associados a um estímulo aversivo do que os indivíduos da sua própria raça. Os preconceitos de medo condicionado aplicam-se também aos contextos de grupos não raciais, de maneira que os sujeitos aprendem com maior facilidade uma resposta de medo quando os estímulos aversivos são emparelhados com faces de um outgroup. O presente estudo, à semelhança de um estudo de Bernstein e colaboradores (2007), tem como objetivo verificar se a mera categorização das faces como membro de um ingroup ou outgroup é suficiente para elicitar o CCE. No entanto, pretende-se ainda verificar se a categorização de faces como pertencendo a um outgroup potencialmente ameaçador ou perigoso, poderá provocar um viés atencional para a perigosidade, alterando o efeito anteriormente referido. Deste modo, numa das condições experimentais, procedeu-se à categorização das faces em três grupos: estudantes da mesma universidade dos participantes (Universidade de Aveiro), estudantes de uma universidade rival (Universidade da Beira interior) e reclusos do Instituto Prisional de Leiria. A literatura indica ainda que outro fator que pode enviesar o reconhecimento de faces é a atratividade e que os estereótipos criminais se associam à atratividade facial, na medida em que faces menos atrativas são mais associadas a atos criminosos. Assim, pretende-se também averiguar se o nível de atratividade das faces afeta significativamente a perícia do reconhecimento, particularmente em interação com os outros fatores em estudo. Os resultados desta investigação não indicaram um efeito significativo para a categorização social das faces, não sendo possível verificar o CCE. No entanto verificou-se uma tendência para melhor perícia no reconhecimento de faces categorizadas como reclusos do Instituto Prisional de Leiria, sugerindo um possível enviesamento para a perigosidade do outgroup. Estes resultados poderão trazer novas implicações para o estudo da categorização social, nomeadamente para os fatores, como a perigosidade, que podem enviesar o reconhecimento e alterar ou moderar o CCE.The literature indicates that people have more facility in recognizing faces of their own race comparatively to faces of other racial groups. Some studies have investigated the recognition of faces categorized as belonging to their own group (ingroup) or an external group (outgroup), both devoid of racial meaning, concluding that the mere categorization of faces is enough to elicit a greater recognition of faces belonging to own group compared to faces of an external group – cross-category effect (CCE). According to the literature the individuals of a racial group who aren't in their own group (outgroup) are easily associated with an aversive stimulus comparatively to individuals of their own race. The stereotypes of conditioned fear apply also to the non-racial group context so that individuals easily learn a fear response when the aversive stimulus is paired with faces from an outgroup. The present study is similar to a study from Bernstein and collaborators (2007) and aims to verify if the mere categorization of faces as a member of an ingroup or outgroup is enough to elicit the CCE. However we also aim to verify if the categorization of faces as a member of a dangerous or threatening outgroup may cause an attencional bias to the dangerousness and consequently modify the CCE. Therefore, in one of the experimental conditions, we divided the categorization of faces in three different groups: students from the same university as the participants (Universidade de Aveiro), students from a rival university (Universidade da Beira Interior) and prisoners from the “Instituto Prisional de Leiria”. According to the literature another factor which could bias the facial recognition is the attractiveness of faces and the criminal stereotypes that are associated to the facial attractiveness in which less attractive faces are more associated with criminal acts. Thus we also intend to investigate if the level of attractiveness of faces affects significantly the accuracy of recognition, especially this interaction with the other variables in study. The results of the present investigation didn’t indicate a significant effect of the social categorization, and wasn’t possible to verify the CCE. Nevertheless we verified a tendency to better accuracy in the recognition of categorized faces as “Reclusos do Instituto Prisional de Leiria” which may suggest an attention bias to the dangerousness from the outgroup. These results may bring new implications to the study of social categorization particularly to the variables like dangerousness which may bias the recognition and change or moderate the CCE.Universidade de Aveiro2015-04-16T15:46:43Z2014-01-01T00:00:00Z2014info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/13819TID:201567350porNóbrega, Bárbara Joana Sousainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:25:12Zoai:ria.ua.pt:10773/13819Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:49:34.498305Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
title Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
spellingShingle Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
Nóbrega, Bárbara Joana Sousa
Psicologia clínica
Psicologia da saúde
Expressão facial
Diferenças raciais
Grupos étnicos
Classes sociais
Reconhecimento facial
title_short Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
title_full Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
title_fullStr Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
title_full_unstemmed Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
title_sort Categorização social e viés atencional no reconhecimento de faces
author Nóbrega, Bárbara Joana Sousa
author_facet Nóbrega, Bárbara Joana Sousa
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Nóbrega, Bárbara Joana Sousa
dc.subject.por.fl_str_mv Psicologia clínica
Psicologia da saúde
Expressão facial
Diferenças raciais
Grupos étnicos
Classes sociais
Reconhecimento facial
topic Psicologia clínica
Psicologia da saúde
Expressão facial
Diferenças raciais
Grupos étnicos
Classes sociais
Reconhecimento facial
description A literatura indica que as pessoas têm maior facilidade em reconhecer faces da sua raça comparativamente a faces de outros grupos raciais. Alguns estudos investigaram o reconhecimento de faces categorizadas como pertencentes ao próprio grupo (ingroup) ou a um grupo externo (outgroup), ambos desprovidos de significado racial, concluindo que a mera categorização das faces é suficiente para elicitar um maior reconhecimento de faces pertencentes ao próprio grupo, comparativamente a faces de um grupo externo – cross-category effect (CCE). Segundo a literatura, indivíduos de um grupo racial, que não seja o próprio (outugroup), são mais facilmente associados a um estímulo aversivo do que os indivíduos da sua própria raça. Os preconceitos de medo condicionado aplicam-se também aos contextos de grupos não raciais, de maneira que os sujeitos aprendem com maior facilidade uma resposta de medo quando os estímulos aversivos são emparelhados com faces de um outgroup. O presente estudo, à semelhança de um estudo de Bernstein e colaboradores (2007), tem como objetivo verificar se a mera categorização das faces como membro de um ingroup ou outgroup é suficiente para elicitar o CCE. No entanto, pretende-se ainda verificar se a categorização de faces como pertencendo a um outgroup potencialmente ameaçador ou perigoso, poderá provocar um viés atencional para a perigosidade, alterando o efeito anteriormente referido. Deste modo, numa das condições experimentais, procedeu-se à categorização das faces em três grupos: estudantes da mesma universidade dos participantes (Universidade de Aveiro), estudantes de uma universidade rival (Universidade da Beira interior) e reclusos do Instituto Prisional de Leiria. A literatura indica ainda que outro fator que pode enviesar o reconhecimento de faces é a atratividade e que os estereótipos criminais se associam à atratividade facial, na medida em que faces menos atrativas são mais associadas a atos criminosos. Assim, pretende-se também averiguar se o nível de atratividade das faces afeta significativamente a perícia do reconhecimento, particularmente em interação com os outros fatores em estudo. Os resultados desta investigação não indicaram um efeito significativo para a categorização social das faces, não sendo possível verificar o CCE. No entanto verificou-se uma tendência para melhor perícia no reconhecimento de faces categorizadas como reclusos do Instituto Prisional de Leiria, sugerindo um possível enviesamento para a perigosidade do outgroup. Estes resultados poderão trazer novas implicações para o estudo da categorização social, nomeadamente para os fatores, como a perigosidade, que podem enviesar o reconhecimento e alterar ou moderar o CCE.
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014-01-01T00:00:00Z
2014
2015-04-16T15:46:43Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10773/13819
TID:201567350
url http://hdl.handle.net/10773/13819
identifier_str_mv TID:201567350
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Aveiro
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Aveiro
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137546541727744