Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nunes, Tiago Daniel Tomé
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/11387
Resumo: A insuficiência cardíaca (IC) é definida pela American Heart Association como “um síndrome clínico complexo que resulta de uma alteração funcional e/ou estrutural do enchimento ou ejeção ventricular”. É uma das doenças com maior impacto a nível da saúde pública global, com uma prevalência de cerca de 26 milhões em todo o mundo (1-2% da população) e continua a ser a principal causa de morbimortalidade cardiovascular. Mais de 50% dos doentes morrem cinco anos após o diagnóstico, o que representa uma taxa de sobrevivência inferior à de muitos cancros. A prevalência da IC aumenta com a idade, atingindo 6-10% dos indivíduos com idade superior a 65 anos. Na Europa a mortalidade intra-hospitalar por IC ronda os 7-9%, sendo atualmente superior à do enfarte agudo do miocárdio. Adicionalmente, as mais recentes projeções indicam que a prevalência de IC aumentará em 25% até 2030. O triplo bloqueio neuro-hormonal alcançado quando se utiliza a combinação de um inibidor da enzima conversora da Angiotensina + ß-Bloqueantes + antagonistas dos mineralocorticóides, demonstrou uma maior redução na mortalidade e nos internamentos por IC. É por isso, considerado atualmente o pilar do tratamento da IC com fração de ejeção reduzida (IC FEr). No entanto, apesar destes avanços, a mortalidade aos 3 anos destes pacientes continua acima dos 30%. Novos medicamentos têm sido desenvolvidos e recentemente aprovados no tratamento desta patologia. Fármacos como o Sacubitril/Valsartan, o Levosimendan e os inibidores da SGLT-2 prometem expandir o número de opções terapêuticas na IC FEr e até tratar a IC e as suas comorbilidades (ex. diabetes) em simultâneo. Contudo, uma grande percentagem das mortes entre pacientes com IC, ocorre de forma súbita e inesperada. Muitos destes casos são devido a alterações elétricas e, por isso, investir em terapêuticas que melhorem ou atrasem a progressão das doenças cardiovasculares, terá um impacto significativo na redução dos casos de morte súbita. É neste paradigma que os dispositivos intracardíacos entram em ação. A terapia de ressincronização cardíaca e os cardio-disfibrilhadores implantáveis têm sido utilizados no tratamento da IC há vários anos. No entanto, sabemos que as indicações para a sua utilização são restritas e nem todos os pacientes respondem favoravelmente à sua implantação. Novos desenvolvimentos tecnológicos a nível dos left ventricular assist devices e o surgimento de novos dispositivos de modulação da contratilidade cardíaca, podem permitir combater esta problemática e alcançar um número substancialmente maior de doentes, quando a terapia farmacológica otimizada falha.
id RCAP_6d936d998a5317bebd7b837772c7290c
oai_identifier_str oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11387
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacosDispositivos IntracardíacosInsuficiência CardíacaTerapêutica FarmacológicaDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaA insuficiência cardíaca (IC) é definida pela American Heart Association como “um síndrome clínico complexo que resulta de uma alteração funcional e/ou estrutural do enchimento ou ejeção ventricular”. É uma das doenças com maior impacto a nível da saúde pública global, com uma prevalência de cerca de 26 milhões em todo o mundo (1-2% da população) e continua a ser a principal causa de morbimortalidade cardiovascular. Mais de 50% dos doentes morrem cinco anos após o diagnóstico, o que representa uma taxa de sobrevivência inferior à de muitos cancros. A prevalência da IC aumenta com a idade, atingindo 6-10% dos indivíduos com idade superior a 65 anos. Na Europa a mortalidade intra-hospitalar por IC ronda os 7-9%, sendo atualmente superior à do enfarte agudo do miocárdio. Adicionalmente, as mais recentes projeções indicam que a prevalência de IC aumentará em 25% até 2030. O triplo bloqueio neuro-hormonal alcançado quando se utiliza a combinação de um inibidor da enzima conversora da Angiotensina + ß-Bloqueantes + antagonistas dos mineralocorticóides, demonstrou uma maior redução na mortalidade e nos internamentos por IC. É por isso, considerado atualmente o pilar do tratamento da IC com fração de ejeção reduzida (IC FEr). No entanto, apesar destes avanços, a mortalidade aos 3 anos destes pacientes continua acima dos 30%. Novos medicamentos têm sido desenvolvidos e recentemente aprovados no tratamento desta patologia. Fármacos como o Sacubitril/Valsartan, o Levosimendan e os inibidores da SGLT-2 prometem expandir o número de opções terapêuticas na IC FEr e até tratar a IC e as suas comorbilidades (ex. diabetes) em simultâneo. Contudo, uma grande percentagem das mortes entre pacientes com IC, ocorre de forma súbita e inesperada. Muitos destes casos são devido a alterações elétricas e, por isso, investir em terapêuticas que melhorem ou atrasem a progressão das doenças cardiovasculares, terá um impacto significativo na redução dos casos de morte súbita. É neste paradigma que os dispositivos intracardíacos entram em ação. A terapia de ressincronização cardíaca e os cardio-disfibrilhadores implantáveis têm sido utilizados no tratamento da IC há vários anos. No entanto, sabemos que as indicações para a sua utilização são restritas e nem todos os pacientes respondem favoravelmente à sua implantação. Novos desenvolvimentos tecnológicos a nível dos left ventricular assist devices e o surgimento de novos dispositivos de modulação da contratilidade cardíaca, podem permitir combater esta problemática e alcançar um número substancialmente maior de doentes, quando a terapia farmacológica otimizada falha.Heart failure (HF) is defined by the American Heart Association as "a complex clinical syndrome that results from any structural or functional impairment of ventricular filling or ejection of blood.” It´s a disease that has a major impact on global public health, with a prevalence of around 26 million worldwide (1-2% of the population) and remains as the main cause of cardiovascular morbidity and mortality. More than 50% of patients die, five years after the diagnosis is made, which represents a survival rate lower than most cancers. The prevalence of HF increases with age, reaching 6-10% in patients over the age of 65. In Europe, hospital mortality from HF is around 7-9%, being currently higher than that of acute myocardial infarction. In addition, the most recent projections indicate that the prevalence of HF will increase by 25% by 2030. The triple neurohormonal blockade achieved by using an angiotensin-converting enzyme inhibitor + beta-blocker + mineralocorticoid receptor antagonist, has been shown to lead to a greater reduction in mortality and hospitalizations related to HF. That is why it is currently considered the main pillar in the treatment of HF with reduced ejection fraction (HFrEF). However, despite these advances, the mortality at the 3 years mark in these patients remains above 30%. New drugs have been developed and approved in the treatment of this condition. Agents such as Sacubitril / Valsantan, Levosimendan and SGLT-2 inhibitors promise to expand the number of therapeutic options against HFrEF and even allow the possibility to treat HF and its comorbidities (e.g. Diabetes) at the same time. However, a large percentage of deaths among patients with HF occur suddenly and unexpectedly. Many cases are due to electrical changes and, therefore, investing in therapies that improve or delay the progression of CV diseases will have a significant impact in reducing cases of sudden death. It is in this paradigm that cardiac devices come into play. Cardiac resynchronization therapy and implantable cardioverter defibrillator have been used in the treatment of HF for several years. However, we know that the indications for its use are restricted and not all patients are likely to have a positive response. New technological developments in the left ventricular assist device department and the emergence of new cardiac contractility modulation devices (CCM), may allow to tackle this problem and reach a greater number of patients, when optimal medical treatment fails.Rodrigues, Bruno Filipe da Cruz AlmeidaRodrigues, Manuel de CarvalhouBibliorumNunes, Tiago Daniel Tomé2021-12-02T14:32:57Z2021-07-012021-04-152021-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/11387TID:202789969porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:53:50Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11387Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:51:11.625517Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
title Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
spellingShingle Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
Nunes, Tiago Daniel Tomé
Dispositivos Intracardíacos
Insuficiência Cardíaca
Terapêutica Farmacológica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::Medicina
title_short Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
title_full Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
title_fullStr Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
title_full_unstemmed Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
title_sort Insuficiência Cardíaca: da terapêutica farmacológica aos dispositivos intracardíacos
author Nunes, Tiago Daniel Tomé
author_facet Nunes, Tiago Daniel Tomé
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Rodrigues, Bruno Filipe da Cruz Almeida
Rodrigues, Manuel de Carvalho
uBibliorum
dc.contributor.author.fl_str_mv Nunes, Tiago Daniel Tomé
dc.subject.por.fl_str_mv Dispositivos Intracardíacos
Insuficiência Cardíaca
Terapêutica Farmacológica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::Medicina
topic Dispositivos Intracardíacos
Insuficiência Cardíaca
Terapêutica Farmacológica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::Medicina
description A insuficiência cardíaca (IC) é definida pela American Heart Association como “um síndrome clínico complexo que resulta de uma alteração funcional e/ou estrutural do enchimento ou ejeção ventricular”. É uma das doenças com maior impacto a nível da saúde pública global, com uma prevalência de cerca de 26 milhões em todo o mundo (1-2% da população) e continua a ser a principal causa de morbimortalidade cardiovascular. Mais de 50% dos doentes morrem cinco anos após o diagnóstico, o que representa uma taxa de sobrevivência inferior à de muitos cancros. A prevalência da IC aumenta com a idade, atingindo 6-10% dos indivíduos com idade superior a 65 anos. Na Europa a mortalidade intra-hospitalar por IC ronda os 7-9%, sendo atualmente superior à do enfarte agudo do miocárdio. Adicionalmente, as mais recentes projeções indicam que a prevalência de IC aumentará em 25% até 2030. O triplo bloqueio neuro-hormonal alcançado quando se utiliza a combinação de um inibidor da enzima conversora da Angiotensina + ß-Bloqueantes + antagonistas dos mineralocorticóides, demonstrou uma maior redução na mortalidade e nos internamentos por IC. É por isso, considerado atualmente o pilar do tratamento da IC com fração de ejeção reduzida (IC FEr). No entanto, apesar destes avanços, a mortalidade aos 3 anos destes pacientes continua acima dos 30%. Novos medicamentos têm sido desenvolvidos e recentemente aprovados no tratamento desta patologia. Fármacos como o Sacubitril/Valsartan, o Levosimendan e os inibidores da SGLT-2 prometem expandir o número de opções terapêuticas na IC FEr e até tratar a IC e as suas comorbilidades (ex. diabetes) em simultâneo. Contudo, uma grande percentagem das mortes entre pacientes com IC, ocorre de forma súbita e inesperada. Muitos destes casos são devido a alterações elétricas e, por isso, investir em terapêuticas que melhorem ou atrasem a progressão das doenças cardiovasculares, terá um impacto significativo na redução dos casos de morte súbita. É neste paradigma que os dispositivos intracardíacos entram em ação. A terapia de ressincronização cardíaca e os cardio-disfibrilhadores implantáveis têm sido utilizados no tratamento da IC há vários anos. No entanto, sabemos que as indicações para a sua utilização são restritas e nem todos os pacientes respondem favoravelmente à sua implantação. Novos desenvolvimentos tecnológicos a nível dos left ventricular assist devices e o surgimento de novos dispositivos de modulação da contratilidade cardíaca, podem permitir combater esta problemática e alcançar um número substancialmente maior de doentes, quando a terapia farmacológica otimizada falha.
publishDate 2021
dc.date.none.fl_str_mv 2021-12-02T14:32:57Z
2021-07-01
2021-04-15
2021-07-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.6/11387
TID:202789969
url http://hdl.handle.net/10400.6/11387
identifier_str_mv TID:202789969
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136401305894912