Marcgravia longifolia, a keystone resource for vertebrates in Western Amazonia?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paciência, Filipa da Maia Domingues, 1986-
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/15317
Resumo: Tese de mestrado. Biologia (Biologia da Conservação). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2014
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spelling Marcgravia longifolia, a keystone resource for vertebrates in Western Amazonia?EcologiaRecursos chaveAmazónia - PerúTeses de mestrado - 2014Tese de mestrado. Biologia (Biologia da Conservação). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2014Defining Keystone Plant Resources (KPRs) has been a difficult task amongst researchers. The most common parameters to describe a KPR relate to the impact of the latter on vertebrate assemblages, their fruit abundance and reliability and their importance during periods of fruit scarcity. This study, aims to fill a gap in the knowledge of Marcgravia longifolia ecology. This liana species is present in the Neotropics, and has the particular characteristic of producing fruits throughout its trunk, from low levels to the top. Therefore, we proposed it as a candidate KPR, since it can feed a wide range of vertebrates at different forest strata. The research was conducted at the Estación Biológica Quebrada Blanco (EBQB), in the Peruvian Amazon. Focal observations on different Marcgravia longifolia individuals revealed visitations by 17% by the bird species assemblage that exists at Quebrada Blanco (with approximately 324 species). When analyzing only species that actually fed on Marcgravia longifolia fruits, this percentage was still significant (14%). Additionally, phenology records showed that this species produced a high amount of fruits (ranging from 1516 to 5706 fruits per individual), while simultaneously having flowers available (with nectaries providing nectar). Fruits were shown to carry a high level of sugar, proteins and lipids, which potential makes them a very important resource for vertebrates in the community. Curiously, fruits also contained a considerable amount of tannins and phenols. These might constitute deterrents for vertebrate consumers of M. longifolia that are not efficient seed dispersers. Recognizing KPRs is of extreme importance when projecting or monitoring conservation areas, as well as for the creation of new policies and guidelines. However, it is important to highlight that the keystone status is not restricted to species, but instead context-dependent, with the community structure being the main responsible for this categorization.A definição de recursos-chave não tem sido uma tarefa fácil entre investigadores. No entanto os parâmetros mais utilizados para a descrição de recursos-chave, estão relacionados maioritariamente com o seu impacto na comunidade de vertebrados, a sua abundância e fiabilidade na época de frutificação e finalmente com a sua importância durante períodos de seca e escassez alimentar. Este estudo visa o preenchimento de uma lacuna sobre a ecologia da Marcgravia longifolia, uma espécie de liana Neotropical que possui a característica peculiar de produzir infrutescências com frutos ao longo de todo o tronco desde os níveis mais baixos até à canópia, assim como inflorescências e néctar. Assim sendo, propõe-se esta liana como uma candidata a recurso-chave, devido à sua particularidade de poder ser utilizada por um grande leque de vertebrados que vivem em diferentes estratos da floresta tropical. O único estudo efectuado com base nesta espécie pertence a Tirado Herrera et al (2003) onde foram identificados os seguintes consumidores e dispersores desta liana: duas espécies de aves da família Pipridae, Dixiphia pipra e Lepidothrix coronata e três espécies de primatas, Callicebus cupreus, Saguinus mystax e Saguinus nigrifrons. Foi também identificado um polinizador, Anoura caudifer, uma espécie de morcego pertencente á subfamília Glossophaginae, que se alimenta do néctar presente nos nectários das inflorescências (as flores florescem apenas de noite, fechando pela manhã). Esta investigação, foi efectuada na Estación Biológica Quebrada Blanco (EBQB), na Amazónia Peruana, tal como o trabalho de campo desenvolvido nesta tese. A estação, dirigida pela DPZ (Deutsche Primatenzentrum), possui cerca de 100 hectares e é composta por um sistema de trilhos desenvolvidos aquando da sua fundação. A vegetação é dominada maioritariamente por floresta primária de terra-firme e por pequenas zonas pantanosas. O trabalho de campo, desenvolvido entre Outubro de 2013 a Janeiro de 1024, teve como tarefa primária a localização e marcação dos vários indivíduos de Marcgravia longifolia com o auxílio de um GPS (alguns indivíduos eram previamente conhecidos devido ao estudo efectuado em 2003). No total foram identificados 52 indivíduos de Marcgravia sendo que entre eles, 3 pertencem a outra espécie que não M. longifolia e por isso não serão analisados no seguimento deste trabalho, permanecendo assim com um total de 49 indivíduos. Esta espécie de liana, possui um período de frutificação entre Setembro e Dezembro, onde a abundância de frutos e flores é mais elevada. No entanto apresenta frutos durante a maior parte do ano, incluindo a época seca. Para comprovar a sua importância como recurso-chave, e para se obter mais informação sobre os possíveis visitantes e consumidores desta espécie, foram efectuadas observações focais entre sete lianas de Marcgravia longifolia. A escolha dos indivíduos teve por base as sua acessibilidade e observação, tal como a visibilidade dos frutos. As observações foram efectuadas entre as 6 horas da manhã e as 12 horas da tarde, alternando os horários entre as diferentes lianas. Os resultados obtidos das observações focais foram comparados com um inventário de aves efectuado por Lars Pomara em 2006 na zona de Quebrada Blanco, onde cerca de 324 espécies foram identificadas. Assim, verificou-se que 17% destas aves eram visitantes da M. longifolia. Ao analisar esta percentagem relativamente aos consumidores (pois nem todos os visitantes consumiram frutos durante a sua visita) obteve-se um resultado de 14%, traduzindo-se num valor bastante significativo da comunidade de aves que se alimenta desta liana. Adicionalmente, trabalho fenológico realizado durante o estudo, onde inflorescências e infrutescências foram contabilizadas, demonstrou que diferentes indivíduos de Marcgravia longifolia são capazes de produzir uma elevada quantidade de frutos (entre 1516 a 5706 frutos por individuo). Relativamente aos frutos, foram efectuados testes sobre a quantidade de açúcar existente nos mesmos através de um refractómetro manual (0 – 32% Brix), tendo-se obtido uma média de 25% (desvio padrão = 2.3) num intervalo de 18.5% - 29.2%, o que revela um elevado nível de açúcar. Estes resultados corroboram um estudo efectuado sobre frutos consumidos por primatas e morcegos também na EBQB em que foi demonstrado que os frutos de M. longifolia, em comparação com outros analisados, possuem não só elevadas quantidades de açúcar mas também de proteínas e lípidos (Ripperger et al. 2014) revelando-se assim um importante recurso para a comunidade. Curiosamente, na análise efectuada foi também demonstrado que estes frutos são detentores de taninos e fenóis, especulando-se sobre a sua função de dissuasão de possíveis consumidores que não tenham um papel de dispersor desta planta. Aliado ao valor nutritivo, estes frutos possuem também um elevador teor em água, pois ao comparar o seu peso fresco com o peso seco (medido após os frutos serem deixados dois dias em sílica) verificou-se que houve uma redução do peso para menos de metade. Adicionalmente aos estudos acima referido, foram também colectadas amostras fenológicas (folhas, frutos, análise da presença látex) dos hospedeiros utilizados pela Marcgravia longifolia. No entanto, vários hospedeiros devido à sua altura, canópias com pouca folhagem ou devido à presença de muitas epífitas, a recolha de amostras não foi possível, permanecendo alguns indivíduos sem identificação. Assim sendo, no total foram identificados 36 hospedeiros sendo o género mais comum pertencente à família Lecythidaceca e ao género Eschweilera. Todas as análises efectuadas tiveram por base o género e família para evitar conflitos taxonómicos de espécies entre botânicos. Para analisar se existia preferência de hospedeiros por parte da M. longifolia compararam-se os seus hospedeiros com um inventário efectuado por Dávila & Rios (2006) em que dois hectares da EBQB foram exaustivamente catalogados ao nível da população de plantas. Estes dois hectares foram extrapolados visto que eram representativos de floresta primária e áreas não inundáveis (habitat onde todos os indivíduos de Marcgravia longifolia foram identificados). Após análises efectuadas, a probabilidade de aceitar a hipótese nula (sem preferência de hospedeiro) era de 75% tendo em conta o género e 42% tendo em conta a família. Este resultado indica que a M. longifolia cresce em hospedeiros de acordo com a maior ou menor disponibilidade dos mesmos no ecossistema. Este resultado está de acordo com o que se observou em campo, pois Eschweilera estava entre os géneros mais comuns na EBQB. Assim sendo, devido a todas as características mencionadas anteriormente, a liana Marcgravia longifolia, poderia ser uma candidata a recurso-chave. Um estudo a longo prazo e mais aprofundado seria necessário para se provar tal categorização, no entanto este trabalho pode ser visto como um estudo preliminar sobre uma espécie de liana que todavia é bastante desconhecida. O reconhecimento de recursos-chave é de alta importância para o delineamento ou monitorização de áreas protegidas, tal como para a criação de novas políticas de conservação. Neste caso, é importante o conhecimento e informação sobre esta espécie de liana, já que os hospedeiros identificados onde a mesma cresce, são na sua maioria árvores que são abatidas pela indústria madeireira. É também frequente, durante operações realizadas por madeireiros o corte de lianas das árvores que vão ser abatidas no futuro, de modo a preservar o valor comercial da madeira (Putz 1991), afectando possivelmente indivíduos de Marcgravia longifolia. É no entanto relevante mencionar que o status de recurso-chave não é uma propriedade intrínseca de uma espécie mas sim dependente do contexto ecológico em que se insere. Assim, o ecossistema em que a Marcgravia longifolia esta integrada irá definir a atribuição desta categoria de recurso-chave, e o papel que esta liana pode exercer na sua comunidade pode ser alterado de acordo com alterações na comunidade em que se insere.Palmeirim, Jorge M., 1957-Heymann, Eckhard W.Repositório da Universidade de LisboaPaciência, Filipa da Maia Domingues, 1986-2014-11-20T18:07:29Z20142014-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/15317TID:201364077enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:01:51Zoai:repositorio.ul.pt:10451/15317Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:36:48.924845Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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