Métodos biológicos de controlo da amêijoa invasora Corbicula fluminea

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinho, Sónia Cristina Prates
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/9491
Resumo: A amêijoa invasora Corbicula fluminea é causadora de graves impactos, tanto ambientais como económicos, nos locais invadidos. Os métodos de controlo químicos e físicos são especialmente dispendiosos e prejudiciais para o ambiente, atingindo espécies não alvo. O controlo biológico de espécies invasoras tem o potencial de ser uma ferramenta eficaz, segura, de baixos custos e benigna para o ambiente. No âmbito da presente dissertação, avaliouse o potencial de utilizar peixes de água doce como ferramentas de controlo biológico, nas suas vertentes direta (predação propriamente dita) e indireta (indução de evitamento). Em primeiro lugar, avaliou-se o potencial da predação como método direto de controlo biológico de C. fluminea. Numa primeira fase, foram inspecionados os conteúdos estomacais de peixes capturados num sistema de canais e valas onde C. fluminea é extremamente abundante. Apenas se confirmou a presença desta amêijoa nos estômagos de Barbus bocagei, com uma frequência de ocorrência de 50%, mas com uma reduzida importância (< 5% conteúdo estomacal). Com base nestes dados e na literatura disponível, foram selecionados dois modelos para experiências de predação com a presa C. fluminea: B. bocagei e Lepomis gibbosus. O interesse demonstrado por ambas as espécies de peixes por exemplares de C. fluminea nas experiências de predação foi muito reduzido, mesmo em amêijoas de reduzidas dimensões (< 1 cm). Experiências adicionais permitiram demonstrar que a parca utilização de C. fluminea como presa se deveu à ação protetora da sua concha. Do ponto de vista aplicado, o potencial destas espécies de peixe como predadores de C. fluminea é reduzido (Barbus) ou nulo (Lepomis), o que afasta a possibilidade de os utilizar como ferramentas de controlo direto. Utilizando L. gibbosus como modelo experimental em laboratório, testou-se ainda os efeitos indiretos da presença do peixe no comportamento de C. fluminea através de experiências de evitamento. Estas experiências basearamse na capacidade das presas modificarem o seu comportamento ao percecionarem sinais infoquímicos por parte do predador. Os resultados obtidos demonstraram que as amêijoas respondem à presença do predador, deslocando-se ativamente. Contudo, a amplitude e direção dessa deslocação dependeram da presença de um refúgio para a presa, da dieta dos peixes, e das condições de iluminação. Estes resultados demonstram a necessidade de compreender melhor estas interações, no sentido de estabelecer a utilidade do uso de predadores (ou os seus infoquímicos) como forma de criar zonas de exclusão em áreas sensíveis de infraestruturas hidrodependentes.
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Numa primeira fase, foram inspecionados os conteúdos estomacais de peixes capturados num sistema de canais e valas onde C. fluminea é extremamente abundante. Apenas se confirmou a presença desta amêijoa nos estômagos de Barbus bocagei, com uma frequência de ocorrência de 50%, mas com uma reduzida importância (< 5% conteúdo estomacal). Com base nestes dados e na literatura disponível, foram selecionados dois modelos para experiências de predação com a presa C. fluminea: B. bocagei e Lepomis gibbosus. O interesse demonstrado por ambas as espécies de peixes por exemplares de C. fluminea nas experiências de predação foi muito reduzido, mesmo em amêijoas de reduzidas dimensões (< 1 cm). Experiências adicionais permitiram demonstrar que a parca utilização de C. fluminea como presa se deveu à ação protetora da sua concha. Do ponto de vista aplicado, o potencial destas espécies de peixe como predadores de C. fluminea é reduzido (Barbus) ou nulo (Lepomis), o que afasta a possibilidade de os utilizar como ferramentas de controlo direto. Utilizando L. gibbosus como modelo experimental em laboratório, testou-se ainda os efeitos indiretos da presença do peixe no comportamento de C. fluminea através de experiências de evitamento. Estas experiências basearamse na capacidade das presas modificarem o seu comportamento ao percecionarem sinais infoquímicos por parte do predador. Os resultados obtidos demonstraram que as amêijoas respondem à presença do predador, deslocando-se ativamente. Contudo, a amplitude e direção dessa deslocação dependeram da presença de um refúgio para a presa, da dieta dos peixes, e das condições de iluminação. Estes resultados demonstram a necessidade de compreender melhor estas interações, no sentido de estabelecer a utilidade do uso de predadores (ou os seus infoquímicos) como forma de criar zonas de exclusão em áreas sensíveis de infraestruturas hidrodependentes.The invasive clam Corbicula fluminea is the cause of severe impacts, both environmental and economic, in invaded sites. Chemical and physical control methods are particularly expensive and harmful to the environment, affecting non-target species. Biological control of invasive species has the potential of being an effective, safe, and low cost tool, which is also environmentallyfriendly. Within the scope of this dissertation, we evaluated the potential of using freshwater fish as biological control tools, in its direct (predation itself) and indirect aspects (avoidance induction). Initially, the potential of predation as a direct biological control method of C. fluminea was evaluated. As a first step, inspection of stomach contents of fieldcollected fish was performed in a network of canals where C. fluminea is highly abundant. The presence of this clam was only confirmed in Barbus bocagei’s stomachs, with a frequency of occurrence of 50%, but with a reduced relevance (< 5% stomach content). Considering these data and the available literature, two models were selected for predation experiments with C. fluminea: B. bocagei and Lepomis gibbosus. The interest shown by both fish species in C. fluminea individuals in predation experiments was extremely low, even with small-sized clams (< 1 cm). Additional experiments allowed demonstrating that the reduced utilization of C. fluminea as a prey was due to the protective role of its shell. In practical terms, the potential of these fish species as C. fluminea predators is reduced (Barbus) or null (Lepomis), precluding the possibility of using them as direct control tools. Using L. gibbosus as experimental model in laboratory, the indirect effects of the presence of the fish on the behavior of C. fluminea were tested with avoidance experiments. These experiments relied on the prey’s ability to modify its behavior when it perceives predator infochemicals. Results showed that the clams respond to the presence of the predator, by actively moving. However, the amplitude and direction of this dislocation depended on the presence of a refuge to the prey, the fish’s diet and light conditions. This demonstrates the need to better understand these interactions, establishing the utility of predators (or its infochemicals) as a way to create exclusion zones in sensitive areas of water-dependent infrastructures.Universidade de Aveiro2013-01-16T12:55:48Z2012-01-01T00:00:00Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/9491porPinho, Sónia Cristina Pratesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:16:14Zoai:ria.ua.pt:10773/9491Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:46:19.107113Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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