Abordagem na artroplastia total primária da anca
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Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-21222014000400007 |
Resumo: | Introdução: a via anterior estrita foi descrita inicialmente por Heuter e Schede, para drenagem de artrite séptica tuberculosa, e utilizada pela primeira vez para artroplastia total da anca por Robert Judet em 1947. Trata-se de uma via minimamente invasiva, já que aborda a anca de uma forma inter-muscular, requerendo uma mínima dissecção. Contudo, não foi um sucesso imediato porque os resultados iniciais não foram tão favoráveis quando comparados com outras vias, pelas dificuldades, particularidades e exigência técnica a ela inerentes, tendo sido abandonada. Contudo, na última década ressurgiu o interesse por esta via de abordagem, intrinsecamente relacionado com o advento da cirurgia minimamente invasiva. Objectivos: avaliar a abordagem anterior directa na artroplastia primária da anca do ponto de vista técnico e clínico. Material e métodos: efectuou-se um estudo retrospectivo entre Fevereiro de 2010 e Maio de 2013 (n=47). Os dados foram colhidos mediante entrevista clínica, consulta de processo clínico, avaliação imagiológica, caracterização dos doentes quanto ao sexo, idade, diagnóstico, lateralidade, tempo de internamento pós-operatório, perdas hemáticas, complicações intra e pós-operatórias, follow-up e satisfação/ outcome com os questionários Harris e Oxford Hip Score. O tratamento estatístico foi feito em SPSS v19.0, com um nível de confiança 95%. Resultados: foram operados 47 doentes, tendo sido feitas 47 artroplastias (35 não cimentadas, 11 cimentadas, 1 híbrida). A etiologia foi coxartrose em todos os casos (43 primária, 4 secundária a necrose avascular da cabeça do fémur). 22 doentes são do sexo masculino e 25 feminino, com a média de idade de 62,4 anos (30-91). A perda média de hemoglobina nas primeiras 24h pós-operatório foi 2,8 g/dL (3 doentes com necessidade de transfusão de 1 unidade de concentrado eritrocitário). O tempo médio de internamento pós-operatório foi de 6 dias (2-15). 4 doentes apresentaram complicações intra-operatórias (fractura iatrogénica), 1 episódio de luxação com descolamento de acetábulo não cimentado ao 15º dia pós-op por traumatismo directo em contexto de queda durante a reabilitação (revisto também por via anterior), 1 revisão ao final de 1 ano por descolamento asséptico de acetábulo não cimentado e 2 casos de hipostesia da face externa da coxa. 1 doente foi excluído do follow-up por morte (por outras causas). O follow-up médio é de 20 meses (1-39). Observou-se um Harris Hip Score com média de 92 (excelente) e Oxford Hip Score 44 (indicativo de funcionamento pleno da articulação). Discussão: como principais limitações do estudo apresentam-se a reduzida dimensão da amostra, a sua natureza retrospectiva, o follow-up curto e a exigência técnica desta via de abordagem, principalmente no tempo de preparação femoral. Os casos que se revestem de maior dificuldade são nos indivíduos do sexo masculino, de baixa estatura, obesos e musculados. Todas as vantagens inerentes à via de abordagem parecem levar a uma reabilitação precoce, com poucas queixas álgicas, levante e início da marcha nas primeiras 24 a 48 horas, melhoria da capacidade funcional (particularmente nas primeiras 6 a 12 semanas), diminuição potencial do tempo de internamento e com consequente redução de custos e satisfação dos doentes. Conclusão: a via anterior estrita, estando descrita há algumas décadas, está a ganhar renovado interesse com o surgimento da cirurgia minimamente invasiva; todavia, são necessários estudos comparativos com amostras de maior dimensão para comprovar estatisticamente o que nos parece evidente da experiência clínica com esta via. É elegante, eficaz e com resultados excelentes ao nível funcional na nossa amostra, e promissores. |
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