Pintar a paisagem : retrato ou artifício? : a teoria estética de Frédéric Paulhan e a pintura de João Queiroz

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Veiga, Tiago Beirão da Veiga Alves da
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/26408
Resumo: Tendo como referência principal a obra pioneira de Frédéric Paulhan L`Esthétique du Paysage, datada de 1913, na qual a paisagem é pensada em termos de representação como tema principal da pintura e, nos melhores exemplos, como concepção de um mundo através do talento e espírito de um autor, pretendemos relacionar a Teoria da Paisagem de Paulhan com as pinturas contemporâneas do artista plástico João Queiroz, próximas do tema “paisagem”, provindo de diversas fontes de inspiração, nomeadamente a paisagem natural, referências de ordem artística (ligadas a um percurso artístico e a influências de outros artistas estimados) e cultural. Retrato ou artifício? A paisagem pintada não deixa de ser uma versão a partir de referências mais ou menos concretas. No caso de Paulhan, as referências são paisagens “reais”, existentes à época em que as pinturas foram executadas e a ideia de artifício prende-se com a interpretação, não só de pinturas anteriores cujo tema seria semelhante, mas também das experiências da paisagem através das vivências que o pintor tem do lugar. A efectivação do estilo e da marca única de determinado pintor de paisagens torna-o reconhecível enquanto autor para os críticos e em geral, para os conhecedores da sua obra. Nas pinturas de João Queiroz, concorrem motivos vindos de fontes díspares e misturam-se, sendo a obra pictórica conscientemente construída partindo não só destas solicitações exteriores, mas também de todo um trabalho de registo gráfico e pensamento através do desenho revelando preocupações com as condições e alterações da percepção comum face ao mundo exterior. A paisagem, tema destas pinturas, pelo seu carácter indeterminado, de ser unitário e, de certo modo, consolidado pelo enquadramento e pelo facto da obra terminada, surge como campo de sensações e de vibrações, como espaço incerto. Não são paisagens enraizadas no solo, onde as coisas e os homens estão assentes num espaço topográfico, que convide à enumeração e à descrição de características ou de dependências mútuas. É um espaço em falso, em devir, com intervalos e interrupções que o aproximam do abismo. O espectador é desafiado a libertar-se da sua posição passiva, questionando, partindo do seu corpo sensível, a própria percepção destas pinturas e a sua relação com o mundo exterior. O corpus de obras escolhido como referência para a elaboração desta tese, é constituído pela série de pinturas exibidas na Exposição “Afinal era uma borboleta” que esteve patente ao público no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa, em 2012.
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spelling Pintar a paisagem : retrato ou artifício? : a teoria estética de Frédéric Paulhan e a pintura de João QueirozPaulhan, Frédéric, 1856-1931 - Crítica e interpretaçãoQueiroz, João, 1957- - Crítica e interpretaçãoPaisagem - FilosofiaPintura - EstéticaPintura de paisagemTeses de mestrado - 2016Domínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e ReligiãoTendo como referência principal a obra pioneira de Frédéric Paulhan L`Esthétique du Paysage, datada de 1913, na qual a paisagem é pensada em termos de representação como tema principal da pintura e, nos melhores exemplos, como concepção de um mundo através do talento e espírito de um autor, pretendemos relacionar a Teoria da Paisagem de Paulhan com as pinturas contemporâneas do artista plástico João Queiroz, próximas do tema “paisagem”, provindo de diversas fontes de inspiração, nomeadamente a paisagem natural, referências de ordem artística (ligadas a um percurso artístico e a influências de outros artistas estimados) e cultural. Retrato ou artifício? A paisagem pintada não deixa de ser uma versão a partir de referências mais ou menos concretas. No caso de Paulhan, as referências são paisagens “reais”, existentes à época em que as pinturas foram executadas e a ideia de artifício prende-se com a interpretação, não só de pinturas anteriores cujo tema seria semelhante, mas também das experiências da paisagem através das vivências que o pintor tem do lugar. A efectivação do estilo e da marca única de determinado pintor de paisagens torna-o reconhecível enquanto autor para os críticos e em geral, para os conhecedores da sua obra. Nas pinturas de João Queiroz, concorrem motivos vindos de fontes díspares e misturam-se, sendo a obra pictórica conscientemente construída partindo não só destas solicitações exteriores, mas também de todo um trabalho de registo gráfico e pensamento através do desenho revelando preocupações com as condições e alterações da percepção comum face ao mundo exterior. A paisagem, tema destas pinturas, pelo seu carácter indeterminado, de ser unitário e, de certo modo, consolidado pelo enquadramento e pelo facto da obra terminada, surge como campo de sensações e de vibrações, como espaço incerto. Não são paisagens enraizadas no solo, onde as coisas e os homens estão assentes num espaço topográfico, que convide à enumeração e à descrição de características ou de dependências mútuas. É um espaço em falso, em devir, com intervalos e interrupções que o aproximam do abismo. O espectador é desafiado a libertar-se da sua posição passiva, questionando, partindo do seu corpo sensível, a própria percepção destas pinturas e a sua relação com o mundo exterior. O corpus de obras escolhido como referência para a elaboração desta tese, é constituído pela série de pinturas exibidas na Exposição “Afinal era uma borboleta” que esteve patente ao público no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa, em 2012.Having as main reference the pioneering work of Frédéric Paulhan L`Esthétique du Paysage, dated 1913, in which the landscape is thought of in terms of representation as the main theme of the painting and, in the best examples, as the conception of a world through the talent and the spirit of an author, we intend to relate Paulhan’s landscape theory with the contemporary paintings by the artist João Queiroz, close to the theme of "landscape", deriving from various sources of inspiration, namely the natural landscape, references of a cultural and an artistic nature (linked to an artistic journey and the influences of other valued artists). Portrait or artifice? The painted landscape is nonetheless a version of more or less concrete references. In the case of Paulhan, these references are "real" landscapes, existing at the time when the paintings were executed and the idea of artifice relates to the interpretation not only of earlier paintings whose theme was similar, but also the landscapes beyond the experience and the insight that the painter has of the place. The establishment of a style and unique character of a particular landscape-painter makes him/her recognizable as the author for critics and in general, for connoisseurs of his/her work. In João Queiroz paintings, motifs from diverse sources compete and blend, his pictorial work being consciously constructed not only from these external references, but also from an entire work of graphic records and thought through drawing revealing concerns with the conditions and changes of the common perception towards the outside world. The landscape, the theme of these paintings, through its imprecise character, as a unique entity, and, in a way, consolidated by the frame, and the fact that the work is finished, emerges as a field of feelings and vibrations, as an uncertain space. These landscapes are not rooted in the soil, where things and men are laid on a topographic space, which seeks the enumeration and the description of characteristics or of mutual dependencies. It is a false space, in the making, with breaks and interruptions that approach it to the abyss. The viewer is challenged to free him/herself from his/her passive position, questioning, starting from his/her sensitive body, the very perception of these paintings and their relationship with the outside world. The corpus of works chosen as reference for the preparation of this thesis, consists of the series of paintings displayed in the exhibition "Afinal era uma borboleta” (After all it was a butterfly), which was open to the public in the Pavilhão Branco of the Museu da Cidade in Lisbon in 2012.Serrão, Adriana VeríssimoRepositório da Universidade de LisboaVeiga, Tiago Beirão da Veiga Alves da2017-02-07T10:24:49Z2016-12-2120162016-12-21T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/26408TID:201548682porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:16:32Zoai:repositorio.ul.pt:10451/26408Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:43:05.267998Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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