Antecipação da experiência de parto : mudanças desenvolvimentais ao longo da gravidez

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pacheco, Alexandra P.
Data de Publicação: 2005
Outros Autores: Figueiredo, Bárbara, Costa, Raquel A., Pais, A.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/4725
Resumo: Este estudo foi desenvolvido com o intuito de: 1) conhecer o modo como durante a gravidez a mulher antecipa algumas dimensões relevantes da experiência de parto (tais como: 1) planeamento e preparação; 2) expectativas quanto ao medo, confiança, controlo e intensidade da dor; 3) preocupação com o bem-estar próprio e do bebé; 4) suporte esperado por parte de pessoas significativas; 5) antevisão dos cuidados maternos); 2) averiguar a presença de mudanças na antecipação do parto, em dois momentos sucessivos da gravidez (no 2º trimestre e no 3º trimestre); 3) identificar diferenças na antecipação da experiência de parto, atendendo a características sociais e demográficas das participantes. A amostra é constituída por 163 grávidas primiparas, utentes da Maternidade Júlio Dinis (Porto), e foi seleccionada aleatoriamente, tendo em conta os seguintes critérios: saber ler e escrever, primiparidade, gestação entre as 20 e as 24 semanas. Entre a 20ª e a 24ª semanas de gravidez administrou-se a Parte Social e Demográfica da Versão Portuguesa da Contextual Assessment of the Maternity Experience (CAME, Bernazzani, Marks, Siddle, Asten, Bifulco, et al., 2003), composta por 45 questões abertas, focadas na recolha de dados sociais e demográficos relativos à grávida e ao companheiro, bem como história obstétrica e psicopatológica da utente. Em dois momentos sucessivos, entre a 20ª e a 24ª semanas de gestação (2º trimestre) e entre a 30ª e a 36ª semanas de gestação (3º trimestre) as participantes preencheram o Questionário de Antecipação do Parto (QAP, Costa, Figueiredo, Pacheco, & Pais, in press), constituído por 58 questões de auto-relato relativas à antecipação da experiência de trabalho de parto, parto e pós-parto. Os resultados indicam que no 2º trimestre a generalidade das grávidas planeia e antecipa suporte por parte de pessoas significativas no parto, tem uma visão positiva das suas competências maternas e está moderadamente preocupada com o bem estar próprio e o do bebé. A maioria antevê, contudo, uma experiência de parto dolorosa, as previsões dividem-se entre o medo e, a confiança e o controlo. A comparação entre o 2º e o 3º trimestre de gravidez revela que, no 3º trimestre, a mãe está mais focada no parto, tem níveis superiores de planeamento e conhecimento acerca da situação, mas antecipa a experiência como mais dolorosa, assim como prevê menor confiança e controlo e mais medo no parto, e preocupa-se mais com possíveis consequências negativas no seu bem estar e do bebé. Simultaneamente podemos averiguar algumas características sociais e demográficas que resultam em maiores dificuldades para a mãe na adequada antecipação do parto, no 2º e 3º trimestres de gestação, tais como menor idade, baixo nível de escolaridade, profissões de reduzida qualificação, agregados familiares alargados ou no qual o companheiro está ausente. Em conclusão, entre outros aspectos, este estudo dá conta de mudanças desenvolvimentais que ocorrem durante a gravidez e alerta para a necessidade de dedicar mais atenção à preparação para o parto, sobretudo junto de grávidas pertencentes a determinados estratos sociais e económicos, sugerindo ainda áreas relevantes para essa preparação.
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A amostra é constituída por 163 grávidas primiparas, utentes da Maternidade Júlio Dinis (Porto), e foi seleccionada aleatoriamente, tendo em conta os seguintes critérios: saber ler e escrever, primiparidade, gestação entre as 20 e as 24 semanas. Entre a 20ª e a 24ª semanas de gravidez administrou-se a Parte Social e Demográfica da Versão Portuguesa da Contextual Assessment of the Maternity Experience (CAME, Bernazzani, Marks, Siddle, Asten, Bifulco, et al., 2003), composta por 45 questões abertas, focadas na recolha de dados sociais e demográficos relativos à grávida e ao companheiro, bem como história obstétrica e psicopatológica da utente. Em dois momentos sucessivos, entre a 20ª e a 24ª semanas de gestação (2º trimestre) e entre a 30ª e a 36ª semanas de gestação (3º trimestre) as participantes preencheram o Questionário de Antecipação do Parto (QAP, Costa, Figueiredo, Pacheco, & Pais, in press), constituído por 58 questões de auto-relato relativas à antecipação da experiência de trabalho de parto, parto e pós-parto. Os resultados indicam que no 2º trimestre a generalidade das grávidas planeia e antecipa suporte por parte de pessoas significativas no parto, tem uma visão positiva das suas competências maternas e está moderadamente preocupada com o bem estar próprio e o do bebé. A maioria antevê, contudo, uma experiência de parto dolorosa, as previsões dividem-se entre o medo e, a confiança e o controlo. A comparação entre o 2º e o 3º trimestre de gravidez revela que, no 3º trimestre, a mãe está mais focada no parto, tem níveis superiores de planeamento e conhecimento acerca da situação, mas antecipa a experiência como mais dolorosa, assim como prevê menor confiança e controlo e mais medo no parto, e preocupa-se mais com possíveis consequências negativas no seu bem estar e do bebé. Simultaneamente podemos averiguar algumas características sociais e demográficas que resultam em maiores dificuldades para a mãe na adequada antecipação do parto, no 2º e 3º trimestres de gestação, tais como menor idade, baixo nível de escolaridade, profissões de reduzida qualificação, agregados familiares alargados ou no qual o companheiro está ausente. Em conclusão, entre outros aspectos, este estudo dá conta de mudanças desenvolvimentais que ocorrem durante a gravidez e alerta para a necessidade de dedicar mais atenção à preparação para o parto, sobretudo junto de grávidas pertencentes a determinados estratos sociais e económicos, sugerindo ainda áreas relevantes para essa preparação.This study was developed in order to: 1) understand how during pregnancy woman anticipates their childbirth experience, in terms of some relevant dimensions (such as: 1) planning and preparation; 2) expectations of fear, trust, control and pain intensity; 3) worry with the own and infant well-being; 4) support from significant others; 5) maternal care); 2) to know about changes in the perception of the delivery experience across pregnancy (between the 2nd and 3rd trimester); to analyze differences on the childbirth experience anticipation according to the socio demographic characteristics of the participants. The sample is constituted by 163 primiparous women, who can write and read Portuguese, and are attending the Júlio Dinis Maternity Hospital (MJD, Porto). Between the 20th and the 24th weeks of pregnancy the Social and Demographic part of the Portuguese Version of the Contextual Assessment of the Maternity Experience (CAME, Bernazzani, Marks, Siddle, Asten, Bifulco, et al., 2003), composed by 45 open questions regarding social and demographic data about the mother and her partner, as well as about the obstetric and medical history, was administrated. In two successive moments, between the 20th and the 24th weeks of pregnancy (2nd trimester) and between the 30th and the 36th weeks of pregnancy (3rd trimester), the participants had fulfilled the Childbirth Experience Anticipation Questionnaire (Questionário de Antecipação do Parto, QAP, Costa, Figueiredo, Pacheco, & Pais, in press), a 58 items self-report questionnaire about the perception of labour, delivery and postpartum experience. The results shows that during the 2nd trimester of pregnancy the mothers are generally planning the delivery and have positive expectations about the support from significant others, as well as about theirs own maternal competences; they usually also are worry about their own and their infant’s well-being. The majority anticipates a painful delivery experience and split between expecting fear, and trust and control during delivery. Comparisons between the 2nd and 3rd pregnancy trimester shows that, in the 3rd trimester mothers are more focus in labour and have higher levels of planning and knowledge about the situation, but they also anticipates a more painful experience, as well as less trust and control and more fear, and are more worried about the negative consequences on her and on the baby. Some social and demographic characteristics are associated with the mother’s difficulty on an adequate childbirth anticipation experience during the 2nd and 3rd trimesters, such as: less age, lower educational level, reduced qualification professions and larger families or families without the partner. This study describes some important developmental changes occurring during pregnancy and also alerts for the need of implementing better childbirth preparation (especially for mothers with some social and economic characteristics), suggesting the most important areas for that.Sociedade Portuguesa de PsicossomáticaUniversidade do MinhoPacheco, Alexandra P.Figueiredo, BárbaraCosta, Raquel A.Pais, A.20052005-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/4725por"Revista Portuguesa de Psicossomática". ISSN 0814-4696. 7:1/2 (2005) 7-41.0814-4696info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:11:18Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/4725Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:03:04.912278Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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