Da Azáfama da Partilha à Transmutação da Terra – a construção da Casa Bandeirista no Brasil Colonial (1500-1822)
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Data de Publicação: | 2016 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/21901 |
Resumo: | “A cultura construtiva é o sistema coordenado de conhecimento, regras, procedimentos e hábitos, que circunscrevem o processo edificatório num determinado lugar e tempo.” (Davis, 2006, apud Mateus, 2013; tradução livre do autor) O acto de escavar o solo foi durante muito tempo uma das formas mais elementares a que o homem recorreu para se abrigar. No entanto, a sua transformação em diferentes elementos construtivos, como pisos e paredes, exigia esforços que nem sempre as mãos conseguiam suportar. Ao contrário da terra, a pedra tem a alta durabilidade como vantagem, contudo, o seu emprego na construção requere maior engenho, quer em estado bruto ou aparelhado (Weimer, 2012). Geralmente são os materiais mais abundantes em determinada região os escolhidos para a construção de edifícios; no entanto, “para lá dos fatores naturais e condicionalismos mesológicos [...] há que considerar os fatores humanos que presidem à elaboração e evolução de qualquer elemento ou instituição cultural.” (Mateus, 2013) Seria esse um fator determinante para a história da construção luso-brasileira. A pedra atingia custos elevados no Brasil, enquanto a terra, de fácil acesso, manuseio e reaproveitamento, seria durante quatro quintos da história deste país, o principal material construtivo (Weimer, 2012). Na realidade, as mais de duzentas civilizações que habitavam as terras brasileiras antes da chegada dos europeus, já construíam com materiais naturais como fibras, folhas, paus, gravetos, entre outros. Todavia, tais construções, assim como os seus autores, foram a priori considerados demasiado primitivas, selvagens e arcaicas, muito pouco semelhantes às que eram erguidas em Portugal pelos portugueses, cuja estrutura social e instituições a ela inerentes não podiam, por elas, ser comportadas. Os índios - como foram denominados aqueles povos – partilharam as suas terras com os europeus que, para amparar o comércio marítimo com as Índias Orientais, sentiram a necessidade de se estabelecer em portos seguros, fundando feitorias – pequenas vilas que logo se tornaram cidades. Essa arquitetura – à portuguesa – resultou de um processo de adaptação dos sistemas construtivos, que em Portugal estabeleciam com as condições naturais de cada região uma relação estreita; premissa nem sempre verificável no Brasil (Weimer, 2012), onde os aspetos políticos faziam coexistir num mesmo lugar “[...] construções em pedra para os proprietários e classe dirigente, construções em taipa para os escravos e casas em pau-a-pique para os caboclos”. (Mateus, 2013) Assim, aventa-se a possibilidade de que um dos exemplos mais significativos desse processo seja precisamente a casa bandeirista, tipologia construtiva amplamente empregada no interior brasileiro durante a sua conquista aos espanhóis. Através do elenco de analogias entre as posturas edificatórias portuguesa e luso-brasileira, a casa bandeirista, cujo estudo se pretender aprofundar, é aqui apercebida como resultado da superação do desafio da diferença; híbrida, em relação tanto à composição formal, quanto à associação entre os sistemas construtivos que a compõem. |
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