Da queda à reconciliação: um estudo sobre Hegel

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, António Luz
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/51293
Resumo: O presente texto sobre o pensamento hegeliano é o resultado de um percurso de estudo do mestrado em Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa. Algum material entregue para as disciplinas dos dois anos de mestrado foi recuperado e ampliado nas primeiras partes da dissertação. Começamos por mencionar alguns pressupostos ontológicos assumidos. Defendemos que o Naturalismo Científico — a tese de que a natureza é tudo o que existe e que ela é idêntica ao Todo, fazendo das ciências naturais o único (ou o superior) domínio do saber capaz de conhecer a verdade, pois a natureza é aqui assumida como o objecto das ciências naturais — é falso. A dissertação também assume ontologias onde o indivíduo venha primeiro do que a sociedade como erradas. A sociedade não é a soma de todos os indivíduos, e o indivíduo, enquanto abstraído das relações sociais, não pode ser o ponto de partida para pensar a sociedade. A dialéctica hegeliana mostra-nos como cada um dos estágios do seu movimento é impulsionado pelas condições do seu próprio tempo. Estas condições não são meramente transmitidas dos estágios anteriores, elas mesmas são reconfiguradas neste novo tempo, permitindo assim uma queda (um salto qualitativo), uma ruptura com o passado onde algo de novo pode surgir. Isto leva-nos logo de seguida a outro ponto muito discutido, daqueles que tentam reduzir Hegel a uma frase — o Fim da História. A finalidade da história, ou o propósito do Espírito, para Hegel, é o Espírito vir a estar consciente de si mesmo como aquilo que é efectivo e verdadeiro, como o poder que conduziu a história. E isto não acontece num além ou num futuro cronológico, acontece em todos os tempos em que o Espírito vem a estar consciente de si de tal forma. Acontece quando o Espírito, preso a formas de vida petrificadas e gastas, morre a sua morte natural no seio do hábito. Existe uma necessidade histórica que o Espírito tem de vir a reconhecer, mas a necessidade hegeliana não é um determinismo teológico. Isto também não quer dizer que tudo seja um eterno ciclo de vida e morte onde reina a mesmidade, cada estágio tem a sua própria configuração, e quando se chega à Modernidade, uma configuração costumeira já não pode ser empregue. Mas mais do que o filósofo do Fim da História, Hegel é o filósofo do Fim de Mundos.
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