Interpretação dos sujeitos nulos no Português de Angola

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kapetula, José Gueleka Kandjandja
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/19653
Resumo: O objetivo do presente estudo foi investigar como os falantes angolanos interpretam sujeitos nulos e pronominais de terceira pessoa em contextos encaixados, com antecedentes com características diferentes. Pretendia-se verificar se a interpretação dos falantes angolanos se aproxima do PE, língua de sujeito nulo consistente, ou se é marcada por restrições, tal como as que ocorrem no PB. Assim, o presente estudo propôs-se compreender de qual destas variedades do português se aproximava o português de Angola (PA). Para concretizar este objetivo foi elaborado um teste com quatro tarefas que implicavam avaliação de leituras preferenciais e juízos de gramaticalidade na interpretação de sujeitos nulos e pronominais em orações encaixadas com diferentes tipos de antecedentes (quantificados e não quantificados; em posição de sujeito e em posição de objeto), de forma a verificar se no PA se manifestam as mesmas diferenças de interpretação entre sujeitos nulos e pronominais do que no PE e se há restrições quanto aos contextos de sujeito nulo, como no PB. O teste foi aplicado a informantes angolanos que residiam em Angola e a um grupo de controlo, constituído por informantes portugueses, residentes em Portugal. Para os dois grupos, o teste foi aplicado em contexto de sala de aulas. As respostas obtidas em cada tarefa e em cada condição foram analisadas para cada um dos grupos de informantes. Para as tarefas 1 e 2 foi necessário um tratamento individual dos resultados, uma vez que os resultados globais não eram claros. Os resultados obtidos mostram que: i) no PA os sujeitos nulos são interpretados como correferentes com antecedentes quantificados, os sujeitos pronominais também aceitam a interpretação de variável ligada, o que é improvável numa língua de sujeito nulo; ii) em contexto de completiva, os pronomes nulos estabelecem preferencialmente correferência com sujeito matriz; em contexto de adverbial a preferência do pronome nulo por retomar o sujeito matriz não é clara; nestes dois contextos, os sujeitos pronominais tanto podem retomar um antecedente sujeito como um antecedente objeto; iii) no PA aceita-se preferencialmente um tipo de leitura que recupera o sujeito na posição mais alta da frase, ainda que esta tendência não seja tão marcada como a que se verifica para o PE; iv) nos contextos em que as leituras são forçadas o sujeito nulo no PA aceita uma leitura correferente com antecedente sujeito, assim como aceita também uma leitura correferente com um antecedente objeto, ao contrário do PB. O sujeito pronominal aceita tanto uma leitura que recupera um antecedente sujeito como uma leitura em que o sujeito pronominal recupera preferencialmente o objeto, tal como no PE. O trabalho conclui que, apesar da variação que se verifica, o PA é uma língua de sujeito nulo que se aproxima mais do PE do que do PB. O sujeito nulo parece ter um funcionamento pronominal, ainda que as diferenças entre sujeito nulo e pronome não sejam tão claras como no PE.
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Para concretizar este objetivo foi elaborado um teste com quatro tarefas que implicavam avaliação de leituras preferenciais e juízos de gramaticalidade na interpretação de sujeitos nulos e pronominais em orações encaixadas com diferentes tipos de antecedentes (quantificados e não quantificados; em posição de sujeito e em posição de objeto), de forma a verificar se no PA se manifestam as mesmas diferenças de interpretação entre sujeitos nulos e pronominais do que no PE e se há restrições quanto aos contextos de sujeito nulo, como no PB. O teste foi aplicado a informantes angolanos que residiam em Angola e a um grupo de controlo, constituído por informantes portugueses, residentes em Portugal. Para os dois grupos, o teste foi aplicado em contexto de sala de aulas. As respostas obtidas em cada tarefa e em cada condição foram analisadas para cada um dos grupos de informantes. Para as tarefas 1 e 2 foi necessário um tratamento individual dos resultados, uma vez que os resultados globais não eram claros. Os resultados obtidos mostram que: i) no PA os sujeitos nulos são interpretados como correferentes com antecedentes quantificados, os sujeitos pronominais também aceitam a interpretação de variável ligada, o que é improvável numa língua de sujeito nulo; ii) em contexto de completiva, os pronomes nulos estabelecem preferencialmente correferência com sujeito matriz; em contexto de adverbial a preferência do pronome nulo por retomar o sujeito matriz não é clara; nestes dois contextos, os sujeitos pronominais tanto podem retomar um antecedente sujeito como um antecedente objeto; iii) no PA aceita-se preferencialmente um tipo de leitura que recupera o sujeito na posição mais alta da frase, ainda que esta tendência não seja tão marcada como a que se verifica para o PE; iv) nos contextos em que as leituras são forçadas o sujeito nulo no PA aceita uma leitura correferente com antecedente sujeito, assim como aceita também uma leitura correferente com um antecedente objeto, ao contrário do PB. O sujeito pronominal aceita tanto uma leitura que recupera um antecedente sujeito como uma leitura em que o sujeito pronominal recupera preferencialmente o objeto, tal como no PE. O trabalho conclui que, apesar da variação que se verifica, o PA é uma língua de sujeito nulo que se aproxima mais do PE do que do PB. O sujeito nulo parece ter um funcionamento pronominal, ainda que as diferenças entre sujeito nulo e pronome não sejam tão claras como no PE.The aim of this study was to analyse how Angolan speakers interpret third person null and overt subjects in embedded contexts in which the antecedent has different features. We wanted to verify if the interpretation of Angolan speakers is closer to the one of European Portuguese (EP), a consistent null subject language, or if it is more constrained, as in Brazilian Portuguese (BP). Thus, the current study intended to understand to which one of these two Portuguese varieties the Angolan Portuguese (AP) comes closer. In order to achieve our goal, we elaborated a test with four tasks that involved the evaluation of preferable readings and grammatical judgments in the interpretation of null and overt subjects in embedded clauses with different antecedents (quantified and non-quantified; in subject position and in object position). Based on these tasks we wanted to verify if in AP the differences in the interpretation of null and overt subjects were the same as in EP and if there were constrains in the null subject contexts as in BP. We tested Angolan informants that live in Angola and we also tested a control group of Portuguese informants that live in Portugal. In both cases the test was completed in a classroom context. The received responses in each task and condition were analysed for the two groups of informants. In the tasks 1 and 2 we analysed the results individually, because the global results were not clear. The results of the study show that: i) in AP null subjects are preferably interpreted as coreferent when there is a quantified antecedent and overt subjects also accept a bound variable interpretation. The later is very unlikely in a null subject language; ii) the null subjects of complement clauses prefer the matrix subject antecedent, whereas with adverbials it is not clear the null pronoun's preference for retaking (the reference of) the matrix subject. In both contexts, the overt subjects can retake either the subject antecedent or the object antecedent; iii) in AP it is preferably accepted the kind of reading that partially recovers the subject in the higher position in the sentence, even if this tendency is not so stressed as it is in EP. iv) in the context in which the readings are forced, the null subject in AP accepts a coreference reading with a subject antecedent, as it happens in EP; it also accepts a coreference reading with an object antecedent, different from what happens in BP. The overt subject accepts either the reading that recovers the subject antecedent or the reading in which the overt subject preferably recovers the object, as in EP. The study concludes that in spite of the existing variation, AP is a null subject language that is closer to EP than to BP. It seems that the null subject has a pronominal behaviour, even if the differences between null subject and pronoun are not that clear as they are in EP.Lobo, MariaRUNKapetula, José Gueleka Kandjandja2016-12-21T10:19:35Z2016-07-142016-07-14T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/19653TID:201216060porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:01:35Zoai:run.unl.pt:10362/19653Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:36.058403Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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