Artistas, primitivos e antropológos: À descoberta da universalidade das performances artísticas ou a modernidade do primitivismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Raposo, P.
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/28908
Resumo: Comecemos pelo paradoxo ... já que a ilusão do início apenas resulta de uma alquímica fantasia a partir da qual inventamos uma espécie de temporalidade do acto comunicante, escrito ou oral, atribuindo-lhe um princípio, uma sequência e um final. Como se tudo se passasse, afinal, de um modo similar ao da ilusão fotográfica que, fixando uma qualquer imagem, retira, por assim dizer, o objecto da sua história particular e, de um outro modo, por um efeito de corte temporal inerente à lógica fotográfica o impermeabiliza de toda uma relação com o passado e com o futuro; ou ainda, lhe atribui uma historicidade conjuntural "construída" nesse "click ", nesse instantâneo, porventura falaciando ou seleccionando apenas alguns sinais da "vida" desse mesmo objecto. Singularmente, o processo fotográfico encerra em simultâneo estes três momentos de fragmentação temporal que, de um modo também paradoxal, fixando o objecto in actu, lhe sentenciam a sua própria "morte". Todavia, é através desse "assassinato" do modelo fotofixado que nasce, como que por ilusão, o objecto da fotografia: um objecto de conhecimento, algo de construído, unindo real e imaginário, numa verdadeira experiência de intenções sobre o modelo/objecto (ou um "modelo reduzido", para usar a terminologia de Lévi-Strauss: 1960).
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