Relação entre as resistências aos antibióticos e o consumo de antibióticos em Portugal : uma abordagem ecológica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Marta Alexandra Vargas
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/39441
Resumo: Tese de mestrado, Epidemiologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2019
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spelling Relação entre as resistências aos antibióticos e o consumo de antibióticos em Portugal : uma abordagem ecológicaUtilização de medicamentosAntibióticosResistênciasInternamentos e infeçõesTeses de mestrado - 2019Domínio/Área Científica::Ciências MédicasTese de mestrado, Epidemiologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2019Introdução: Portugal é um país com um elevado consumo de antibióticos e uma proporção preocupante de resistência das bactérias aos mesmos. Em Portugal desconhece-se o padrão de utilização dos antibióticos nos últimos anos, bem como a sua associação com as resistências bacterianas e com os internamentos hospitalares. O objetivo deste estudo foi caracterizar o padrão de consumo de antibióticos em ambulatório, correlacionar esse padrão com o perfil de resistências aos antibióticos a nível nacional e ainda associar o consumo de antibióticos com os internamentos por infeções bacterianas dos tratos respiratório e urinário Materiais e métodos: Estudo de análise secular de tendências que descreve o consumo de antibióticos entre 2004 e 2015 em Portugal e relaciona, do ponto de vista ecológico, o consumo com as resistências aos antibióticos e com os internamentos devido a infeções do trato respiratório e urinário. O estudo recorre a três bases de dados independentes e anonimizadas. O consumo mensal de antibióticos foi obtido através do sistema de informação SICMED/hmR, que é uma base de dados dos medicamentos dispensados em farmácias comunitárias. A proporção anual de estirpes bacterianas resistentes foi obtida através do sistema de monitorização realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), entre 2004 e 2015, sendo que para algumas estirpes a informação encontrava-se disponível apenas entre 2006 e 2015. A informação mensal dos internamentos foi obtida através da informação dos Grupos de Diagnóstico Homogéneo (GDH), para os anos de 2011 a 2015. Os dados foram descritos utilizando estatística descritiva e foram utilizadas correlações de Pearson (ou Spearman quando aplicável) para relacionar o rácio de antibióticos de largo e estreito espectro e a proporção de resistências bacterianas. Por fim, utilizou-se uma regressão linear múltipla para associar o consumo de antibióticos indicados para infeções do trato respiratório e urinário e os episódios de internamento devido aos mesmos motivos. Todas as análises foram efetuadas com o SPSS v. 21 e considerou-se um nível de significância de 5%. Resultados: Observou-se que o consumo de antibióticos em Portugal tem vindo a decrescer nos últimos 12 anos (-45,4%). Contudo o rácio do consumo de antibióticos de espectro largo e estreito aumentou de 13,4 para 41,6, entre 2004 e 2015, respetivamente. Demonstrou-se uma correlação forte e positiva entre o rácio do consumo de antibióticos de espectro largo e estreito e a maioria das estirpes bacterianas resistentes vigiadas, tendo-se demonstrado uma correlação positiva muito elevada, em particular, com a proporção de Klebsiella pneumoniae resistentes a fluoroquinolonas (r=0,955; valor-p<0,001) e a cefalosporinas de terceira geração (r=0,950; valor-p<0,001). Por fim, os modelos realizados indicam que o consumo de antibióticos das classes de penicilinas e quinolonas explicam 87,6% (valor-p<0,001) da variação do número de internamentos motivados por infeções respiratória e o consumo de antibióticos das classes de penicilinas, sulfonamidas e outras explicam 78,0% (valor-p<0,001) da variação do número de internamentos. motivados por infeções urinárias. Quando considerados ambos os tipos de infeção, o consumo de penicilinas e sulfonamidas explicam 88,5% (valor-p<0,001) da sua variabilidade. Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que as resistências bacterianas estão associadas ao consumo de antibióticos de largo espectro, sendo que ambas têm aumentado ao longo dos anos analisados. Os resultados sugerem também que o consumo de penicilinas e quinolonas poderão explicar a variabilidade observada nos internamentos motivados infeções respiratórias, bem como o consumo de penicilinas, sulfonamidas e outros antibióticos poderão explicar a variabilidade do número de internamentos por infeções urinárias. Considerando o número de internamentos motivados por ambas as infeções, os consumos de penicilinas e sulfonamidas explicam numa maior proporção a sua variabilidade.Introduction: Portugal is a country with a high consumption of antibiotics and a worrisome proportion of bacterial resistance. Currently the Portuguese pattern of outpatient antibiotic consumption and its association with either bacterial resistance or hospitalisations due to respiratory and urinary tract infection is unknown. This study aimed to characterise antibiotic outpatient consumption in Portugal, to correlate it with the development of antibiotic resistance and to associate it with hospitalisations due to respiratory and urinary tract infections. Materials and methods: This is a secular trend study which describes antibiotic consumption between 2004 and 2015 in Portugal and associates, ecologically, antibiotic consumption with bacterial resistance and hospitalisations due to respiratory and urinary tract infections. This study resorts to three independent and anonymised databases. Monthly antibiotic consumption was obtained through the information system SICMED/hmR, which is a database of drugs dispensed at community pharmacies. The annual proportion of resistant bacterial strains was obtained through the INSA vigilance system, between 2004 and 2015, although for some bacterial strains information was only available between 2006 and 2015. Monthly hospitalisation was obtained from diagnosis related group (DRG), for the years 2011 and 2015. Descriptive statistics were used, and Pearson correlation were used (or Spearman when applicable), to correlate the ratio of broad and narrow spectrum antibiotic consumption and the proportion of bacterial resistance. A multiple linear regression was used to associate the consumption of antibiotics indicated for respiratory and urinary tract infection and the hospitalisations due to the same motives. All analyses were conducted using SPSS v. 21, at a 5% significance level. Results: Antibiotic consumption has been decreasing over the past 12 years (-45.4%). However, the broad and narrow spectrum antibiotic consumption increased from 13.4 to 41.6, between 2004 and 2015, respectively. There was a strong and positive correlation between broad and narrow spectrum antibiotic consumption and most bacteria resistant strains under vigilance. The correlation was positive and very high particularly in the proportion of Klebsiella pneumonie resistant to fluoroquinolones (r=0.955; p-value<0.001) and third generation cephalosporins (r=0.950; p-value<0.001). Finally, the models developed demonstrate that the consumption of penicillins and quinolones explain 87.6% (p-value<0.001) of the variation of the number of hospitalisations due to respiratory infections and the consumption of penicillins, sulfonamides and other antibiotics explain 78.0% (p-value<0.001) of the variation of the number of hospitalisations due to urinary infections. When considering both types of infections, the consumption of penicillins and sulfonamides explain 88.5% (p-value<0.001) of its variation. Conclusions: The results suggested that bacterial resistance is associated to the consumption of broad-spectrum antibiotics, both of which have increased over the analysed years. The results also suggested that consumption of penicillins and quinolones may explain the observed variation in the hospitalisations due to respiratory infections, as so the consumption of penicillins, sulfonamides and others might explain the observed variation in the number of hospitalisations due to urinary infections. Considering the number of hospitalisations due to both respiratory and urinary infections, the consumption of penicillins and sulfonamides explain in a higher proportion its variation.Furtado, CristinaTorre, CarlaRepositório da Universidade de LisboaGomes, Marta Alexandra Vargas2019-09-09T12:12:08Z2019-02-282019-02-28T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/39441TID:202210693porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:38:14Zoai:repositorio.ul.pt:10451/39441Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:53:20.699620Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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