Doenças auto-imunes da tiróide: associação com gastrite auto-imune

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marinho, Ana Sofia santos
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://repositorio.cespu.pt/handle/20.500.11816/364
http://hdl.handle.net/20.500.11816/364
Resumo: As patologias auto-imunes da tiróide, incluindo tiroidite linfocítica crónica e doença de Graves, são doenças auto-imunes específicas de órgão, caracterizadas por infiltração linfocítica da tiróide. Auto-anticorpos contra antigénios da tiróide (anticorpos anti-peroxidase tiroideia, anti-tiroglobulina e anti-receptor da tirotropina), são frequentemente encontrados no soro dos doentes. A gastrite atrófica é uma alteração que afecta a mucosa corporal e quando associada com anemia perniciosa é frequentemente considerada auto-imune, suportada pela presença de anticorpos anti células parietais e anti factor intrínseco. Associações com outras doenças auto-imunes específicas de órgão são frequentes, nomeadamente doenças auto-imunes da tiróide. Gastrite auto-imune e anemia perniciosa são doenças auto-imunes comuns, com uma frequência respectiva de 2 e 0,1-1% na população em geral, aumentando com a idade. Em doentes com doença tiroideia auto-imune a prevalência é igualmente elevada. O ataque auto-imune às células parietais resulta numa diminuição da secreção ácida, hipergastrinemia, anemia ferropénica e anemia perniciosa com défice de vitamina B12, conduzindo a um risco aumentado de desenvolvimento de cancro gástrico e tumores carcinóides. Desta forma, o diagnóstico precoce de gastrite atrófica auto-imune será relevante para tratar e prevenir a evolução destas situações. Dados recentes evidenciam que a infecção por Helicobacter pylori, capaz de induzir atrofia da mucosa gástrica, pode ser o iniciador da auto-imunidade gástrica, sendo no entanto difícil distinguir claramente entre atrofia gástrica auto-imune e gastrite atrófica induzida por Helicobacter pylori. Apesar da frequente associação de auto-imunidade tirogástrica, não está bem definido a necessidade de determinações sistemáticas de anticorpos anti células parietais em doentes diagnosticados com doença auto-imune da tiróide, o que justifica desta forma um estudo nesta área, no Centro Hospitalar São João. Dos 463 doentes com doença auto-imune da tiróide, 414 (89%) tinham tiroidite auto-imune classificados pela positividade de anti-peroxidase tiroideia (308 ± 345 UI/mL) e/ou anti-tiroglobulina (139±248 UI/mL) e 49 (11%) tinham doença de Graves classificados com base na presença de anti-receptor da tirotropina positivos e pelos níveis séricos de hormona estimulante da tiróide. O diagnóstico de gastrite auto-imune foi laboratorialmente confirmado em 120 doentes e a prevalência de anti células parietais positivos (ACPs) foi semelhante nas duas patologias auto-imunes da tiróide. Quanto aos anticorpos anti-factor intrínseco a sua positividade em cada uma das doenças auto-imunes da tiróide é muito inferior à verificada para os ACPs, com distribuição idêntica em ambas as patologias. Cerca de 14% dos doentes com doença auto-imune da tiróide apresentavam anemia. No entanto a prevalência de ACPs é semelhante nos casos com e sem anemia. Relativamente ao Helicobacter pylori, concluímos que no nosso estudo as determinações de serologia são raramente solicitadas nas doenças auto-imunes da tiróide (3 de 471 doentes) e mesmo nos casos de tiroidite que se associam a ACPs positivos (2 de 107 casos), o que sugere que a possível associação a esta infecção, não tem sido considerada clinicamente. Do mesmo modo, a investigação da auto-imunidade gástrica é realizada num número reduzido de casos.
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