A profissão polícia: uma nova lógica socioprofissional e organizacional - o caso da PSP do distrito de Beja
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.26/35396 |
Resumo: | Na presente investigação o autor propõe-se satisfazer as condições definidas pela Universidade de Évora para a obtenção do grau de Mestre em Sociologia, área de especialização em Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável. Vivemos num mundo em que a capacidade de adaptação das Organizações aos sinais exteriores de mudança é, para lá do desafio que encerra, um verdadeiro imperativo estratégico. De facto, “num período de mutação tão profunda, enquanto as práticas e os modos de raciocínio com os quais vivemos parecem cada vez mais inadaptados, a nossa tarefa não pode ser mais a conservação e o melhoramento, mas deve ser a renovação e mesmo a invenção.” (Crozier, 1994: 164). Uma força de segurança como a PSP, apesar da sua natureza de serviço público, não deve igualmente excluir-se do processo de adaptação às mutações societais, sobretudo porque é um corpo constituído por pessoas, também elas munidas de uma visão cada vez mais crítica, prospectiva e reflexiva, o que obriga a Organização a executar uma visão de futuro (Cunha et al., 2001), através da implementação de um plano de acção que vise a melhoria da qualidade do serviço que se presta ao cliente/cidadão e re-equacionando o seu quadro de representação socioprofissional. Na linha de pensamento de Alain Duluc, “a procura permanente da satisfação do cliente e dos seus novos desejos levam a empresa a modificar a sua organização. O importante já não é a gestão dos homens, mas a gestão dos processos. Nessa evolução, a organização modifica-se.” (Duluc, 2000: 33). Mas esta estratégia deve assentar sobretudo – sem ferir o princípio da hierarquia que deve nortear uma organização com regras e códigos muito enraizados – numa política de motivação e de apelo ao envolvimento de todos os actores internos pois, “como refere um velho provérbio chinês, «não se pode esculpir em madeira podre».” (Lloyd e Lloyd, 1995: 31). É neste contexto conceptual que se localiza a presente investigação, surgindo como um contributo sensibilizador que visa, em primeira linha, melhorar a política de GRH na PSP, tendo como pano de fundo o domínio da sociologia das profissões, consubstanciando um documento de apoio à decisão. No entanto, é fundamental perceber como é que os diversos actores – internos e externos – percepcionam e analisam a instituição, culminando na configuração da representação socioprofissional da polícia, assente numa reflexão relativamente à capacidade de adaptação organizacional e ao papel da polícia no novo enquadramento societal. No seguimento deste raciocínio optei pela análise do caso da PSP do distrito de Beja, por motivos que serão esclarecidos durante a investigação, mas que se devem essencialmente ao meu conhecimento profundo desta realidade. O esqueleto estrutural do presente estudo foi construído com um sentido lógico e materializando uma complementaridade entre as diversas partes que o compõem: uma breve introdução inicial traça os contornos que circunscrevem a investigação, as mudanças que têm ocorrido na sociedade portuguesa, os mecanismos da PSP de adaptação à nova realidade; e a pertinência e os objectivos da investigação. Num segundo capítulo é tecida uma necessária componente teórica em torno do surgimento da sociologia das profissões, enquanto área especializada da sociologia, e de conceitos fundamentais para a compreensão do presente tema, nomeadamente profissão, representação socioprofissional e identidade profissional. No terceiro capítulo é apresentada uma visão diacrónica, mas meramente elucidativa, da história da polícia portuguesa; seguindo-se uma incursão às tendências paradigmáticas em matéria de intervenção policial; culminando na caracterização dos profissionais do Comando de Polícia de Beja e na abordagem a experiências desenvolvidas, na senda do espírito do policiamento comunitário, neste caso em concreto. No quarto capítulo são tratadas as questões de foro metodológico, no sentido de clarificar as opções enveredadas, os obstáculos epistemológicos que tiveram de ser ultrapassados, o porquê dos caminhos traçados, a caracterização dos inquiridos, os procedimentos na preparação e execução das entrevistas, e os cuidados no tratamento e redução dos dados. Posteriormente segue-se o quinto capítulo onde se procede a uma dissecação e interpretação do teor das entrevistas realizadas, transcritas num total de duzentas e vinte páginas, através das quais se conseguiu captar o sentido escondido nas palavras dos inquiridos, com base numa extracção metódica transposta para grelhas sistematizadoras que, num capítulo final, permitiram apresentar as grandes conclusões e propor recomendações de acção. O objectivo geral definido para a presente investigação é, como já foi referido, contribuir para uma melhoria das políticas de gestão de recursos humanos na PSP, através das repercussões, que as linhas orientadoras emanadas neste documento, poderão gerar na organização policial, sobretudo na opção de novos rumos estratégicos no âmbito das políticas de recursos humanos. Nessa perspetiva, pretendo alcançar os seguintes objectivos específicos: caracterizar os profissionais que exercem funções policiais no distrito de Beja; perceber qual é a representação socioprofissional da polícia na óptica interna; e descortinar qual é o papel atual da polícia face as mudanças sociais. |
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A profissão polícia: uma nova lógica socioprofissional e organizacional - o caso da PSP do distrito de BejaProfissão PolíciaPolíciaIdentidade ProfissionalRepresentação SocialPolícia de Segurança PúblicaMudança SocialNa presente investigação o autor propõe-se satisfazer as condições definidas pela Universidade de Évora para a obtenção do grau de Mestre em Sociologia, área de especialização em Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável. Vivemos num mundo em que a capacidade de adaptação das Organizações aos sinais exteriores de mudança é, para lá do desafio que encerra, um verdadeiro imperativo estratégico. De facto, “num período de mutação tão profunda, enquanto as práticas e os modos de raciocínio com os quais vivemos parecem cada vez mais inadaptados, a nossa tarefa não pode ser mais a conservação e o melhoramento, mas deve ser a renovação e mesmo a invenção.” (Crozier, 1994: 164). Uma força de segurança como a PSP, apesar da sua natureza de serviço público, não deve igualmente excluir-se do processo de adaptação às mutações societais, sobretudo porque é um corpo constituído por pessoas, também elas munidas de uma visão cada vez mais crítica, prospectiva e reflexiva, o que obriga a Organização a executar uma visão de futuro (Cunha et al., 2001), através da implementação de um plano de acção que vise a melhoria da qualidade do serviço que se presta ao cliente/cidadão e re-equacionando o seu quadro de representação socioprofissional. Na linha de pensamento de Alain Duluc, “a procura permanente da satisfação do cliente e dos seus novos desejos levam a empresa a modificar a sua organização. O importante já não é a gestão dos homens, mas a gestão dos processos. Nessa evolução, a organização modifica-se.” (Duluc, 2000: 33). Mas esta estratégia deve assentar sobretudo – sem ferir o princípio da hierarquia que deve nortear uma organização com regras e códigos muito enraizados – numa política de motivação e de apelo ao envolvimento de todos os actores internos pois, “como refere um velho provérbio chinês, «não se pode esculpir em madeira podre».” (Lloyd e Lloyd, 1995: 31). É neste contexto conceptual que se localiza a presente investigação, surgindo como um contributo sensibilizador que visa, em primeira linha, melhorar a política de GRH na PSP, tendo como pano de fundo o domínio da sociologia das profissões, consubstanciando um documento de apoio à decisão. No entanto, é fundamental perceber como é que os diversos actores – internos e externos – percepcionam e analisam a instituição, culminando na configuração da representação socioprofissional da polícia, assente numa reflexão relativamente à capacidade de adaptação organizacional e ao papel da polícia no novo enquadramento societal. No seguimento deste raciocínio optei pela análise do caso da PSP do distrito de Beja, por motivos que serão esclarecidos durante a investigação, mas que se devem essencialmente ao meu conhecimento profundo desta realidade. O esqueleto estrutural do presente estudo foi construído com um sentido lógico e materializando uma complementaridade entre as diversas partes que o compõem: uma breve introdução inicial traça os contornos que circunscrevem a investigação, as mudanças que têm ocorrido na sociedade portuguesa, os mecanismos da PSP de adaptação à nova realidade; e a pertinência e os objectivos da investigação. Num segundo capítulo é tecida uma necessária componente teórica em torno do surgimento da sociologia das profissões, enquanto área especializada da sociologia, e de conceitos fundamentais para a compreensão do presente tema, nomeadamente profissão, representação socioprofissional e identidade profissional. No terceiro capítulo é apresentada uma visão diacrónica, mas meramente elucidativa, da história da polícia portuguesa; seguindo-se uma incursão às tendências paradigmáticas em matéria de intervenção policial; culminando na caracterização dos profissionais do Comando de Polícia de Beja e na abordagem a experiências desenvolvidas, na senda do espírito do policiamento comunitário, neste caso em concreto. No quarto capítulo são tratadas as questões de foro metodológico, no sentido de clarificar as opções enveredadas, os obstáculos epistemológicos que tiveram de ser ultrapassados, o porquê dos caminhos traçados, a caracterização dos inquiridos, os procedimentos na preparação e execução das entrevistas, e os cuidados no tratamento e redução dos dados. Posteriormente segue-se o quinto capítulo onde se procede a uma dissecação e interpretação do teor das entrevistas realizadas, transcritas num total de duzentas e vinte páginas, através das quais se conseguiu captar o sentido escondido nas palavras dos inquiridos, com base numa extracção metódica transposta para grelhas sistematizadoras que, num capítulo final, permitiram apresentar as grandes conclusões e propor recomendações de acção. O objectivo geral definido para a presente investigação é, como já foi referido, contribuir para uma melhoria das políticas de gestão de recursos humanos na PSP, através das repercussões, que as linhas orientadoras emanadas neste documento, poderão gerar na organização policial, sobretudo na opção de novos rumos estratégicos no âmbito das políticas de recursos humanos. Nessa perspetiva, pretendo alcançar os seguintes objectivos específicos: caracterizar os profissionais que exercem funções policiais no distrito de Beja; perceber qual é a representação socioprofissional da polícia na óptica interna; e descortinar qual é o papel atual da polícia face as mudanças sociais.Universidade de ÉvoraRepositório ComumPoiares, Nuno Caetano Lopes de Barros2021-02-11T16:37:44Z2004-092004-09-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/35396porPoiares, N. (2004). 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Uma força de segurança como a PSP, apesar da sua natureza de serviço público, não deve igualmente excluir-se do processo de adaptação às mutações societais, sobretudo porque é um corpo constituído por pessoas, também elas munidas de uma visão cada vez mais crítica, prospectiva e reflexiva, o que obriga a Organização a executar uma visão de futuro (Cunha et al., 2001), através da implementação de um plano de acção que vise a melhoria da qualidade do serviço que se presta ao cliente/cidadão e re-equacionando o seu quadro de representação socioprofissional. Na linha de pensamento de Alain Duluc, “a procura permanente da satisfação do cliente e dos seus novos desejos levam a empresa a modificar a sua organização. O importante já não é a gestão dos homens, mas a gestão dos processos. Nessa evolução, a organização modifica-se.” (Duluc, 2000: 33). Mas esta estratégia deve assentar sobretudo – sem ferir o princípio da hierarquia que deve nortear uma organização com regras e códigos muito enraizados – numa política de motivação e de apelo ao envolvimento de todos os actores internos pois, “como refere um velho provérbio chinês, «não se pode esculpir em madeira podre».” (Lloyd e Lloyd, 1995: 31). É neste contexto conceptual que se localiza a presente investigação, surgindo como um contributo sensibilizador que visa, em primeira linha, melhorar a política de GRH na PSP, tendo como pano de fundo o domínio da sociologia das profissões, consubstanciando um documento de apoio à decisão. No entanto, é fundamental perceber como é que os diversos actores – internos e externos – percepcionam e analisam a instituição, culminando na configuração da representação socioprofissional da polícia, assente numa reflexão relativamente à capacidade de adaptação organizacional e ao papel da polícia no novo enquadramento societal. No seguimento deste raciocínio optei pela análise do caso da PSP do distrito de Beja, por motivos que serão esclarecidos durante a investigação, mas que se devem essencialmente ao meu conhecimento profundo desta realidade. O esqueleto estrutural do presente estudo foi construído com um sentido lógico e materializando uma complementaridade entre as diversas partes que o compõem: uma breve introdução inicial traça os contornos que circunscrevem a investigação, as mudanças que têm ocorrido na sociedade portuguesa, os mecanismos da PSP de adaptação à nova realidade; e a pertinência e os objectivos da investigação. Num segundo capítulo é tecida uma necessária componente teórica em torno do surgimento da sociologia das profissões, enquanto área especializada da sociologia, e de conceitos fundamentais para a compreensão do presente tema, nomeadamente profissão, representação socioprofissional e identidade profissional. No terceiro capítulo é apresentada uma visão diacrónica, mas meramente elucidativa, da história da polícia portuguesa; seguindo-se uma incursão às tendências paradigmáticas em matéria de intervenção policial; culminando na caracterização dos profissionais do Comando de Polícia de Beja e na abordagem a experiências desenvolvidas, na senda do espírito do policiamento comunitário, neste caso em concreto. No quarto capítulo são tratadas as questões de foro metodológico, no sentido de clarificar as opções enveredadas, os obstáculos epistemológicos que tiveram de ser ultrapassados, o porquê dos caminhos traçados, a caracterização dos inquiridos, os procedimentos na preparação e execução das entrevistas, e os cuidados no tratamento e redução dos dados. 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