Acerca do riso em Baudelaire: um problema de tradução entre o sujeito e a vida

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cruz, João Gonçalves Martins
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/132077
Resumo: O presente trabalho procura esclarecer algumas das confusões relativas ao fenómeno do riso. Embora o fenómeno esteja identificado desde a Antiguidade, só mais tarde, com alguns desenvolvimentos medievais e modernos, se encontra algo como o seu estudo mais completo e sistemático. Acresce ainda a este argumento a própria natureza e estrutura do riso que, embora aparentemente disponível, é esquiva, equívoca e ambígua. Na verdade, porque grande parte dos empreendimentos à volta do riso acaba, inevitavelmente, por o reconduzir à história do ridículo, será necessário encontrar as suas determinações mais fundamentais que fazem daquele um objeto de estudo com corpo próprio. Com esta ideia em mente, a proposta é simples: acompanhando a leitura do texto De l’essence du rire et généralement du comique dans les arts plastiques, de Baudelaire, devem extrair-se os principais aspetos do riso. Para isso, destacam-se três pontos: i) todo o estudo do fenómeno parte da compreensão que se faz de caricatura. Deste modo, porque o que está em causa na caricatura é sempre um riso de escárnio, deve ser esse o âmbito particular do nosso trabalho; ii) uma vez que o autor pensa o fenómeno à luz da tradição cristã, é preciso, de igual forma, pensá-lo nessas condições; iii) toda a leitura deste texto deve depender da máxima baudelairiana Le Sage ne rit qu’en tremblant. O objetivo deste estudo, à luz de Baudelaire, é mostrar, essencialmente, que todo o cómico depende do sujeito, e que todo o riso, enquanto consciência do conflito existencial, deve incluir uma determinação de escárnio.
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