Entre o social e biológico: Repensando a maternidade à luz das novas técnicas de reprodução assistida

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Álvares, Cláudia
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.21814/rlec.84
Resumo: Os progressos científicos na área das biotecnologias permitem uma crescente dissociação das componentes social e biológica da parentalidade, com o discurso médico a procurar enquadrar, na maior parte das vezes, o social no âmbito do biológico por forma a não pôr em causa definições consensuais de parentalidade, particularmente no que toca ao entendimento do conceito de ‘maternidade’. Este enquadramento do social no seio do biológico é visível no modo como as técnicas de procriação assistida são frequentemente descritas na imprensa como simulando um processo biológico ‘natural’, naturalidade essa que a patologia da infertilidade impede de tomar o seu livre curso. Este artigo pretende analisar os entendimentos diferenciados e por vezes contraditórios do conceito de maternidade que ressaltam da cobertura noticiosa da Procriação Medicamente Assistida por parte do Jornal Público nos anos 2008 e 2009. O corpus analítico demonstra que ao privilegiar o discurso médico na interpretação hegemónica dos riscos e benefícios dessas técnicas de reprodução, o Público veicula uma concepção da maternidade que privilegia claramente o biológico em detrimento do social: a transmissão de um património genético é tida como o factor mais importante no que toca à definição de maternidade, sendo que se sobrepõe à dimensão de ‘educar/criar um filho’.
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