Romboencefalite e Mielite Pós-Infeciosa: Descrição de um Caso Clínico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Medeiros, Catarina
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Dias, Alexandra, Martins, Emanuel, Santos, Mário, Batista, Sónia, Massano, Ana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://casereports.spmi.pt/index.php/cr/article/view/9
Resumo: A mielite e a romboencefalite são provocadas pela inflamação da medula espinal e do rombencéfalo, respetivamente. Com uma clínica diversa, a anamnese, o exame objetivo, a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) e o exame de neuroimagem auxiliam na sua identificação.   Expomos o caso de um homem de 47 anos, com antecedentes de hiperuricemia e dislipidemia, admitido no serviço de urgência por diminuição da força muscular com 3 dias de evolução. Referia episódio de diarreia aquosa e febre, cerca de 7 dias antes. Ao exame neurológico, apresentava: discurso pobre e lentificado; movimentos oculares com decomposição do movimento, nistagmus unidirecional para a esquerda; diplopia evocada nos movimentos de verticalidade superior e horizontais para a direita; diparésia facial; tetraparésia (membro superior direito grau 4, esquerdo grau 3; membros inferiores grau 2); arreflexia no membro inferior direito; hipoestesia em luva e retenção urinária. Na avaliação analítica apresentava leucocitose e aumento da proteína c-reativa. Não apresentava alterações na tomografia computorizada crânio-encefálica.   Foi realizada punção lombar com saída de LCR límpido, pressão normal com leucócitos de predomínio mononucleares e proteinorráquia. Iniciou dupla antibioterapia e antivírico. Na ressonância magnética apresentava alterações compatíveis com envolvimento encefálico e medular de natureza inflamatória ou metabólica. Pelo que, iniciou corticoterapia em dose elevada, seguida de plasmaférese com melhoria dos défices. O painel serológico no sangue revelou anticorpos IgM anti-Campylobacter jejuni.   A mielite e romboencefalite para-infeciosa secundária a infeção por Campylobacter jejuni são raras e a fisiopatologia ainda não está totalmente esclarecida. A sua identificação e tratamento precoce são fundamentais para o prognóstico.
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