Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Samuel José
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/101463
https://doi.org/10.14195/2183-1718_76_1
Resumo: Neste artigo foca-se um dos problemas discutidos no Filebo 33c8-39e7. Esse problema prende-se a) com o significado das noções de aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia e doxazein, b) com a especificidade das perspectivas sc. do tipo de apresentação que, em cada caso, corresponde a tais noções, c) com a relação entre essas diferentes perspectivas e, ainda, d) com a questão de saber como está constituída ou “montada” a nossa própria perspectiva sc. a apresentação que temos. Metodologicamente, tomamos o Filebo 33c-39e como uma espécie de desafio à compreensão habitual do “aparecimento” – dominada pela ideia de que este é algo constituído “em bloco” e de forma imediata, que se dá pura e simplesmente por “abrirmos os olhos” – e consideramos a compreensão alternativa que se desenha neste passo. Com efeito, resulta da nossa leitura do Filebo que o “aparecimento” tem, na verdade, um carácter composto e corresponde ao efeito acumulado de sucessivos passos de desvendamento que se ultrapassam e modificam uns aos outros. É esta multiplicidade de formas de aparecer irredutíveis umas às outras e separadas por saltos ou descontinuidades que justamente está em causa nas análises da aisthesis, da mneme, da anamnesis, da epythumia e do doxazein (representado pela figura do escriba). Finalmente, tais análises acabam por vincar que toda a nossa apresentação radica no doxazein – de sorte que (para usar a imagem de 38e) as nossas aistheseis, as nossas mnemai, etc. são intrinsecamente relativas a esse “escriba” em nós, que, com a ajuda de um “pintor”, escreve continuamente o “livro” da nossa própria vida.
id RCAP_7b9077f597d2203ef83eb041185de6d2
oai_identifier_str oai:estudogeral.uc.pt:10316/101463
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de PlatãoSequentialit y and Discontinuit y in the Constitution of Appearin g accordin g to Plato ’s PhilebusaisthesismnemeanamnesisepythumiadoxazeinNeste artigo foca-se um dos problemas discutidos no Filebo 33c8-39e7. Esse problema prende-se a) com o significado das noções de aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia e doxazein, b) com a especificidade das perspectivas sc. do tipo de apresentação que, em cada caso, corresponde a tais noções, c) com a relação entre essas diferentes perspectivas e, ainda, d) com a questão de saber como está constituída ou “montada” a nossa própria perspectiva sc. a apresentação que temos. Metodologicamente, tomamos o Filebo 33c-39e como uma espécie de desafio à compreensão habitual do “aparecimento” – dominada pela ideia de que este é algo constituído “em bloco” e de forma imediata, que se dá pura e simplesmente por “abrirmos os olhos” – e consideramos a compreensão alternativa que se desenha neste passo. Com efeito, resulta da nossa leitura do Filebo que o “aparecimento” tem, na verdade, um carácter composto e corresponde ao efeito acumulado de sucessivos passos de desvendamento que se ultrapassam e modificam uns aos outros. É esta multiplicidade de formas de aparecer irredutíveis umas às outras e separadas por saltos ou descontinuidades que justamente está em causa nas análises da aisthesis, da mneme, da anamnesis, da epythumia e do doxazein (representado pela figura do escriba). Finalmente, tais análises acabam por vincar que toda a nossa apresentação radica no doxazein – de sorte que (para usar a imagem de 38e) as nossas aistheseis, as nossas mnemai, etc. são intrinsecamente relativas a esse “escriba” em nós, que, com a ajuda de um “pintor”, escreve continuamente o “livro” da nossa própria vida.This article focus on one of the problems discussed in Philebus 33c8-39e7. This problem involves a) the meaning of the concepts aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia and doxazein, b) the specific nature of the perspectives sc. of the type of presentation that, in each case, corresponds to these concepts, c) the relationship among these different perspectives and, also, d) the question of knowing how our own perspective, sc. the presentation we have, is constituted or “assembled”. From a methodological point of view, we take Philebus 33c-39e as a sort of challenge to the usual understanding of “appearing” – dominated by the idea that this is something constituted “en bloc” and in an immediate form, arising purely and simply through “our opening our eyes” – and consider the alternative understanding outlined in this passage. In fact, our reading of Philebus leads us to think that “appearing” has, to tell the truth, a composite character and corresponds to the cumulative effect of successive stages of revelation which go beyond and modify each other. It is this multiplicity of ways of appearing that are irreducible to each other and separated by jumps or discontinuities that is precisely at stake in the analyses of aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia and doxazein (represented by the scribe figure). Lastly, these analyses end up stressing that all our presentation is rooted in doxazein – so that (to use the image in 38e) our aistheseis, our mnemai, etc. are intrinsically related to this “scribe” in us, who, with the help of a “painter”, is continuously writing the “book” of our very own life.2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/101463http://hdl.handle.net/10316/101463https://doi.org/10.14195/2183-1718_76_1por2183-17180871-1569Oliveira, Samuel Joséinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-08-26T20:57:04Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/101463Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:18:39.084742Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
Sequentialit y and Discontinuit y in the Constitution of Appearin g accordin g to Plato ’s Philebus
title Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
spellingShingle Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
Oliveira, Samuel José
aisthesis
mneme
anamnesis
epythumia
doxazein
title_short Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
title_full Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
title_fullStr Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
title_full_unstemmed Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
title_sort Sucessão e Descontinuidade na Constituição do Aparecimento segundo o Filebo de Platão
author Oliveira, Samuel José
author_facet Oliveira, Samuel José
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Samuel José
dc.subject.por.fl_str_mv aisthesis
mneme
anamnesis
epythumia
doxazein
topic aisthesis
mneme
anamnesis
epythumia
doxazein
description Neste artigo foca-se um dos problemas discutidos no Filebo 33c8-39e7. Esse problema prende-se a) com o significado das noções de aisthesis, mneme, anamnesis, epythumia e doxazein, b) com a especificidade das perspectivas sc. do tipo de apresentação que, em cada caso, corresponde a tais noções, c) com a relação entre essas diferentes perspectivas e, ainda, d) com a questão de saber como está constituída ou “montada” a nossa própria perspectiva sc. a apresentação que temos. Metodologicamente, tomamos o Filebo 33c-39e como uma espécie de desafio à compreensão habitual do “aparecimento” – dominada pela ideia de que este é algo constituído “em bloco” e de forma imediata, que se dá pura e simplesmente por “abrirmos os olhos” – e consideramos a compreensão alternativa que se desenha neste passo. Com efeito, resulta da nossa leitura do Filebo que o “aparecimento” tem, na verdade, um carácter composto e corresponde ao efeito acumulado de sucessivos passos de desvendamento que se ultrapassam e modificam uns aos outros. É esta multiplicidade de formas de aparecer irredutíveis umas às outras e separadas por saltos ou descontinuidades que justamente está em causa nas análises da aisthesis, da mneme, da anamnesis, da epythumia e do doxazein (representado pela figura do escriba). Finalmente, tais análises acabam por vincar que toda a nossa apresentação radica no doxazein – de sorte que (para usar a imagem de 38e) as nossas aistheseis, as nossas mnemai, etc. são intrinsecamente relativas a esse “escriba” em nós, que, com a ajuda de um “pintor”, escreve continuamente o “livro” da nossa própria vida.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10316/101463
http://hdl.handle.net/10316/101463
https://doi.org/10.14195/2183-1718_76_1
url http://hdl.handle.net/10316/101463
https://doi.org/10.14195/2183-1718_76_1
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2183-1718
0871-1569
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134080999096320