Terrorismo, Radicalização e Psiquiatria
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25752/psi.17332 |
Resumo: | RESUMO Introdução: Nos últimos anos, assistimos a um aumento da violência política, religiosa e ideológica em todo o mundo. As entidades governamentais têm delineado políticas para combater este fenómeno onde requerem a intervenção dos serviços de saúde mental nomeadamente na identificação de indivíduos em risco de radicalização. Objectivos: Este artigo tem como objetivo rever a evidência da associação entre terrorismo, radicalização e doença mental de modo a esclarecer o possível papel da psiquiatria, especialmente o da sua subespecialidade forense, neste tipo de violência. Métodos: Revisão da literatura através de pesquisa na base de dados científica PubMed/MEDLINEusando os termos “psychiatry”, “terrorism” and “radicalization”. Resultados e Conclusões: O corpo científico que sustenta o conhecimento dos fenómenos psicológicos associados ao terrorismo é diminuto e associa-se a falhas e imprecisões metodológicas. Atualmente não existe evidência científica de uma associação entre patologia mental e radicalização, contudo, parece haver maior prevalência de psicopatologia nos terroristas solitários. As políticas antiterrorismo encontram-se desfasadas do nível de conhecimento científico e podem contribuir para o aumento do isolamento e discriminação, exigindo-se uma quebra da confidencialidade que inviabiliza o estabelecimento de uma relação terapêutica. O papel da psiquiatria não passa por avaliar risco de radicalização nem adotar técnicas para a promoção do processo inverso, mas identificar e tratar perturbações mentais associadas nos autores e nas vítimas do terrorismo, desconstruindo o estigma e evitando discriminação. Os psiquiatras que trabalham em contexto médico-legal encontram-se numa posição singular para o estudo do terrorismo e radicalização, mas deverão ser cuidadosos, individualizando a avaliação deste tipo específico de violência. |
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Terrorismo, Radicalização e PsiquiatriaTerrorismo, Radicalização e PsiquiatriaArtigos de RevisãoRESUMO Introdução: Nos últimos anos, assistimos a um aumento da violência política, religiosa e ideológica em todo o mundo. As entidades governamentais têm delineado políticas para combater este fenómeno onde requerem a intervenção dos serviços de saúde mental nomeadamente na identificação de indivíduos em risco de radicalização. Objectivos: Este artigo tem como objetivo rever a evidência da associação entre terrorismo, radicalização e doença mental de modo a esclarecer o possível papel da psiquiatria, especialmente o da sua subespecialidade forense, neste tipo de violência. Métodos: Revisão da literatura através de pesquisa na base de dados científica PubMed/MEDLINEusando os termos “psychiatry”, “terrorism” and “radicalization”. Resultados e Conclusões: O corpo científico que sustenta o conhecimento dos fenómenos psicológicos associados ao terrorismo é diminuto e associa-se a falhas e imprecisões metodológicas. Atualmente não existe evidência científica de uma associação entre patologia mental e radicalização, contudo, parece haver maior prevalência de psicopatologia nos terroristas solitários. As políticas antiterrorismo encontram-se desfasadas do nível de conhecimento científico e podem contribuir para o aumento do isolamento e discriminação, exigindo-se uma quebra da confidencialidade que inviabiliza o estabelecimento de uma relação terapêutica. O papel da psiquiatria não passa por avaliar risco de radicalização nem adotar técnicas para a promoção do processo inverso, mas identificar e tratar perturbações mentais associadas nos autores e nas vítimas do terrorismo, desconstruindo o estigma e evitando discriminação. Os psiquiatras que trabalham em contexto médico-legal encontram-se numa posição singular para o estudo do terrorismo e radicalização, mas deverão ser cuidadosos, individualizando a avaliação deste tipo específico de violência.ABSTRACT Background: In recent years, we have witnessed an increase in political, religious and ideological violence throughout the world. The governmental entities have defined policies to combat this phenomenon establishing a role of mental health services in the identification of individuals at risk of radicalization. Objectives: We aim to review the relationship between terrorism, radicalization and mental illness in order to clarify the role of psychiatry, especially its forensic subspecialty, in this type of violence. Methods:Literature review was based on PubMed/MEDLINE, using the keywords “psychiatry”, “terrorism” and “radicalization”. Results and Conclusions:The scientific body on psychological phenomena associated with terrorism is scanty and paved with methodological inaccuracies. There is no evidence of an association between mental pathology and radicalization, but there is a greater prevalence of psychopathology in solitary terrorists. Counterterrorism policies are not in line with scientific knowledge and can contribute to increased isolation and discrimination, requiring a breach of confidentiality that would make it impossible to establish a therapeutic relationship. The role of psychiatry should not involve evaluation of radicalization risk or the adoption of techniques to promote the reverse process, but the treatment of mental disturbances associated with terrorism perpetrators and victims, deconstructing stigma and avoiding discrimination. Psychiatrists working in a medical-legal context are in a unique position to study terrorism and radicalization, however, their evaluation in this specific type of violence needs to be cautiously individualized.Departamento de Saúde Mental | Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE2022-09-07T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25752/psi.17332por2182-31461646-091XMachado, Ana Sofia MonteiroGrangeia, Rosainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-09T05:45:25Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/17332Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:48:39.078703Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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