As ilhas, os arquivos e a história : o caso dos Açores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Meneses, Avelino de Freitas de
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.3/363
Resumo: Nos Açores, a força da geografia define o carácter da história, que evidencia expressões bem diferenciadas. Por um lado, as ilhas agem como meio de aproximação dos continentes, equivalendo a um sinónimo de universalidade, que resulta de um privilegiado posicionamento no Atlântico Norte, movido pelo determinismo do mar e pelas condições da navegação à vela. Por outro lado, as ilhas figuram como factor de cristalização de comportamentos, correspondendo a um sinónimo de isolamento, motivado pelo afastamento do mundo e pela descontinuidade territorial interna. Nestas circunstâncias, os planos insulares de pesquisa histórica primam naturalmente pela pluralidade dos objectivos. Assim, demonstram uma participação muito activa na construção do mundo atlântico, que obriga à integração das investigações açorianas nas categorias mais universais do saber, mas aconselham também à realização de estudos de incidência local, conducentes à individualização de idiossincracias, que derivam da divisão do arquipélago em nove parcelas muito desiguais. Em 1979, por altura da publicação do seu livro O Arquipélago dos Açores no Século XVII: aspectos sócio-económicos (1575-1675), Maria Olímpia da Rocha Gil reconhece precisamente a indispensabilidade do desenvolvimento da investigação histórica açoriana de acordo com duas linhas ao mesmo tempo dissemelhantes e convergentes: “... em primeiro, aquela que nos leva a considerar que a história do arquipélago se integra no longo processo da história do Atlântico; em segundo lugar, a que se orienta para o estudo da evolução histórica local tendo em conta as características que lhe são próprias”. No entanto, desde tempos quase imemoriais, diversos cronistas e historiadores evidenciam um entendimento muito semelhante, que certifica a complexidade dos estudos históricos insulares. A comprová-lo, atentemos nas Saudades da Terra do Doutor Gaspar Frutuoso, redigidas logo no termo do século XVI, que relevam de uma assentada as especificidades locais, as correlações com os demais arquipélagos da Macaronésia e o envolvimento nas dinâmicas do Atlântico. [...]
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