Correntes de pensamento em ciências de enfermagem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Daniel Marques da
Data de Publicação: 2002
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.19/624
Resumo: Tal como noutras profissões, a evolução na enfermagem tem ocorrido em contextos vários de mudanças socioculturais, filosóficas, económicas, políticas e tecnológicas. Da tecnicidade centrada na doença, no inicio deste século, passou-se para uma corrente de valorização da relação entre quem presta e quem recebe cuidados e para uma corrente orientada para o desenvolvimento moral. Os cursos de enfermagem de hoje procuram dar uma formação que permita aos enfermeiros conhecer melhor a pessoa e ter uma acção terapêutica a nível individual e familiar. A imagem tradicional da "boa enfermeira" é assim, hoje, questionada pois a percepção que as enfermeiras tinham do seu papel foi posta em causa. Desde Nightingale que os cuidados de enfermagem se desenvolveram e melhoraram extraordinariamente e os enfermeiros sabem, cada vez mais, atribuir a si próprios a sua identidade profissional. Apesar da tecnologia avançar, esta nunca poderá substituir a enfermeira uma vez que só ela poderá oferecer serviços que englobam todas as dimensões do ser humano. Contrariamente ao contabilista ou ao engenheiro, para quem a pessoa do cliente não constitui o objecto directo da sua competência, para o enfermeiro é precisamente o ser humano em toda a sua força e vulnerabilidade que constitui o objecto da sua competência. Ser enfermeiro exige mais do que o simples saber (ele pode memorizar) e do que saber-fazer (os gestos podem tornar-se automáticos). O enfermeiro deve também desenvolver o seu saber-ser, tanto consigo próprio como com o cliente. Se, por um lado, a evolução tecnológica tem apelado à valorização da vertente tecnicista, por outro, o aumento da esperança de vida, com o consequente envelhecimento da população e o prolongamento de situações incuráveis (doenças crónicas), tem evidenciado a necessidade de cuidados mais relacionados com a área afectiva e relacional. Nas linhas seguintes iremos procurar, de forma breve, perspectivar a evolução verificada na prática dos cuidados e simultaneamente apresentar algumas correntes de pensamento que têm influenciado a forma de encarar a pessoa, a saúde, a doença e o ambiente, bem como a prestação dos cuidados.
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