Pico da Vara, uma zona de valor internacional a preservar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Le Grand, Gérald
Data de Publicação: 1982
Outros Autores: Sjögren, Erik, Furtado, Duarte
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.3/871
Resumo: As ilhas sempre fascinaram os cientistas pela especificação da sua fauna e flora. Depois de Darwin e da teoria da evolução até aos nossos dias, as ilhas têm sido o centro de interesse de numerosa investigação e atenção. Se somente uma fraca percentagem de espécies de aves conhecidas até hoje habitam as ilhas, 93% das 92 especies e 83 subespécies que se extinguiram depois de 1600 eram de formas insulares. Hoje, mais de metade das espécies em vias de extinção são de formas insulares e para a maior parte delas, o seu desaparecimento está eminente. As razões pelas quais certas espécies estão em perigo de desaparecerem são variáveis duma especie a outra e tem sido objecto de numerosas investigações teóricas e práticas. As razões geralmente invocadas, compreendem a pequena dimensão das populações insulares e sua isolação, então sujeitas a um forte risco de extinção; a destruição do seu habitat, as formas insulares estando muitas vezes adaptadas a um meio que não existe em parte alguma e geralmente de superficie reduzida, portanto sensível à destruição deste meio ou à invasão por espécies estranhas alterando a dinâmica desses ecossistemas. Duma maneira esquemática, os ecossistemas dos Açores dividem-se em duas zonas de vegetação bem distintas. Uma de vegetação costeira muito perturbada pelas actividades humanas e outra de vegetação de altitude (zona de nuvens) adaptada a uma humidade e pluviosidade muito fortes. A vegetação da zona de nuvens é geralmente chamada de "Laurissilva" sendo a família dos louros o elemento constituinte característico. Em função do gradiente climático que existe entre as ilhas do arquipélago, o limite inferior da Laurissilva está a ± 600 metros em São Miguel e ± 200 metros nas Flores. Os Açores possuem portanto uma cadeia de Laurissilva repartida entre as diferentes ilhas é mais ou menos conservada. Desapareceu da Graciosa, Santa Maria e Corvo, pouco restando nas Flores sendo as suas superfícies muito fracas nas ilhas de São Jorge e Faial, encontrando-se as maiores superfícies nas ilhas do Pico e em São Miguel. Cada uma destas Laurissilvas apresenta particularidades próprias que perfazem formações únicas com comunidades de plantas e animais endemicos. A Laurissilva de São Miguel é a mais vasta do arquipélago e sem dúvida a mais antiga, não estando situada sobre uma corrente recente de lava. A vegetação está representada por um número importante de plantas, antes evoluidas com o decorrer dos séculos em formas que não existem senão nos Açores (endémicas) adaptadas as condições ecológicas particulares do arquipélago. Do mesmo modo, a fauna evoluiu em harmonia com o clima e a vegetação possui númerosas formas específicas, sendo sem dúvida a mais conhecida o Priôlo (Pyrrhula murina), localizado unicamente em São Miguel. A conservação desta Laurissilva e a Natureza em geral, não deverá ser uma decisão secundária longe de restringir o desenvolvimento duma região ou duma economia, mas sim devendo circunscrever-se nestas. Não se trata de encerrar num quadro legislativo uma porção de terreno à guarida de toda a perturbação, mas sim de reconhecer o direito a existência destes sistemas vivos que existem há muitos milhares de anos antes da chegada do homem e, de lhes permitir assim se manterem a fim de podermos ali recorrer em caso de necessidade. É bem evidente que a nossa sobrevivência depende da Natureza: alimentação, energia, recreio ... , o homem está sempre à procura de novos recursos e de elementos químicos; a Natureza é uma grande fábrica destes elementos.
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