A religião nas narrativas utópicas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/13623 |
Resumo: | A Utopia de Thomas More e as criações literárias posteriores que se inscrevem no mesmo género literário representam a afirmação da iniciativa humana e a sua exclusiva responsabilidade pelas leis que regem o destino da cidade. Esta autarcia política aponta para uma organização da sociedade, tão ciosa de autonomia, que dela parece excluir qualquer divindade ou religião. Não é, porém, o que vemos na generalidade das narrativas utópicas, a começar pela de More que se ocupa longamente da questão religiosa. Que estatuto e significado tem a religião nas utopias? A resposta pode ser ensaiada em três níveis principais, que correspondem a outros tantos modos de presença e articulação do elemento religioso nas sociedades descritas. Há, em primeiro lugar, a consagração do cristianismo como religião suprema na Utopia de More. Todavia essa consagração não impede que a dimensão de crítica social, própria da imaginação utópica, se aplique também ao fenómeno religioso. Temos, depois, a referência cristã de narrativas em que o cristianismo das origens figura como inspiração e modelo. Lembremos, por exemplo, o «Novo Cristianismo» de Saint-Simon. Por fim, nos últimos dois séculos, o horizonte da religião tende a dissipar-se em narrativas que advogam a implantação de nova ética social. Nesta comunicação cingimo-nos apenas às «utopias do Renascimento», as utopias de Thomas More, Tommaso Campanella e Francis Bacon. |
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A religião nas narrativas utópicasReligion in utopian narrativesUtopiaReligiãoCristianismoCríticaÉticaUtopiaReligionChristianismCriticismEthicsODS::04:Educação de QualidadeA Utopia de Thomas More e as criações literárias posteriores que se inscrevem no mesmo género literário representam a afirmação da iniciativa humana e a sua exclusiva responsabilidade pelas leis que regem o destino da cidade. Esta autarcia política aponta para uma organização da sociedade, tão ciosa de autonomia, que dela parece excluir qualquer divindade ou religião. Não é, porém, o que vemos na generalidade das narrativas utópicas, a começar pela de More que se ocupa longamente da questão religiosa. Que estatuto e significado tem a religião nas utopias? A resposta pode ser ensaiada em três níveis principais, que correspondem a outros tantos modos de presença e articulação do elemento religioso nas sociedades descritas. Há, em primeiro lugar, a consagração do cristianismo como religião suprema na Utopia de More. Todavia essa consagração não impede que a dimensão de crítica social, própria da imaginação utópica, se aplique também ao fenómeno religioso. Temos, depois, a referência cristã de narrativas em que o cristianismo das origens figura como inspiração e modelo. Lembremos, por exemplo, o «Novo Cristianismo» de Saint-Simon. Por fim, nos últimos dois séculos, o horizonte da religião tende a dissipar-se em narrativas que advogam a implantação de nova ética social. Nesta comunicação cingimo-nos apenas às «utopias do Renascimento», as utopias de Thomas More, Tommaso Campanella e Francis Bacon.Thomas More’s Utopia and the subsequent literary creations that belong to the same literary genre represent the affirmation of human initiative and its exclusive responsibility for the laws that rule the destiny of the City. This political autarchy points at an organisation of the society, so zealous of autonomy, that it seems to exclude from itself any divinity or religion. This is not, however, what we see in most of the utopic narratives, starting with the one by More that deals extensively with the religious issue. What statute and significance does religion have in the utopias? The answer can be attempted at three principal levels, which correspond to the same amount of ways of presence and articulation of the religious element in the described societies. There is, firstly, the consecration of Christianism as supreme religion in More’s Utopia. However, this consecration does not prevent the dimension of social criticism, characteristic of the utopic imagination, from applying also to the religious phenomenon. We have, then, the Christian reference to narratives in which the Christianism of origins appears as inspiration and model. Let us remember, for example, the «New Christianism» by Saint-Simon. Lastly, in the last two centuries, the horizon of Christianism tends to dissipate itself in narratives that advocate the implantation of a new social ethics. In this communication, we deal sole-ly with the «Utopias of the Renaissance», the utopias of Thomas More, Tommaso Campanella and Francis Bacon.Esta publicação foi financiada por Fundos Nacionais através da FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Projeto «UID/ELT/00077/2019»Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta (CEG/UAb) | Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes (IECCPMA) | Associação Internacional de Estudos Ibero-Eslavos (CompaRes)Repositório AbertoAbreu, Luis Machado de2023-04-18T15:14:22Z20192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/13623porAbreu, Luis Machado de - A religião nas narrativas utópicas. "e-LCV" [Em linha]. ISSN 2184-4097. Nº 2 (jan.-junho de 2019), p. 156-169https://doi.org/10.53943/ELCV.01192184-4097info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-17T01:48:29Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/13623Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:52:37.841188Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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