Estratégias de povoamento, transições culturais e registo arqueológico (ou a irónica contingência da ciência). Uma datação absoluta para o sítio da Defesa de Cima 2 (Évora)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/31085 |
Resumo: | A apresentação de uma datação absoluta obtida sobre osso de mamífero, recolhido no interior de uma estrutura negativa, tipo forno/silo, do sítio da Defesa de Cima 2 (Évora), é aqui apresentada como mais um indicador da existência de uma etapa de utilização mesolítica em contextos, caracterizados pela presença de pequenas estruturas negativas, que têm vindo a ser escavados, na última década, no Centro e Sul de Portugal. Estes sítios de fornos/silos – designação dupla que refere as estruturas negativas aí identificadas, por regra com menos de 80cm de profundidade e 80cm de diâmetro, revestidas a argila e com base pétrea – foram a partir de critérios tipológicos, e funcionais, associados a grupos neolíticos. Numa primeira fase da sua investigação, e apesar da ausência de datações absolutas, a presença, nestes contextos, de fragmentos cerâmicos e a interpretação destas estruturas como silos, e portanto conectadas com práticas de armazenamento, permitia integrá-las em ambientes próprios de sociedades produtores de alimentos. No entanto, a partir das datações absolutas obtidas para um destes sítios - Cova da Baleia (Sousa e Gonçalves, 2015), e de uma análise da cultura material aí recuperada, foi possível reavaliar a classificação crono-cultural destes contextos que, em função dos dados disponíveis, podiam ter tido uma etapa de uso associada aos caçadores-recolectores do Mesolítico inicial (Diniz, 2013). A datação absoluta obtida para a Defesa de Cima 2 aponta para a existência de um episódio de utilização de uma dessas estruturas negativas nos finais do 7º milénio cal AC, num momento de transição entre o Mesolítico Inicial e o Mesolítico recente. De acordo com este resultado, é possível alargar os territórios, as estratégias de ocupação do espaço e o quadro de atividades desenvolvidas por estes caçadores-recolectores. Nestes sítios de fornos/silos processam-se alimentos que serão consumidos num outro lugar, esta economia de retorno diferido, que já tinha sido entrevista no sítio da Barca do Xarez de Baixo (Araújo e Almeida, 2013), parece confirmar-se aqui. |
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Numa primeira fase da sua investigação, e apesar da ausência de datações absolutas, a presença, nestes contextos, de fragmentos cerâmicos e a interpretação destas estruturas como silos, e portanto conectadas com práticas de armazenamento, permitia integrá-las em ambientes próprios de sociedades produtores de alimentos. No entanto, a partir das datações absolutas obtidas para um destes sítios - Cova da Baleia (Sousa e Gonçalves, 2015), e de uma análise da cultura material aí recuperada, foi possível reavaliar a classificação crono-cultural destes contextos que, em função dos dados disponíveis, podiam ter tido uma etapa de uso associada aos caçadores-recolectores do Mesolítico inicial (Diniz, 2013). A datação absoluta obtida para a Defesa de Cima 2 aponta para a existência de um episódio de utilização de uma dessas estruturas negativas nos finais do 7º milénio cal AC, num momento de transição entre o Mesolítico Inicial e o Mesolítico recente. De acordo com este resultado, é possível alargar os territórios, as estratégias de ocupação do espaço e o quadro de atividades desenvolvidas por estes caçadores-recolectores. Nestes sítios de fornos/silos processam-se alimentos que serão consumidos num outro lugar, esta economia de retorno diferido, que já tinha sido entrevista no sítio da Barca do Xarez de Baixo (Araújo e Almeida, 2013), parece confirmar-se aqui.This paper presents an absolute date from a Southern Portugal prehistoric site – Defesa de Cima 2 (Évora) characterize by several negative features dogged in the bed rock with clay walls and a stone pavement. These features do not seem associated with a truly habitat site but instead with a specialized function area that should be understood as part of a group larger economic system. Negative features from Defesa de Cima 2 like the ones identified in different prehistoric sites in central/southern Portugal in spite of not having an archaeological content that could reflect its functionality have been considered as ovens or storage pits. Even before any 14C date were obtained they were related with Neolithic groups attending both to the pottery sherds retrieved at these sites but also to the storage activity they should be connected to. Nevertheless, the first 14C dates obtained from one of these ovens/pits sites - Cova da Baleia site (Sousa e Gonçalves, 2015) and the reappraisal of the material culture assemblage retrieved allowed a previous re-evaluation of the chrono-cultural background of these sites (Diniz, 2013). According to this data sites like Defesa de Cima 2 where pits – usually no more than 80 cm depth and 60 cm width - are the main site features could have been occupied by Initial Mesolithic hunter-gatherers that were also responsible for the construction/use of these negative structure most probably used as cooking pits. The absolute date from Defesa de Cima 2 pointing to a use episode of one of these features by the end of the 7th millennium CAL BC seems to stand for this hypothesis so enlarging Initial Mesolithic territories, settlement strategies and economic skills since it is predicted that food resources prepared in these cooking pits sites were consumed latter and at different locations - that was previous detected at Barca do Xarez de Baixo (Araújo e Almeida, 2013) - as a part of a delayed-return economy in which these hunter-gatherers were involved.Universidade de ÉvoraRepositório da Universidade de LisboaDiniz, Mariana2018-01-28T15:22:15Z20172017-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/31085porDINIZ, Mariana. Estratégias de povoamento, transições culturais e registo arqueológico (ou a irónica contingência da ciência). Uma datação absoluta para o sítio da Defesa de Cima 2 (Évora). SCIENTIA ANTIQUITATIS, [S.l.], v. 1, n. 1, p. 65-822184-1160info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:24:15Zoai:repositorio.ul.pt:10451/31085Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:46:36.757450Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A apresentação de uma datação absoluta obtida sobre osso de mamífero, recolhido no interior de uma estrutura negativa, tipo forno/silo, do sítio da Defesa de Cima 2 (Évora), é aqui apresentada como mais um indicador da existência de uma etapa de utilização mesolítica em contextos, caracterizados pela presença de pequenas estruturas negativas, que têm vindo a ser escavados, na última década, no Centro e Sul de Portugal. Estes sítios de fornos/silos – designação dupla que refere as estruturas negativas aí identificadas, por regra com menos de 80cm de profundidade e 80cm de diâmetro, revestidas a argila e com base pétrea – foram a partir de critérios tipológicos, e funcionais, associados a grupos neolíticos. Numa primeira fase da sua investigação, e apesar da ausência de datações absolutas, a presença, nestes contextos, de fragmentos cerâmicos e a interpretação destas estruturas como silos, e portanto conectadas com práticas de armazenamento, permitia integrá-las em ambientes próprios de sociedades produtores de alimentos. No entanto, a partir das datações absolutas obtidas para um destes sítios - Cova da Baleia (Sousa e Gonçalves, 2015), e de uma análise da cultura material aí recuperada, foi possível reavaliar a classificação crono-cultural destes contextos que, em função dos dados disponíveis, podiam ter tido uma etapa de uso associada aos caçadores-recolectores do Mesolítico inicial (Diniz, 2013). A datação absoluta obtida para a Defesa de Cima 2 aponta para a existência de um episódio de utilização de uma dessas estruturas negativas nos finais do 7º milénio cal AC, num momento de transição entre o Mesolítico Inicial e o Mesolítico recente. De acordo com este resultado, é possível alargar os territórios, as estratégias de ocupação do espaço e o quadro de atividades desenvolvidas por estes caçadores-recolectores. Nestes sítios de fornos/silos processam-se alimentos que serão consumidos num outro lugar, esta economia de retorno diferido, que já tinha sido entrevista no sítio da Barca do Xarez de Baixo (Araújo e Almeida, 2013), parece confirmar-se aqui. |
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