Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Terrinha, Pedro
Data de Publicação: 2008
Outros Autores: Clavijo, Emilio, Ribeiro, Carlos, Manghini, Augusto, Taviani, Marco, Valadares, Vasco
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/6718
Resumo: As Cascatas da Ribeira de Asseca (Tavira), são um acidente morfológico de primeira ordem de grandeza no perfil da ribeira do mesmo nome. A cartografia geológica de pormenor efectuada sobre o terreno e trabalho subsequente de pormenor à escala do afloramento revelou tratar-se de um conjunto de três cascatas num trecho de 1,5 km, que levantam o nível de base de 11 m para 52 m. O levantamento coincide com a localização das cascatas, pois, o declive da ribeira fora das mesmas é diminuto (3,3 per mil) e a distância entre as cascatas muito pequena. A ribeira encontra-se encaixada no vale escavado na Formação Grés de Silves (FGS), de orientação E-W, encaixado entre a Serra Algarvia cujo substrato consiste em pelitos e grauvaques de idade carbónica da Zona Sul Portuguesa, e os calcários do Jurássico inferior da Bacia Algarvia. Trata-se de um vale resultante de erosão diferencial devido ao facto da FGS ser principalmente constituída por pelitos brandos encaixados entre rochas resistentes, ao longo dos quase 150 km da Bacia Algarvia. Apesar de este vale ser descontínuo ao longo de toda a extensão da bacia, essencialmente por a FGS se encontrar compartimentalizada por falhas resultantes do rifting mesozóico e da inversão tectónica cenozóica, a cartografia geológica revelou continuidade das formações encaixantes no segmento que contém as cascatas, ou seja, a existência das cascatas não parece estar associada a tectónica nem a erosão diferencial dos estratos mesozóicos subjacentes. Para além das cascatas, formadas por tufos calcários que moldam macrófitas e uma grande variedade de espeleotemas, o preenchimento sedimentar da Ribeira da Asseca é constituído por margas e argilas vermelhas interestratificadas com leitos areníticos e conglomeráticos. Estas formações corresponderiam a um sistema de barragens e lagoas confinadas localizadas a montante. A fauna malacológica revela tratar-se de um ambiente de pequena profundidade (1 - 2 m). Os calhaus de conglomerados siliciosos encontram-se revestidos por películas de calcite cujos aspectos texturais sugerem a participação de comunidades bacterianas na sua precipitação. A idade U/Th dos tufos calcários situa-se entre os 7000 e os 8000 anos BP. Encontra-se em curso a caracterização de proxies paleo-climáticos e uma mais detalhada definição cronológica deste sistema, actualmente em clara fase de erosão. Agradecimentos: Trabalho financiado pelos projectos MATESPRO (PDCTM/P/MAR/15264/1999) e HOLOCLIMA (PTDC/CTE-GEX/71298/2006).
id RCAP_7fc6e74249822d855c23511cb8d8d274
oai_identifier_str oai:dspace.uevora.pt:10174/6718
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BPHolocénicoMudança climáticaCascatasTufos calcáriosAs Cascatas da Ribeira de Asseca (Tavira), são um acidente morfológico de primeira ordem de grandeza no perfil da ribeira do mesmo nome. A cartografia geológica de pormenor efectuada sobre o terreno e trabalho subsequente de pormenor à escala do afloramento revelou tratar-se de um conjunto de três cascatas num trecho de 1,5 km, que levantam o nível de base de 11 m para 52 m. O levantamento coincide com a localização das cascatas, pois, o declive da ribeira fora das mesmas é diminuto (3,3 per mil) e a distância entre as cascatas muito pequena. A ribeira encontra-se encaixada no vale escavado na Formação Grés de Silves (FGS), de orientação E-W, encaixado entre a Serra Algarvia cujo substrato consiste em pelitos e grauvaques de idade carbónica da Zona Sul Portuguesa, e os calcários do Jurássico inferior da Bacia Algarvia. Trata-se de um vale resultante de erosão diferencial devido ao facto da FGS ser principalmente constituída por pelitos brandos encaixados entre rochas resistentes, ao longo dos quase 150 km da Bacia Algarvia. Apesar de este vale ser descontínuo ao longo de toda a extensão da bacia, essencialmente por a FGS se encontrar compartimentalizada por falhas resultantes do rifting mesozóico e da inversão tectónica cenozóica, a cartografia geológica revelou continuidade das formações encaixantes no segmento que contém as cascatas, ou seja, a existência das cascatas não parece estar associada a tectónica nem a erosão diferencial dos estratos mesozóicos subjacentes. Para além das cascatas, formadas por tufos calcários que moldam macrófitas e uma grande variedade de espeleotemas, o preenchimento sedimentar da Ribeira da Asseca é constituído por margas e argilas vermelhas interestratificadas com leitos areníticos e conglomeráticos. Estas formações corresponderiam a um sistema de barragens e lagoas confinadas localizadas a montante. A fauna malacológica revela tratar-se de um ambiente de pequena profundidade (1 - 2 m). Os calhaus de conglomerados siliciosos encontram-se revestidos por películas de calcite cujos aspectos texturais sugerem a participação de comunidades bacterianas na sua precipitação. A idade U/Th dos tufos calcários situa-se entre os 7000 e os 8000 anos BP. Encontra-se em curso a caracterização de proxies paleo-climáticos e uma mais detalhada definição cronológica deste sistema, actualmente em clara fase de erosão. Agradecimentos: Trabalho financiado pelos projectos MATESPRO (PDCTM/P/MAR/15264/1999) e HOLOCLIMA (PTDC/CTE-GEX/71298/2006).Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP2012-12-08T02:05:58Z2012-12-082008-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://hdl.handle.net/10174/6718http://hdl.handle.net/10174/6718porBragasimnaonaoCGEpedro.terrinha@ineti.pte.clavijo@igme.escribeiro@uevora.ptndndvasco.valadares@ineti.pt250Terrinha, PedroClavijo, EmilioRibeiro, CarlosManghini, AugustoTaviani, MarcoValadares, Vascoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:46:07Zoai:dspace.uevora.pt:10174/6718Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:01:19.553993Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
title Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
spellingShingle Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
Terrinha, Pedro
Holocénico
Mudança climática
Cascatas
Tufos calcários
title_short Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
title_full Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
title_fullStr Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
title_full_unstemmed Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
title_sort Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
author Terrinha, Pedro
author_facet Terrinha, Pedro
Clavijo, Emilio
Ribeiro, Carlos
Manghini, Augusto
Taviani, Marco
Valadares, Vasco
author_role author
author2 Clavijo, Emilio
Ribeiro, Carlos
Manghini, Augusto
Taviani, Marco
Valadares, Vasco
author2_role author
author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Terrinha, Pedro
Clavijo, Emilio
Ribeiro, Carlos
Manghini, Augusto
Taviani, Marco
Valadares, Vasco
dc.subject.por.fl_str_mv Holocénico
Mudança climática
Cascatas
Tufos calcários
topic Holocénico
Mudança climática
Cascatas
Tufos calcários
description As Cascatas da Ribeira de Asseca (Tavira), são um acidente morfológico de primeira ordem de grandeza no perfil da ribeira do mesmo nome. A cartografia geológica de pormenor efectuada sobre o terreno e trabalho subsequente de pormenor à escala do afloramento revelou tratar-se de um conjunto de três cascatas num trecho de 1,5 km, que levantam o nível de base de 11 m para 52 m. O levantamento coincide com a localização das cascatas, pois, o declive da ribeira fora das mesmas é diminuto (3,3 per mil) e a distância entre as cascatas muito pequena. A ribeira encontra-se encaixada no vale escavado na Formação Grés de Silves (FGS), de orientação E-W, encaixado entre a Serra Algarvia cujo substrato consiste em pelitos e grauvaques de idade carbónica da Zona Sul Portuguesa, e os calcários do Jurássico inferior da Bacia Algarvia. Trata-se de um vale resultante de erosão diferencial devido ao facto da FGS ser principalmente constituída por pelitos brandos encaixados entre rochas resistentes, ao longo dos quase 150 km da Bacia Algarvia. Apesar de este vale ser descontínuo ao longo de toda a extensão da bacia, essencialmente por a FGS se encontrar compartimentalizada por falhas resultantes do rifting mesozóico e da inversão tectónica cenozóica, a cartografia geológica revelou continuidade das formações encaixantes no segmento que contém as cascatas, ou seja, a existência das cascatas não parece estar associada a tectónica nem a erosão diferencial dos estratos mesozóicos subjacentes. Para além das cascatas, formadas por tufos calcários que moldam macrófitas e uma grande variedade de espeleotemas, o preenchimento sedimentar da Ribeira da Asseca é constituído por margas e argilas vermelhas interestratificadas com leitos areníticos e conglomeráticos. Estas formações corresponderiam a um sistema de barragens e lagoas confinadas localizadas a montante. A fauna malacológica revela tratar-se de um ambiente de pequena profundidade (1 - 2 m). Os calhaus de conglomerados siliciosos encontram-se revestidos por películas de calcite cujos aspectos texturais sugerem a participação de comunidades bacterianas na sua precipitação. A idade U/Th dos tufos calcários situa-se entre os 7000 e os 8000 anos BP. Encontra-se em curso a caracterização de proxies paleo-climáticos e uma mais detalhada definição cronológica deste sistema, actualmente em clara fase de erosão. Agradecimentos: Trabalho financiado pelos projectos MATESPRO (PDCTM/P/MAR/15264/1999) e HOLOCLIMA (PTDC/CTE-GEX/71298/2006).
publishDate 2008
dc.date.none.fl_str_mv 2008-01-01T00:00:00Z
2012-12-08T02:05:58Z
2012-12-08
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10174/6718
http://hdl.handle.net/10174/6718
url http://hdl.handle.net/10174/6718
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Braga
sim
nao
nao
CGE
pedro.terrinha@ineti.pt
e.clavijo@igme.es
cribeiro@uevora.pt
nd
nd
vasco.valadares@ineti.pt
250
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
publisher.none.fl_str_mv Cascatas da Ribeira de Asseca, Tavira, Portugal: um acidente geomorfológico testemunho de episódio ambiental efémero aos 7000 anos BP
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136496624599040