Monitorização de cetáceos a partir de observação de terra para avaliação de impactos antropogénicos na costa do Algarve

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Melo, Adriana Pereira
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/40935
Resumo: A costa sul de Portugal tem uma elevada importância para diversas espécies de cetáceos e é caracterizada por um elevado tráfego marítimo, com forte incidência nas atividades de observação de cetáceos. Nesta região e nos últimos anos, a maioria dos estudos sobre cetáceos têm sido conduzidos através de embarcações dedicadas e plataformas de oportunidade. O presente estudo piloto foi realizado através da observação de cetáceos a partir de terra, com o propósito de monitorizar a presença e ocorrência das diferentes espécies e os comportamentos na presença e/ou ausência de embarcações. As observações foram conduzidas num cabo em Albufeira (Portugal) com, aproximadamente, 28.5 metros de altitude e distância à linha do horizonte de, aproximadamente, 5700 metros. As amostragens foram conduzidas de abril de 2022 a março de 2023, por ≥2 observadores com binóculos e 1 observador para a recolha de dados. Os limites para a recolha de dados foram o estado do mar (escala Beaufort 0-3), visibilidade (>1 quilómetro) e chuva (sem ou chuva ligeira). O esforço total de amostragem resultou em, aproximadamente, 306 horas, distribuídas por 116 dias e 26 avistamentos de cetáceos. A espécie mais avistada foi o golfinho-roaz (Tursiops truncatus – 88%), seguindo-se as espécies de odontocetos não identificadas (8%) e o golfinho-comum (Delphinus delphis - 4%). Outubro e fevereiro foram os meses com mais avistamentos de golfinho-roaz, 4 avistamentos, e abril foi o mês com maior taxa de avistamento mensal (0.15). O tipo de embarcação mais frequente durante os avistamentos foi embarcação de pesca, 74%. O comportamento predominante dos cetáceos observados foi a deslocação (45%), seguindo-se a socialização (6%), a alimentação (1.49%) e bow-riding (0.15%). Os menores tamanhos médios estimados dos grupos foram registados em janeiro e fevereiro e o maior tamanho médio estimado foi registado em julho. Este estudo destaca que o golfinho-roaz é a espécie mais frequentemente observada perto da costa em Albufeira. Na área de estudo observa-se que durante o inverno o tráfego marítimo é mais reduzido e que a presença de embarcações não depende exclusivamente da sazonalidade, podendo estar associada ao elevado turismo presente na região. Um dos objetivos do estudo foi apoiar o desenvolvimento de medidas de gestão/conservação das espécies de cetáceos que ocorrem na região. No entanto, sendo um estudo piloto não há dados anteriores que permitam a comparação dos dados atuais. Este objetivo e a elevada pressão turística existente reforçam a necessidade de estudos de monitorização a longo-prazo para comparar variáveis, para compreender os impactos do turismo sobre os cetáceos e para estabelecer medidas de conservação e proteção adequadas.
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As amostragens foram conduzidas de abril de 2022 a março de 2023, por ≥2 observadores com binóculos e 1 observador para a recolha de dados. Os limites para a recolha de dados foram o estado do mar (escala Beaufort 0-3), visibilidade (>1 quilómetro) e chuva (sem ou chuva ligeira). O esforço total de amostragem resultou em, aproximadamente, 306 horas, distribuídas por 116 dias e 26 avistamentos de cetáceos. A espécie mais avistada foi o golfinho-roaz (Tursiops truncatus – 88%), seguindo-se as espécies de odontocetos não identificadas (8%) e o golfinho-comum (Delphinus delphis - 4%). Outubro e fevereiro foram os meses com mais avistamentos de golfinho-roaz, 4 avistamentos, e abril foi o mês com maior taxa de avistamento mensal (0.15). O tipo de embarcação mais frequente durante os avistamentos foi embarcação de pesca, 74%. O comportamento predominante dos cetáceos observados foi a deslocação (45%), seguindo-se a socialização (6%), a alimentação (1.49%) e bow-riding (0.15%). Os menores tamanhos médios estimados dos grupos foram registados em janeiro e fevereiro e o maior tamanho médio estimado foi registado em julho. Este estudo destaca que o golfinho-roaz é a espécie mais frequentemente observada perto da costa em Albufeira. Na área de estudo observa-se que durante o inverno o tráfego marítimo é mais reduzido e que a presença de embarcações não depende exclusivamente da sazonalidade, podendo estar associada ao elevado turismo presente na região. Um dos objetivos do estudo foi apoiar o desenvolvimento de medidas de gestão/conservação das espécies de cetáceos que ocorrem na região. No entanto, sendo um estudo piloto não há dados anteriores que permitam a comparação dos dados atuais. Este objetivo e a elevada pressão turística existente reforçam a necessidade de estudos de monitorização a longo-prazo para comparar variáveis, para compreender os impactos do turismo sobre os cetáceos e para estabelecer medidas de conservação e proteção adequadas.The southern coast of Portugal has a great importance to several species of cetaceans and is characterized by a high level of maritime traffic, with a strong focus on cetacean watching activities. In this region and in recent years, studies on cetaceans have been conducted using dedicated vessels and platforms of opportunity. The present pilot study was carried out by observing cetaceans from land, with the purpose of monitoring the presence and occurrence of the different species and their behaviour in the presence and/or absence of boats. The observations were conducted on a cape in Albufeira (Portugal) at an altitude of approximately 28.5 meters and a distance to the horizon of approximately 5700 meters. Sampling was carried out from April 2022 to March 2023 by ≥2 observers with binoculars and 1 observer for data collection. The limits for data collection were sea state (Beaufort scale 0-3), visibility (>1 kilometer) and rain (no or light rain). The total sampling effort resulted in approximately 306 hours, spread over 116 days and 26 cetacean sightings. The most sighted species was bottlenose dolphin (Tursiops truncatus - 88%), followed by unidentified odontocete species (8%) and common dolphin (Delphinus delphis - 4%). October and February were the months with the most sightings of bottlenose dolphins, 4 sightings, and April was the month with the highest monthly sighting rate (0.15). The most common type of boat during the sightings was fishing boat, 74%. The predominant cetacean behaviour was travelling (45%), followed by socializing (6%), feeding (1.49%) and bow-riding (0.15%). The smallest estimated average group sizes were recorded in January and February and the largest estimated average size was recorded in July. This study highlights that the bottlenose dolphin is the most frequently observed species near the coast in Albufeira. In the study area there is less maritime traffic during the winter and the presence of boats does not depend exclusively on seasonality but may be associated with the high level of tourism in the region. One of the aims of the study was to support the development of management/conservation measures for the cetacean species that occur in the region. However, as this is a pilot study, there is no previous data to compare with current data. This objective and the existing high tourist pressure reinforce the need for long-term monitoring studies to compare variables, to understand the impacts of tourism on cetaceans and to establish appropriate conservation and protection measures.2024-03-05T14:29:07Z2023-12-05T00:00:00Z2023-12-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/40935porMelo, Adriana Pereirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T01:46:51Zoai:ria.ua.pt:10773/40935Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:19:55.467225Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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