The impact of hallucination predisposition on vocal perception mechanisms : an ERP study of attention, identity and emotion

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sarzedas, João Pereira
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/45746
Resumo: Tese de mestrado, Psicopatologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2020
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spelling The impact of hallucination predisposition on vocal perception mechanisms : an ERP study of attention, identity and emotionHallucination predispositionSelf-voiceEmotionAttention focusEvent-related potentialsTeses de mestrado - 2020Domínio/Área Científica::Ciências MédicasTese de mestrado, Psicopatologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2020In recent years, a more dimensional view of psychotic disorders has been supported by several epidemiological studies showing the existence of a continuum of psychotic like-experiences in the general population. Reported similarities between the cognitive and neural mechanisms underpinning hallucinatory experiences in psychotic and in individuals with high hallucination predisposition provide further support for this psychosis continuum model. In the auditory domain, schizophrenic patients show altered perception of vocal information with negative content, as well as of voice identity. Whether the same voice processing mechanisms are similarly altered in individuals with high hallucination predisposition remains to be clarified. In the current study, thirty nonclinical participants with different scores on the Launay-Slade Hallucination Scale (a measure of hallucination predisposition) listened to prerecorded words varying in identity (self vs. non-self-voice) and emotional quality (negative vs. neutral vs. positive), while electroencephalographic data were recorded. Two tasks with a different attentional focus (identity focus task vs. emotional focus task) were conducted. In the identity focus task, participants attended to the identity of the voice and decided whether the voice they heard was their own voice, the voice of another person or if they were unsure. In the emotional focus task, they evaluated the emotional quality of the words. The N1, P2 and late positive potential (LPP) components were analyzed. We found a larger N1 in response to self-voice in the identity focus task and a larger LPP for the self-voice, irrespective of the attention focus. Furthermore, in the emotional focus task, we observed an association between high hallucination predisposition and a trend for a reduced LPP amplitude in response to the self-voice. The LPP result suggests the existence of an altered perception of voice identity, dependent of the attention focus, in individuals with high hallucination predisposition. Overall, the current findings partially support the psychosis continuum model.Nas últimas décadas, uma abordagem mais dimensional das perturbações psicóticas tem ganho força com base em vários estudos epidemiológicos que demostram a existência de um continuum de experiências psicóticas na população em geral. O modelo do continuum de psicose advoga a existência de vários fenótipos de psicose num continuum que engloba indivíduos com um diagnóstico psiquiátrico (e.g., esquizofrenia) mas também indivíduos sem diagnóstico clínico que manifestam experiências do tipo psicótico. O modelo do continuum de psicose é suportado por estudos que mostram semelhanças entre os mecanismos cognitivos e neuronais que estão na base das experiências alucinatórias de pacientes psicóticos e de indivíduos sem diagnóstico clínico. As alucinações (i.e., experiências percetuais que ocorrem na ausência de estimulação externa correspondente) são um sintoma característicos das perturbações psicóticas. Contudo, também são reportadas experiências alucinatórias em pacientes com outras perturbações psiquiátricas e em indivíduos sem diagnóstico que não necessitam de apoio clínico. Os indivíduos sem diagnóstico clínico que experienciam alucinações auditivas verbais breves ou outras experiências alucinatórias são descritos na literatura como indivíduos com alta predisposição alucinatória. Numa amostra de 84711 participantes foi encontrada uma taxa de prevalência de 9.6 % de experiências alucinatórias, o que demonstra que este não é um fenómeno incomum na população em geral. A maioria das experiências alucinatórias são transitórias, mas em alguns casos persistem e aumentam o risco de transição para psicose. O estudo de experiências alucinatórias em indivíduos com predisposição alucinatória pode contribuir para uma melhor compreensão e tratamento de perturbações clínicas. Existe evidência que demonstra a existência de uma associação entre alucinações auditivas verbais e défices específicos de processamento vocal. Os modelos neurocognitivos de processamento de voz postulam que a identidade, a emoção e a fala são processados por regiões corticais funcionalmente distintas. Em indivíduos com esquizofrenia têm sido consistentemente reportadas alterações no processamento vocal da identidade, da fala e da emoção. Contudo, ainda não é claro qual o impacto destas alterações de processamento vocal no desencadear de sintomas psicóticos específicos. Examinar a existência destas alterações em indivíduos com alta predisposição alucinatória pode ser um passo útil para uma melhor compreensão da influência que estes processos têm no desencadear de experiências alucinatórias. Os escassos estudos que testaram simultaneamente o processamento de identidade, discurso e emoção parecem demonstrar diferenças de processamento vocal entre indivíduos com esquizofrenia e indivíduos com alta predisposição alucinatória. Em comparação com grupos de controlo e pacientes sem alucinações auditivas verbais, os pacientes com alucinações auditivas verbais demonstraram uma maior dificuldade no reconhecimento da sua própria voz quando esta apresentava um conteúdo negativo. Por outro lado, em indivíduos com alta predisposição alucinatória, as dificuldades no reconhecimento da própria voz não parecem estar relacionadas com o conteúdo emocional da fala. Uma das técnicas que tem vindo a demonstrar a sua utilidade para a investigação de mecanismos de perceção vocal é a técnica de potenciais evocados por eventos (event related potentials – ERP), caracterizada por elevada resolução temporal. Um dos estudos que investigou o processamento vocal da identidade, discurso e emoção com ERP encontrou efeitos de interação entre identidade (voz própria vs. voz de um desconhecido) e emoção (palavras negativas vs. neutras vs. positivas) em três componentes: N1, P2 e late positive potential (LPP). O N1 é um componente associado ao processamento sensorial da voz. O P2 é um componente associado a uma deteção precoce de saliência emocional de um estímulo. O LPP está associado a processos de atenção sustentada e de avaliação do conteúdo emocional da voz. Um estudo subsequente, utilizando um paradigma idêntico, encontrou alterações de processamento vocal, nos componentes P2 e LPP, em indivíduos com esquizofrenia. Nestes dois estudos, o conteúdo emocional foi processado implicitamente, uma vez que os participantes foram instruídos a focarem a sua atenção na identidade da voz e avaliarem se as gravações que ouviam pertenciam a eles próprios ou a outra pessoa. Alguns estudos demonstram que alterar o foco atencional de uma tarefa influencia o modo como os estímulos são processados neurofisiologicamente. Deste modo, é possível que sejam encontrados resultados diferentes numa condição onde os participantes são instruídos a focarem a sua atenção no conteúdo emocional do estímulo (i.e., avaliarem se o estímulo é negativo, neutro ou positivo). Tanto em indivíduos com esquizofrenia como em indivíduos com alta predisposição alucinatória, têm vindo a ser reportadas alterações de processos atencionais. Por conseguinte, é possível que o foco atencional module o presumível impacto da predisposição alucinatória em mecanismos de perceção de voz. No presente estudo foi explorado, através de ERPs: 1) o impacto do foco atencional na interação entre o processamento vocal da identidade e da emoção; 2) o impacto da predisposição alucinatória nestes mecanismos (foco atencional, identidade e emoção). Para esse propósito, foram realizadas duas tarefas. Em ambas as tarefas, os participantes ouviram gravações de uma voz (própria voz vs. voz de um desconhecido) a proferir palavras com conteúdo negativo, neutro ou positivo. Enquanto que na primeira tarefa (tarefa do foco na identidade) os participantes tinham de identificar a identidade da voz, na segunda tarefa (tarefa do foco na emoção) eram instruídos a avaliar o conteúdo emocional das palavras proferidas. Na tarefa de foco na identidade, procurámos replicar resultados de estudos anteriores que observaram efeitos de interação entre identidade e emoção e efeitos principais de identidade, bem como uma associação entre altos níveis de predisposição alucinatória e uma maior dificuldade no reconhecimento da própria voz. Ainda para esta tarefa, foi explorada a hipótese de que altos níveis de predisposição alucinatória predizessem um padrão neurofisiológico semelhante ao dos pacientes com esquizofrenia, uma observação que serviria de suporte para a hipótese do continuum de psicose. Na tarefa de foco na emoção era esperada uma maior amplitude de LPP em resposta a palavras negativas e positivas, em comparação com palavras neutras e, em termos exploratórios, era esperado uma influência do foco atencional no presumível impacto da predisposição alucinatória em mecanismos de perceção de voz. Foram recrutados 30 participantes “saudáveis”, sendo que o grau de predisposição alucinatória de cada individuo foi avaliado através da Launay-Slade Hallucination Scale (LSHS). No presente estudo não foram observadas interações entre identidade e emoção, nem efeitos principais de emoção. É possível que este resultado se deva a diferenças linguísticas existentes entre os estímulos usados neste estudo e os estímulos usados em estudos anteriores. Contudo, em comparação com uma voz desconhecida, a voz dos participantes elicitou uma maior amplitude de N1 na tarefa de foco na identidade e uma maior amplitude de LPP em ambas as tarefas. Estes resultados parecem sugerir que, em termos neurofisiológicos, a própria voz de uma pessoa é mais saliente do que a voz de um desconhecido. Na tarefa do foco na emoção foi também encontrada uma associação entre altos níveis de predisposição alucinatória e uma tendência para uma menor amplitude de LPP em reposta a gravações da própria voz. Este resultado sugere que o foco atencional modela o presumível impacto da predisposição alucinatória em mecanismos de perceção de voz. Ao contrário do observado em pacientes com esquizofrenia (menor amplitude de LPP em resposta a gravações da própria voz e de vozes desconhecidas com conteúdo negativo), o presumível défice de processamento vocal em indivíduos com predisposição alucinatória parece não depender do conteúdo emocional e parece ser menos marcado, uma vez que é observado apenas em resposta a gravações da própria voz e numa condição onde a identidade não está a ser explicitamente processada. Em suma, os resultados encontrados parecem servir de suporte parcial para o modelo de continuum de psicose.Pinheiro, Ana Patrícia TeixeiraFigueira, Maria Luísa, 1944-Repositório da Universidade de LisboaSarzedas, João Pereira2021-01-13T12:17:40Z2020-05-202020-05-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/45746TID:202482804enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:47:44Zoai:repositorio.ul.pt:10451/45746Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:58:05.807094Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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