Revolução nos assuntos militares: perversões estratégicas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11144/2871 |
Resumo: | Com a viragem do século muito se escreveu sobre a Revolução nos Assuntos Militares (RAM). Ultimamente tem atraído menos abordagens teó- ricas, não porque o conceito se tenha esvaziado mas, pelo contrário, porque se vulgarizou. De facto, na conflitualidade instalada um pouco por todo o mundo, desde as guerras de maior envergadura no Afeganistão, no Iraque e na Síria, aos conflitos identitários em todo o arco islâmico, ao terrorismo global com a marca da Al Qaeda, à violência da criminalidade transnacional organizada, aos tumultos dos indignados nas grandes megalópoles, ou até nas ameaças latentes derivadas da proliferação de armas nucleares, aquilo a que se assiste é a novas guerras tomando o lugar das velhas guerras convencionais ou clausewitzianas. As novas guerras do limiar do século XXI, que não evidenciam objetivos políticos claros, que são protagonizadas por entidades não-estatais, que envolvem grupos armados alheios aos padrões convencionais, em que se confrontam potenciais dissimétricos e modalidades de ação assimétricas, revelam uma metamorfose no paradigma dos conflitos e inscrevem-se no quadro da RAM1 . Uma RAM tem origem numa aceleração do progresso tecnológico com incidência na área dos armamentos e equipamentos militares, mas o seu alcance é muito mais vasto. Trata-se de um fenó- meno complexo que, tendo por base uma transformação tecnológica, produz ruturas e avanços bruscos em outras três áreas da ciência militar, a organizacional, a conceptual e a doutrinária. Novas tecnologias implicam novas organizações, que a nível institucional incidem nos modelos de serviço militar e a nível funcional na estruturação e articulação dos meios. Novas tecnologias e organizações impõem renovação de conceitos, estratégicos e táticos, de perceção das ameaças e de gestão dos meios de coação. Paralelamente a estas evoluções e sob a influência das viragens na sociedade envolvente, são as próprias doutrinas da natureza da guerra, a filosofia da guerra enquanto conflito violento, que são questionadas. São estas quatro áreas que, em conjunto e interagindo na sua evolução, configuram uma RAM. |
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