Os mercados da imigração: modos de incorporação laboral e problemas de regulação dos imigrantes estrangeiros em Portugal
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2002 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.5/26905 |
Resumo: | Tanto no caso das migrações internacionais globais como no da imigração para Portugal, não devemos falar de uma imigração em abstracto, nem de uma incorporação semelhante dos migrantes no mercado de trabalho. De facto, há várias modalidades de mercados de trabalho: mercados primários e secundários, situações de enclave étnico, mercados internos de trabalho. Se relembrarmos as principais características sócio-profissionais da imigração estrangeira em Portugal, fácil é constatar a sua ocupação de vários segmentos: os africanos e europeus de Leste inserem-se nas franjas mais desfavorecidas do mercado secundário de trabalho; os cidadãos da UE preenchem em grande volume o mercado primário, utilizando o canal interno das organizações; e os brasileiros ocupam em muitos casos o mercado primário, mas agindo de modo isolado. Pretendemos argumentar, neste texto, que diferentes modos de incorporação traduzem diferentes características sócio-económicas e solicitam diferentes modos de regulação, e defendemos que outros tipos de mobilidade correspondem a problemas que devem ser regulados, designadamente, as políticas de atracção deliberada de profissionais qualificados; a facilitação dos mecanismos de reconhecimento de competências; e a aproximação das exigências de reconhecimento a migrantes individuais e organizacionais. Em todos estes campos, a iniciativa política portuguesa é escassa, o que opera a contra-ciclo da qualificação crescente das economias e pode eliminar a capacidade concorrencial do país no mercado internacional dos agentes mais qualificados. |
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Os mercados da imigração: modos de incorporação laboral e problemas de regulação dos imigrantes estrangeiros em PortugalMigrações internacionaisMercado de trabalhoCompetênciasImpacto socioeconómicoPortugalInternational MigrationLabour MarketSkillsSocioeconomic ImpactPortugalMigration InternationaleMarché du travailCompétencesimpact socio-économiquePortugalTanto no caso das migrações internacionais globais como no da imigração para Portugal, não devemos falar de uma imigração em abstracto, nem de uma incorporação semelhante dos migrantes no mercado de trabalho. De facto, há várias modalidades de mercados de trabalho: mercados primários e secundários, situações de enclave étnico, mercados internos de trabalho. Se relembrarmos as principais características sócio-profissionais da imigração estrangeira em Portugal, fácil é constatar a sua ocupação de vários segmentos: os africanos e europeus de Leste inserem-se nas franjas mais desfavorecidas do mercado secundário de trabalho; os cidadãos da UE preenchem em grande volume o mercado primário, utilizando o canal interno das organizações; e os brasileiros ocupam em muitos casos o mercado primário, mas agindo de modo isolado. Pretendemos argumentar, neste texto, que diferentes modos de incorporação traduzem diferentes características sócio-económicas e solicitam diferentes modos de regulação, e defendemos que outros tipos de mobilidade correspondem a problemas que devem ser regulados, designadamente, as políticas de atracção deliberada de profissionais qualificados; a facilitação dos mecanismos de reconhecimento de competências; e a aproximação das exigências de reconhecimento a migrantes individuais e organizacionais. Em todos estes campos, a iniciativa política portuguesa é escassa, o que opera a contra-ciclo da qualificação crescente das economias e pode eliminar a capacidade concorrencial do país no mercado internacional dos agentes mais qualificados.“Immigration Markets: Integration into the Labor Market and Regulation Problems of Foreign Immigrants in Portugal" Either considering global international migrations or immigration into Portugal we should neither talk about immigration in the abstract nor about a uniform integration of migrants into the labor market. In fact, there are several forms of labor markets: primary and secondary markets, situations of ethnic enclave, domestic labor markets. If we recall the main socio-professional characteristics of foreign immigration in Portugal it is rather easy to notice its distribution by several segments: Africans and Europeans from Eastern Europe are integrated in the most disadvantaged fringes of the secondary labor market; a great number of EU citizens fit into the primary market, using the internal channel of the organizations; and Brazilians, in many cases, occupy the primary market, though acting in an isolated way. In this text, we wish to sustain that different ways of integration translate different socio-economic features and require different regulation forms, and we support that other types of mobility correspond to problems that should be regulated, namely, policies aiming at deliberately attracting qualified professionals, simplifying the mechanisms for competencies recognition and bringing closer the recognition requirements for individual and organizational migrants. In all these fields, the Portuguese political initiative is scarce, what works the wrong way round when considering the growing qualification of the economies and can eliminate the country's competitiveness in the international market of the most qualified actors.“Les marchés de l'immigration: modalités d'insertion dans le marché du fravail et de réglementation des immigrants étrangers au Portugal" Dans le cas des migrations intemationales dans leur ensemble, comme dans celui de l'immigration au Portugal, il ne faut ni parler d'une migration dans l'abstrait ni d'un type d'insertion dans le marché du travail, qui serait pareil pour tous les migrants. En effet, il y a plusieurs modalités de marché du travail, telles que les marchés primaires, secondaires, intérieurs, les enclaves ethniques. . . Si nous nous rappelons les principales caractéristiques socioprofessionnelles de l'immigration étrangère au Portugal, nous constaterons fåci!ement qu'elle se répartit entre des segments divers: les Africains ct les Européens de l'Est s'insèrent dans les franges les plus défavorisées du marché secondaire du travail; la grande majorité des citoyens des pays de I'EU occupent le marché primaire en utilisant le canal intérieur des organisations; quant aux Brésilicns, ils occupcnt dans bien des cas le marché primaire, quoiqu'ils agissent isolément. Nous visons soutenir dans cet article, que des modalités d'insertion différentes traduisent des caractéristiques socio-économiques tout aussi différentes et nécessitent des formes de réglementation diverses, et or nous soutenons que d'autres types de mobilité correspondent a des probiémes qu'il faut résoudre: c'est le cas des politiques d'attraction délibérée de travailleurs qualifiés, la facilitation des mécanismes de reconnaissance de qualifications et le rapprochement des exigences de reconnaissance des migrants individuels et de celles des migrants organisationnels. Dans tous ces domaines, l'initiative politique est faible au Portugal, ce qui agit l'envers de la qualification croissante des économies et risque d'éliminer la capacité concurrentielle de notre pays sur le marché international des agents les plus qualifiés.MSST/ DEPPRepositório da Universidade de LisboaPeixoto, João2023-01-17T11:17:27Z20022002-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.5/26905porPeixoto, João .(2002). “Os mercados da imigração: modos de incorporação laboral e problemas de regulação dos imigrantes estrangeiros em Portugal”. Cadernos Sociedade e Trabalho, Nº 2 , MSST/DEPP: pp. 57-68info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-06T14:56:20Zoai:www.repository.utl.pt:10400.5/26905Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:10:27.718935Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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