Heterotopia, liminaridade e vida quotidiana: O Boom Festival como epifenómeno de alteridade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Tiago André Moreira
Data de Publicação: 2021
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10483
Resumo: Tendo em conta a efervescência que o conceito festival ganhou ao longo das primeiras duas décadas do século XXI, a tese procura novos significados de festival à medida que se configura como fenómeno de massas e indústria, i.e., cujo volume de negócio aumentou exponencialmente, satisfazendo os movimentos de massas e as indústrias a ele ligadas. Partindo de perspetivas aportadas pelas ciências da cultura e explorando o conceito de festival transformacional são analisadas as circunstâncias sociais e os quadros culturais que configuram as disposições subjetivas e impulsionam a procura do Boom Festival, em Portugal. A Boomland, espaço onde se realiza o Boom Festival, afigura-se como um santuário e local de peregrinação muito concorrido para os aficionados de um movimento global denominado tribo psytrance. Este movimento alternativo, com origens nas correntes ditas contra-culturais da década de 1960, apresenta uma veia hedonista, uma tendência espiritual e um elevado interesse no comércio e consumo de psicadélicos. O psytrance, epifenómeno da EDMC, está na génese do Boom Festival e é a característica que demarca este festival dos demais no circuito internacional. É em torno da Boomland e do festival que nela tem lugar que esta investigação vai orbitar, procurando salientar o impacto que a experiência Boom Festival tem na vida de quem a vive. A tese observa as modulações identitárias associadas aos processos de socialização, práticas e fruições culturais entre indivíduos e grupos, em contextos de alteridade, promovidos durante o evento. Em simultâneo, são abordadas as propriedades no festival que lhe proporcionam uma feição heterotópica de espaço de transgressões, tendo em vista compreender de que modo os contextos sociais temporários de suspensão e liminaridade induzem processos transformacionais no regresso à vida normal. Os três eixos conceptuais centrais nos quais a tese assenta – neotribalismo/heterotopia/processo ritual – são essenciais para entender e situar o Boom Festival no contexto das transformações sociais e culturais da contemporaneidade, sobretudo no que diz respeito à influência da tecnologia e do digital nos processos sócio-culturais. Partindo desses três eixos, esta investigação implicou numa abordagem etnográfica, com recurso à etnografia digital e à autoetnografia, complementadas com entrevistas semi-dirigidas. A recolha de dados incidiu em três momentos relativos à edição de 2018 do festival – antes, durante e após o festival – , com base num grupo de discussão/observação composto por 20 pessoas, reunidas na plataforma digital Facebook, remetendo para um trabalho de campo no espaço digital e no espaço geográfico.
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Este movimento alternativo, com origens nas correntes ditas contra-culturais da década de 1960, apresenta uma veia hedonista, uma tendência espiritual e um elevado interesse no comércio e consumo de psicadélicos. O psytrance, epifenómeno da EDMC, está na génese do Boom Festival e é a característica que demarca este festival dos demais no circuito internacional. É em torno da Boomland e do festival que nela tem lugar que esta investigação vai orbitar, procurando salientar o impacto que a experiência Boom Festival tem na vida de quem a vive. A tese observa as modulações identitárias associadas aos processos de socialização, práticas e fruições culturais entre indivíduos e grupos, em contextos de alteridade, promovidos durante o evento. Em simultâneo, são abordadas as propriedades no festival que lhe proporcionam uma feição heterotópica de espaço de transgressões, tendo em vista compreender de que modo os contextos sociais temporários de suspensão e liminaridade induzem processos transformacionais no regresso à vida normal. Os três eixos conceptuais centrais nos quais a tese assenta – neotribalismo/heterotopia/processo ritual – são essenciais para entender e situar o Boom Festival no contexto das transformações sociais e culturais da contemporaneidade, sobretudo no que diz respeito à influência da tecnologia e do digital nos processos sócio-culturais. Partindo desses três eixos, esta investigação implicou numa abordagem etnográfica, com recurso à etnografia digital e à autoetnografia, complementadas com entrevistas semi-dirigidas. A recolha de dados incidiu em três momentos relativos à edição de 2018 do festival – antes, durante e após o festival – , com base num grupo de discussão/observação composto por 20 pessoas, reunidas na plataforma digital Facebook, remetendo para um trabalho de campo no espaço digital e no espaço geográfico.For the past two decades the concept of ‘festival’ has evolved into new connotations on the sociocultural field. This thesis explores these new connotations of ‘festival’ as it develops into a phenomenon of mass culture and industry, i.e., festival business has increased exponentially, as a consequence of a mass consumption and festival related industries. There has been a social effervescence around the transformational festival meme which triggered new perspectives on the cultural sciences scope. This study examines those perspectives along with data analysis to expand social circumstances and cultural frameworks that configure the subjective dispositions and drive the demand for Boom Festival in Portugal. Boomland is Boom Festival’s territory and appears to be both a popular sanctuary and a pilgrimage site for fans of a global movement called psytrance tribe. This alternative movement with origins in the so-called counter-cultural tendencies of the 1960s promotes its hedonistic vibe, a spiritual tendency and a high interest in the trade and consumption of psychedelics. Psytrance, an epiphenomenon of EDMC, is not only the source of Boom Festival but it is the main feature which sets this festival apart from the rest of those on the international circuit. This investigation is about Boomland and the festival itself. It analyses the impact the Boom Festival experience can have on the lives of those who live it. The thesis emphasizes identity modulations associated with the sociological process, i.e., practices and cultural fruition between individuals and groups in contexts of otherness promoted during the event. Simultaneously, it addresses the properties at the festival that can be analyzed as heterotopic transgressive spaces in order to understand how the contexts of temporary suspension and liminality imply a transformative power in the return to everyday life. In addition, it is important to identify neotribalism / heterotopia / ritual process as the key elements to which this thesis is built upon. As a result, it is vital to situate the Boom Festival in the contemporary sociocultural paradigm while keeping track on the impact of digital technology on the anthropological range. The research involved an ethnographic approach, using digital ethnography and auto-ethnography, complemented by semi-directed interviews. The empirical work underlined the three (liminal) moments related to the 2018 edition of Boom Festival – before, during and after the festival –, based on a 20 people discussion/observation group, gathered on the digital platform Facebook, implying fieldwork both in digital and geographic territory.2021-06-18T14:39:07Z2021-03-23T00:00:00Z2021-03-23doctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/10483porPereira, Tiago André Moreirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-24T04:32:40Zoai:repositorio.utad.pt:10348/10483Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-03-24T04:32:40Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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