Influência das exigências técnicas da performance na biomecânica e postura do trompetista

• Autor(a) principal: Ramos, João Tavares
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/30595
• topic: Trompete; Postura; Eletromiografia; Performance

A postura do trompetista e a sua biomecânica, nomeadamente o comportamento dos diferentes segmentos corporais durante a performance, é uma temática que carece de informação com fundamentos científicos, pois é geralmente negligenciada ou é transmitida com base em conhecimento empírico. Com este Projeto, pretende-se aprofundar este tema e em particular elucidar a relação entre as dificuldades ou exigências técnicas da performance com a postura e grau de atividade muscular do tronco e membros superiores no trompetista. Foram avaliados oito trompetistas de sexo masculino, a frequentar a licenciatura ou licenciados, durante a performance de quatro trechos de curta duração e de diferentes complexidades: três comuns excertos orquestrais (Leonore Overture n.º 3, Carmen e Don Juan), e um exercício simples (Cichovicz). As performances foram gravadas em formato vídeo e áudio e em simultâneo foi realizada uma eletromiografia de superfície (EMG) dos músculos trapézio, reto abdominal, deltoide, longo dorsal dos paravertebrais (eretor da espinha) e extensor comum dos dedos. Após o cálculo dos valores da raiz quadrada da média (RMS) dos resultados da EMG, foi realizada uma análise estatística da comparação entre as médias de cada trecho. O estudo experimental revelou alterações estatisticamente relevantes entre as médias, dos valores de RMS da EMG, do músculo longo dorsal e reto abdominal durante a performance. No caso do primeiro músculo, os participantes revelaram um maior grau de atividade muscular no trecho de Strauss comparativamente a qualquer um dos outros. No segundo, verificou-se um maior grau de atividade no excerto de Strauss, mas apenas relativamente ao trecho de Cichowitz, destacando-se uma grande diferença entre alguns dos participantes para todos os trechos executados. O grau de atividade dos restantes músculos não correspondeu a uma alteração com significado estatístico. Na análise comparativa entre estes dois músculos (longo dorsal e reto abdominal), verificou-se que diferentes sujeitos têm formas distintas de os solicitar, podendo-se dividir os participantes entre os que durante a performance apresentaram um maior grau atividade no reto abdominal e que simultaneamente diminuíram a do longo dorsal (eretor da espinha) e os que apresentavam o comportamento inverso. Os resultados desde trabalho sugerem a hipótese de existir dois padrões biomecânicos distintos para garantir a velocidade de ar necessária (comumente designada de “suporte de ar”) na performance do trompete: um padrão mais à custa do uso dos músculos expiratórios, como é o reto abdominal, e o outro ativando mais os paravertebrais provocando assim uma postura em hiperlordose - o que origina uma maior tensão abdominal que ajudaria ao “suporte de ar”.