Entre o doméstico e o urbano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva Leite, João
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Serpa, Filipa
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://revistas.rcaap.pt/cct/article/view/30462
Resumo: O espaço público é a estrutura, o esqueleto espacial da cidade (Sòla-Morales, 1997). É o lugar de partilha, de encontro do colectivo (Gehl, 1971), da liberdade democrática; é o espaço que sedimenta o habitat urbano. Ainda assim, é no espaço limite entre público e privado que se estabelecem algumas tensões espaciais que configuram o modo como vivemos a cidade. A habitação comum é, por outro lado, a matéria construída que dá, silenciosamente, corpo à estrutura da cidade, face ao protagonismo do espaço público (Monteys, 2013; Serpa, 2015). É sobre os espaços in between que tendências actuais de pensamento arquitectónico reflectem sobre o valor da ambiguidade espacial enquanto produtora de porosidades que reconfiguram os limites e os modos de apropriação e permanência no espaço público e privado (Monteys, 2010), recuperando a memória conceptual da planta de Roma de Nolli (1748). Os espaços de transição surgem como complemento, por um lado ao espaço público reinterpretando reflexões teóricas apontadas no Movimento Moderno e pelo grupo Team 10 na década de 1960 (Hetzberger, 1991), por outro lado ao espaço privado, como prolongamento da casa, redefinindo os limites da domesticidade (PLOT 50, 2019).   O artigo procura, então, reflectir sobre a relevância dos espaços de transição em edifícios habitacionais colectivos e como estes podem contribuir para a construção de sistemas de continuidade espacial entre o urbano e o doméstico. Tendo como enquadramento Portugal e os casos desenvolvidos em projectos de investigação como “Tipologia Edificada” e “Entre Habitação e Cidade”, pretende-se decompor morfologicamente os sistemas de permanência e distribuição (Boettger, 2014) de edifícios de habitação, interpretando-os como um limiar espesso onde se habita (Van Eyck, 1962). Procura-se abrir o debate na produção arquitectónica sobre a importância destes sistemas como dispositivos de transição, mas também, enquanto estruturas de articulação e dilatação do espaço público (Schmid, 2019) e doméstico que activam o habitat, tornando-o mais integrado e contínuo.
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